Está em cartaz no Sesc Palladium a exposição “O céu nos seus olhos”, que tem curadoria de Flaviana Lasan e produção da Pública. A mostra coletiva reúne os artistas Dri Sant’ana, Glicéria Tupinambá, Tiago Gualberto e Shima que apresentam obras produzidas em estúdio e também criadas especialmente para o espaço.
Nos dias 7 e 8/10 acontecem também no Sesc Palladium oficinas com os artistas Dri Santana e Shima. As inscrições podem ser feitas pelo Sympla.
Oficina construção de silhuetas, dança e movimento (07/10) – DRI SANTANA
Muzenza na nação Angola ou Yawô na nação Ketu, são os iniciados na religião do Candomblé. Se apresentam com suas vestes brancas, seus corpos curvados para
frente e cabeças baixas em gesto de respeito aos mais velhos. Os traços se transformaram em gestos através de desenhos com caneta branca sobreapel cartão e ganharam o ar através da dança traduzida nos tecidos, conectando-os do Orun ao Ayê.
Neste trabalho há uma brincadeira do branco com o preto, onde a ausência de um preenche o espaço, sugerindo marcas e desenhos vistos na forma e contraforma do
trabalho. Podemos imaginar e criar outras imagens a partir dessa técnica. Nesta oficina trabalharemos com a primeira técnica desenvolvida para a criação da obra Muzenza
Yawô, através do recorte e construção das imagens com cores e contrastes, criaremos formas que dançam e ocupam o lugar no espaço.
Participantes: até 25 pessoas
Classificação: a partir de 07 anos (crianças menores podem participar
acompanhadas dos responsáveis)
Duração: 02 horas
Materiais: Papel fantasia cores sortidas, cartolinas, lápis grafite, lápis de cor, borracha, tesoura, cola, canetas hidrocor e giz de cera
Inscrição: https://www.sympla.com.br/evento/oficina-de-silhueta-danca-e-movimento-com-dri-santana/2145701
Oficina Dobras e Desenhos (08/10) -SHIMA
Nesta oficina vamos abordar a técnica de Origami, que é estruturada em dois tipos de dobra: Montanha e Vale. Construindo e desconstruindo modelos clássicos desta técnica de dobradura japonesa, analisaremos as estruturas geométricas gravadas por suas dobras, revelando a técnica das obras “Entre Montanhas e Vales: Geometria do Vôo”, presentes na mostra.
Participantes: 15 pessoas (duas turmas)
Classificação: Livre
Duração: 1 horas e 30 minutos
Materiais: papel A3 branco, 100 folhas (canson ou cartolina), canetinha hidrocor ou marcador (2 caixas)
Inscrição: https://www.sympla.com.br/evento/oficina-de-origami-e-desenhos-com-shima/2145719
Sobre a exposição
A exposição apresenta artistas de diferentes cosmovisões e com individualidades que transcrevem uma contra hegemonia, convidando o público a reconhecer outras constelações. A curadora da exposição, para sistematizar/simular uma acessibilidade cultural, apresenta em “O céu nos seus olhos” uma maneira de pensar os infinitos modos de vida, trazendo a condição de constelação. “Este agrupamento de estrelas difere em formas a partir de quem as vê. O céu está presente todo tempo. É sobre o ato de observar e absorver, mesmo ignorando-o, esteve e estará sempre lá”, reflete Flaviana Lasan.
Os trabalhos dos quatro artistas dialogam entre si e com essa constelação. Glicéria Tupinambá (BA) traz a obra “O céu tupinambá – o caminho da anta”, instalação site specific que representa a visão Tupinambá sobre o céu. O que é possível aprender com o céu? “Quando criança eu ouvia dizer que os encantados vinham pelo ramo das estrelas e que era necessário olhar para o céu para saber se ia chover, quanto tempo a chuva ia durar. Então para tudo isso os mais velhos mandam olhar para o céu. Eu não entendia… Eu olhava as estrelas e não entendia que elas diminuem o brilho e aquele diminuir do brilho delas simboliza que ia chover. Quando eu consegui entender que as estrelas tinham essa ligação com o nosso território e com nossos saberes, eu resolvi retomar esse conhecimento. Porque é importante não só retomar o nome, mas a função que elas tem.”, conta Glicéria Tupinambá.
Dri Sant’ana (MG) apresenta a obra “A dança – Muzenza/ Iawô”. A artista aborda especificamente temas relacionados à religiosidade afro-brasileira, e grande parte dos conceitos religiosos tem como elemento o céu. Na exposição, a artista imagina uma constelação dos corpos a partir da condição de quem dança na umbanda/candomblé, tal qual identificando que o corpo brilha ao se expressar. “Assim como a dança da Muzenza/Yawô para que a divindade chegue e permita a iniciação de um filho”, diz a artista. O trabalho apresentado é traçado em algodão cru referenciando os tecidos usados nas religiões de matriz africana.
Tiago Gualberto (MG) exibe as obras “Dots”, 2014; “3-3-3-3-7”, 2013 e “Árvore do Esquecimento”, 2012. Aqui a constelação é vista a partir do projeto da racialidade. Afinal, socialmente, os grupos racializados se agrupam para um levante de tomada dos espaços. As imagens que Tiago traz envolvem, nesse sentido, a própria técnica como aparato imagético de uma leitura cosmológica: constelação é feita de linhas e pontos.
Shima (MG) apresenta um desdobramento da sua série “Entre Montanhas e Vales: Geometria do Vôo” Trazendo a narrativa japonesa e principalmente a popular utilização de origamis na concepção de aviões. A obra de Shima aborda aquilo que passa pelo céu, não só na construção de aviões, mas a ligação do termo voo no sentido de alcance desse espaço. Acessar o céu é possível somente pelo vôo?
A exposição “O céu nos seus olhos” tem produção da Pública, agência de arte mineira especializada em projetos de arte pública e que está na idealização de alguns importantes festivais de Minas Gerais como o CURA e a Festa da Luz. A exposição faz parte do programa Sesc Desvios do Sesc Palladium.
Serviço:
“O céu nos seus olhos”
Local: Sesc Palladium
Av. Augusto de Lima, 420. Centro.
Período da exposição: 08/08 a 19/10
Ficha técnica:
Curadoria: Flaviana Lasan
Artistas: Dri Sant’ana, Glicéria Tupinambá, Tiago Gualberto e Shima
Coordenação de montagem e execução expográfica: Débora Tavares e Denismar do Nascimento
Produção executiva: Lola Peroni
Identidade visual: Paulo Mendonça
Consultoria e montagem de luz: Regelles Queiroz
Realização: Sesc Palladium e Pública