A 2ª edição da “Mostra Mulheres Mágicas: Reinvenções da Bruxa no Cinema” realizada pelo Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte, até 20 de maio, promove três sessões voltadas para o público infantil, todas gratuitas. Com as sessões, a curadoria pretende desconstruir esse imaginário coletivo e desmistificar a ideia equivocada de que a bruxa é má.
“O primeiro ponto é discutir com as crianças, a partir do filme apresentando, o termo bruxa, que historicamente foi usado para acusar mulheres sábias de perversas ou más por natureza. O segundo ponto é falar das bruxas que fogem desse estereótipo, elas são mais humanizadas, protetoras das florestas e da natureza, como acontece no filme Malévola (2014), releitura do conto de fadas “A Bela Adormecida””, explica a curadora Tatiana Mitre.
No sábado, 4 de maio, às 14h, acontece a primeira sessão infantil. Serão exibidos os filmes A Fada do Repolho, de Alice Guy (1896/1900), e o clássico Branca de Neve e os Sete Anões (1937), de David Hand, Perce Pearce, William Cottrell, Larry Morey, Wilfred Jackson e Ben Sharpsteen.
Programado para ser exibido todas as sessões infantis da edição, o filme “A Fada do Repolho”, de um minuto, é considerado o primeiro filme dirigido por uma mulher e um dos primeiros de ficção narrativa na história do cinema. A narrativa apresenta um conto fantástico sobre uma fada que colhe bebês que brotam de pés de repolho. Já o clássico Branca de Neve e os Sete Anões, que também compõe a última sessão, é considerado o primeiro longa-metragem de animação produzido nos Estados Unidos. Transformou a história do cinema ao utilizar, pioneiramente, a técnica de desenho à mão. Branca de Neve é uma princesa órfã, que vive com sua malvada e vaidosa madrasta, que a obriga a trabalhar como criada no castelo. Quando seu Espelho Mágico diz que Branca de Neve havia lhe superado em beleza, a Rainha Má ordena que seu Caçador leve a princesa à floresta para matá-la, e exige, como prova, que ele lhe traga o seu coração. O Caçador, porém, não tem coragem de completar a tarefa, e implora que Branca de Neve fuja sem jamais olhar para trás. Depois de uma noite assustadora, a princesa consegue encontrar, com a ajuda de bondosos animais, uma casa de campo, onde ela não sabe que vivem sete anões.
Para Tatiana, a representação da figura da bruxa na tradição literária e, consequentemente, no cinema, especialmente nos contos de fadas infantis sempre contribuíram para a construção do imaginário infantil da bruxa como maldosa, velha, feia, trajadas com roupas escuras, verrugas no rosto e nariz pontudo. “Escolher o filme A Branca de Neve e os Sete Anões é trazer o repertório da bruxa má dos contos clássicos da literatura infantil. Já A Fada do Repolho, trazemos para a mostra pela importância histórica. Este é considerado o primeiro filme dirigido por uma mulher e um dos primeiros de ficção narrativa. Além disso, ele trás a fada, personagem considerada como a antítese positiva da bruxa “, explica.
Na sequência da programação para os pequenos, no sábado, 11 de maio, “A Fada do Repolho”, que antecede a exibição Malévola, de Robert Stromberg. Interpretada por Angelina Jolie, Malévola é uma releitura do conto de fadas da Bela Adormecida do ponto de vista da vilã: a bruxa Malévola. Desde pequena, a garota com chifres e asas mantém a paz entre os dois reinos, até se apaixonar pelo garoto Stefan, que eventualmente a abandona. A garota torna-se então uma mulher vingativa e amarga que decide amaldiçoar a filha recém-nascida de Stefan, Aurora (Elle Fanning). Aos poucos, no entanto, Malévola começa a desenvolver sentimentos de amizade em relação à jovem e pura Aurora.
Já na sessão, do sábado, 17 de maio, o público terá um bate-papo com a curadora Tatiana Mitre após a exibição de “A Fada do Repolho” e “Branca de Neve e os Sete Anões”.
