Constelações: maneiras de pensar os infinitos modos de vida
Na próxima quinta-feira (05/10) acontece uma Roda de Conversa com a curadora e os artistas da exposição “O Céu Nos Seus Ohos”, em cartaz no Sesc Palladium. O encontro é gratuito e acontece no próprio Sesc Palladiu, as 19h30. É preciso retirar ingresso pelo link: https://www.sympla.com.br/evento/roda-de-conversa-o-ceu-nos-seus-olhos/2145589
Sobre o encontro
Identificando a cultura como uma síntese hierárquica, pois é determinada por poderes e tem localização, trânsito na revelação de uma performance cultural. A cultura pode ser performada para que seja acessada; ela tem autoria, tempo e agência. Se discute cultura como algo a acessar e não uma condição inerente em todo ser. Se discute o que é cultura e o que não é. Dentro disso, para sistematizar/simular uma acessibilidade cultural, fornecer uma maneira de pensar os infinitos modos de vida, provoca-se a condição de ‘constelação’. Este agrupamento de estrelas difere em formas a partir de quem as vê. A constelação enquanto cultura é pública. Todo mundo tem um céu diante de si, todos podem observar à sua maneira, de acordo com suas experiências e necessidades e este todo não é somente humano. Os artistas e acuradoria irão dialogar sobre a presença do céu e sobre o ato de observar e absorver.
Das variadas licenças poéticas, a partir da exposição “O céu nos seus olhos”, exercitam-se os locais da constelação. Ela pode estar em nós; ela pode surgir nas linhas de voo, pode ser emulada nas grafias e na referenciação de processos sociais. Dentro da sociedade, dentro da ecologia, se formam constelações.
Participantes:
Mediadora: Flaviana Lasan é licenciada em artes visuais – UEMG e pós-graduada em Ensino de História e América Latina – UNILA. Investiga a história da arte produzida por mulheres e metodologias do ensino de arte nos movimentos sociais, atravessados pelo mercado de arte.
Com: Dri Santana, Flaviana Lasan, Glicéria Tupinambá, Tiago Gualberto, Shima
Sobre a exposição
Com curadoria de Flaviana Lasan e produção da Pública, a mostra reúne os artistas Dri Sant’ana, Glicéria Tupinambá, Tiago Gualberto e Shima que apresentam obras produzidas em estúdio e também criadas especialmente para o espaço.
A exposição apresenta artistas de diferentes cosmovisões e com individualidades que transcrevem uma contra hegemonia, convidando o público a reconhecer outras constelações. A curadora da exposição, para sistematizar/simular uma acessibilidade cultural, apresenta em “O céu nos seus olhos” uma maneira de pensar os infinitos modos de vida, trazendo a condição de constelação. “Este agrupamento de estrelas difere em formas a partir de quem as vê. O céu está presente todo tempo. É sobre o ato de observar e absorver, mesmo ignorando-o, esteve e estará sempre lá”, reflete Flaviana Lasan.
Os trabalhos dos quatro artistas dialogam entre si e com essa constelação. Glicéria Tupinambá (BA) traz a obra “O céu tupinambá – o caminho da anta”, instalação site specific que representa a visão Tupinambá sobre o céu. O que é possível aprender com o céu? “Quando criança eu ouvia dizer que os encantados vinham pelo ramo das estrelas e que era necessário olhar para o céu para saber se ia chover, quanto tempo a chuva ia durar. Então para tudo isso os mais velhos mandam olhar para o céu. Eu não entendia… Eu olhava as estrelas e não entendia que elas diminuem o brilho e aquele diminuir do brilho delas simboliza que ia chover. Quando eu consegui entender que as estrelas tinham essa ligação com o nosso território e com nossos saberes, eu resolvi retomar esse conhecimento. Porque é importante não só retomar o nome, mas a função que elas tem.”, conta Glicéria Tupinambá.
Dri Sant’ana (MG) apresenta a obra “A dança – Muzenza/ Iawô”. A artista aborda especificamente temas relacionados à religiosidade afro-brasileira, e grande parte dos conceitos religiosos tem como elemento o céu. Na exposição, a artista imagina uma constelação dos corpos a partir da condição de quem dança na umbanda/candomblé, tal qual identificando que o corpo brilha ao se expressar. “Assim como a dança da Muzenza/Yawô para que a divindade chegue e permita a iniciação de um filho”, diz a artista. O trabalho apresentado é traçado em algodão cru referenciando os tecidos usados nas religiões de matriz africana.
Tiago Gualberto (MG) exibe as obras “Dots”, 2014; “3-3-3-3-7”, 2013 e “Árvore do Esquecimento”, 2012. Aqui a constelação é vista a partir do projeto da racialidade. Afinal, socialmente, os grupos racializados se agrupam para um levante de tomada dos espaços. As imagens que Tiago traz envolvem, nesse sentido, a própria técnica como aparato imagético de uma leitura cosmológica: constelação é feita de linhas e pontos.
Shima (MG) apresenta um desdobramento da sua série “Entre Montanhas e Vales: Geometria do Vôo” Trazendo a narrativa japonesa e principalmente a popular utilização de origamis na concepção de aviões. A obra de Shima aborda aquilo que passa pelo céu, não só na construção de aviões, mas a ligação do termo voo no sentido de alcance desse espaço. Acessar o céu é possível somente pelo vôo?
A exposição “O céu nos seus olhos” tem produção da Pública, agência de arte mineira especializada em projetos de arte pública e que está na idealização de alguns importantes festivais de Minas Gerais como o CURA e a Festa da Luz. A exposição faz parte do programa Sesc Desvios do Sesc Palladium.
Serviço:
Local: Sesc Palladium
Av. Augusto de Lima, 420. Centro.
Período da exposição: até 19/10
Ficha técnica:
Curadoria: Flaviana Lasan
Artistas: Dri Sant’ana, Glicéria Tupinambá, Tiago Gualberto e Shima
Coordenação de montagem e execução expográfica: Débora Tavares e Denismar do Nascimento
Produção executiva: Lola Peroni
Identidade visual: Paulo Mendonça
Consultoria e montagem de luz: Regelles Queiroz
Realização: Sesc Palladium e Pública