“Tem sido uma troca muito linda e rica com as crianças e de forma lúdica, trazemos reflexões importantes sobre a figura da bruxa. As crianças falam dos medos, mas também dos encantamentos que sentem”, finaliza.
Além das sessões gratuitas destinadas às crianças, outras sessões a preço popular apresentam programação livre como os filmes Rami Rami Kirani, de Lira Mawapai HuniKuin e Luciana Tira HuniKuin, e O Serviço de Entregas da Kiki. Há também sessões organizadas para crianças acima de 12 anos podem participar. Entre eles Yaaba, de Idrissa Ouédraogo; A paixão de Joana D’arc, de Carl Theodor Dreyer; Casei-me com uma feiticeira, de René Clair.
Sobre a Mostra
A Mostra, inédita em BH, acontece até o dia 20 de maio e leva ao público as diferentes formas de representação dos corpos e saberes femininos através de um conjunto de 28 obras de várias épocas, países e modos de realização. Ainda haverá debates com especialistas, catálogo e oficina gratuitos. Os ingressos das sessões serão vendidos a preços populares (R$10 inteira e R$5 meia) pelo site ccbb.com.br/bh e na bilheteria do CCBB BH. Para mais informações, acesse: www.mulheresmagicas.com e ccbb.com.br/bh.
Com curadoria de Carla Italiano, Juliana Gusman e Tatiana Mitre, a programação percorre a iconografia clássica das mulheres “más”, passando pelas histórias de perseguição no período medieval e no alvorecer da idade moderna, até o resgate da bruxa como símbolo de empoderamento feminino na passagem para o século XXI. A programação traz filmes de diferentes gêneros, transitando entre ficção, documentário, experimental e performance, e de diferentes países, como Alemanha, França, México, Nigéria, Reino Unido, Rússia, Estados Unidos, Brasil e outros.
Bruxas chegam a BH – A primeira edição da mostra aconteceu em 2022 nos CCBBs Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. A 2ª edição já passou, neste ano, por Brasília e São Paulo. Juliana Gusman fala sobre a expectativa da chegada da mostra pela primeira vez ao CCBB Belo Horizonte, cidade das curadoras. “Estamos bastante animadas que as bruxas estão chegando também em BH, que é, enfim, a nossa cidade. A programação busca trazer a complexidade e a riqueza da figura da bruxa, pensando em suas imagens mais clássicas, mas também naquelas que provocam noções consolidadas do que são as mulheres mágicas. A ideia é desafiar o próprio conceito de bruxa (e também de mulher), então a gente espera que o público belo-horizontino possa aproveitar as reflexões que serão provocadas”, explica.
Segundo a curadora Carla Italiano, os filmes se dividem em dois eixos temáticos: “o primeiro revisita o imaginário clássico das bruxas, enquanto o segundo apresenta suas reinvenções contemporâneas, com destaque para obras de cineastas mulheres e perspectivas feministas”.
O primeiro eixo da programação, intitulado Lado A – “A bruxa através dos tempos: imagens clássicas”, conta com títulos como Casei-me com uma Feiticeira (1942), do renomado diretor René Clair, e A Bruxa (2015), que se destacou em várias premiações independentes. Tatiana Mitre pontua que “a intenção desse segmento é mostrar os tropos que formaram o arquétipo da bruxa no cinema”. Por sua vez, o segundo eixo, o Lado B – “Bruxas contemporâneas: corpos indomáveis saberes ancestrais”, busca reunir filmes que expandem a ideia de mulheres mágicas e apresentam perspectivas críticas. Entre eles estão os longas Retrato de uma Jovem em Chamas (2019), vencedor do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes e Orlando, Minha Biografia Política, adaptação de uma das obras mais conceituadas da escritora inglesa Virginia Woolf. Durante as quatro semanas, haverá ainda sessões de filmes infantis, como o clássico Branca de Neve e os Sete Anões (1937), O Serviço de Entregas da Kiki (1989), e Malévola (2014).
Oficina gratuita- No dia 18 de maio, sábado, às 14h, a professora e pesquisadora Roberta Veiga conduzirá a oficina gratuita “Como o feminismo e a bruxaria se enlaçam: por um inventário cinematográfico de feitiços e feiticeiras”. No curso será traçada uma história das bruxas no cinema, que será a todo tempo atravessada e perturbada por uma perspectiva feminista. A ideia é construir um inventário com cenas, performances e imagens, desses filmes-arquivos da mostra, assim como de outras obras da primeira mostra Mulheres Mágicas e para além do cinema, de modo a estabelecer um diagrama tipológico dessa figura. Pessoas acima de 12 anos poderão se inscrever através de formulário no site e redes sociais da mostra.
On-line para todo o Brasil – A 2ª edição da “Mostra Mulheres Mágicas: Reinvenções da Bruxa no Cinema” também contará com uma programação on-line entre os dias 26 de abril e 05 de maio. Os filmes Rami Rami Kirani, de Lira Mawapai HuniKuin e Luciana Tira HuniKuin (2024), e Para Sempre Condenadas, de Su Friedrich (1987), estarão disponíveis gratuitamente para todo Brasil no site http://www.mulheresmagicas.com.
Circuito Liberdade
O CCBB BH é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas.
SERVIÇO
Mostra Mulheres Mágicas: Reinvenções da Bruxa no Cinema
Data: Até 20 de maio – De quarta a segunda. Horários de acordo com a programação.
Local: Teatro II Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários, Belo Horizonte – MG, 30140-010)
Classificação indicativa: de Livre a 16 anos. Consultar programação.
Ingressos: R$10 inteira / R$5 meia, disponíveis no site ccbb.com.br/bh e na bilheteria do CCBB BH
SITE E REDES
Site: www.mulheresmagicas.com
Canal Youtube Mostra Mulheres Mágicas: https://www.youtube.com/channel/UCLyLzFaBcGSLHC-p8FAV1rg
Instagram: @mostramulheresmagicas/ https://www.instagram.com/mostramulheresmagicas/
Facebook: @mostramulheresmagicas / https://www.facebook.com/mostramulheresmagicas
Twitter: @mostramulheresmagicas
REALIZAÇÃO DA MOSTRA
Realização: Amarillo Produção Audiovisuais
Coordenação geral: Carla Italiano e Tatiana Mitre
Curadoria: Carla Italiano, Juliana Gusman e Tatiana Mitre
Para mais informações: Para a imprensa: Mulheres Mágicas Release completo com programação: https://bit.ly/releaseMulheresMágicasCCBBBH |
PROGRAMAÇÃO
Mostra Mulheres Mágicas: Reinvenções da Bruxa no Cinema – 2ª Edição
04 maio – Sábado
14h SESSÃO INFANTIL GRATUITA (dublada) | Livre
A Fada do Repolho, de Alice Guy (1896/1900, 1 min, França)
Branca de Neve e os Sete Anões, de David Hand, Perce Pearce, William Cottrell, Larry Morey, Wilfred Jackson e Ben Sharpsteen (1937, 83 min, EUA)
11 maio – Sábado
14h SESSÃO INFANTIL GRATUITA (dublada) | 10 anos
A Fada do Repolho, de Alice Guy (1896/1900, 1 min, França)
Malévola, de Robert Stromberg (2014, 97 min, EUA)
18h Casei-me com uma Feiticeira, de René Clair (1942, 76 min, EUA) | 12 anos (a preço popular)
17 maio – Sexta
14h SESSÃO INFANTIL GRATUITA (dublada) | Livre
A Fada do Repolho, de Alice Guy (1896/1900, 1 min, França)
Branca de Neve e os Sete Anões, de David Hand, Perce Pearce, William Cottrell, Larry Morey, Wilfred Jackson e Ben Sharpsteen (1937, 83 min, EUA)
*Seguido de bate-papo com Tatiana Mitre
19 maio – Domingo
15h O Serviço de Entregas da Kiki, de Hayao Miyazaki (1989, 103 min, Japão) | Livre (a preço popular)