Como parte das comemorações dos 125 anos de nascimento de Francis Poulenc, o talentosíssimo jovem pianista brasileiro Lucas Thomazinho interpreta o Concerto para piano do compositor francês. O regente norte-americano John Axelrod faz sua estreia com a Filarmônica de Minas Gerais dirigindo duas obras emblemáticas do Romantismo: o poema sinfônico Os Prelúdios de Liszt e a renomada Sinfonia em ré de César Franck. As apresentações serão nos 21 e 22 de novembro, às 20h30, na Sala Minas Gerais. Os ingressos estão à venda no site www.filarmonica.art.br e na bilheteria da Sala, a partir de R$ 39,60 (inteira).
Este projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Inter, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Apoio: Circuito Liberdade e Programa Amigos da Filarmônica. Realização: Instituto Cultural Filarmônica, Secretaria Estadual de Cultura e Turismo de MG, Governo de Minas Gerais, Funarte, Ministério da Cultura e Governo Federal.
John Axelrod, regente convidado
Em quase três décadas de carreira, John Axelrod já colaborou com mais de 175 orquestras e estreou mais de sessenta obras inéditas. Conhecido por seu amplo repertório e pelo estilo carismático, Axelrod recebeu, em 2020, um prêmio especial do International Classical Music Awards em reconhecimento ao seu trabalho. Em 2023, foi eleito Diretor Musical e Regente Titular da Orquestra Nacional Suíça (SNO), e, desde 2022, mantém também o posto de Regente Titular da Sinfônica de Bucareste. Anteriormente, ocupou cargos equivalentes nas sinfônicas de Kyoto, Sevilha, Milão e outras. Colabora frequentemente com importantes orquestras europeias, como a Sinfônica da Rádio de Berlim (RSB), a Orquestra do Gewandhaus de Leipzig, a Filarmonica della Scala, a Orchestre de Paris e a Camerata Salzburg. Nos Estados Unidos, apresentou-se com a Sinfônica de Chicago, a Filarmônica de Los Angeles e outras. Entre suas gravações, destacam-se o ciclo de sinfonias de Brahms com a Sinfônica de Milão e as duas versões da Quarta Sinfonia de Schubert com a Sinfônica de Bucareste. Nascido nos Estados Unidos e naturalizado na Suíça, Axelrod formou-se pela Universidade de Harvard em 1988. Estudou com Ilya Musin no Conservatório de São Petersburgo e foi aluno de Leonard Bernstein e Christoph Eschenbach. Em 2024, Axelrod se apresenta pela primeira vez com a Filarmônica de Minas Gerais.
Lucas Thomazinho, piano
Nos últimos anos, Lucas Thomazinho tem se consolidado como um dos principais pianistas da cena musical brasileira. Atuou como solista com as principais orquestras do país e dividiu o palco com maestros renomados, incluindo Marin Alsop, Roberto Minczuk, Neil Thomson e Fabio Mechetti. Recebeu prêmios no Brasil e no exterior, com destaque para o Finalist Prize na 19ª Competição Internacional de Piano Santander (Espanha). Nascido em 1995, Thomazinho foi bolsista na Fundação Magda Tagliaferro e formou-se Bacharel em Piano pela USP, sob orientação de Eduardo Monteiro. Em 2021, concluiu o mestrado em Performance Arts pelo Conservatório de New England (Boston), onde foi aluno de Wha Kyung Byun e Alessio Bax. Recebeu da Funarte o Prêmio RespirArte 2020 por Prelúdio, composição de sua autoria para piano solo. Atualmente, trabalha na gravação das obras completas para piano do compositor gaúcho Dimitri Cervo e das sonatas de Francisco Mignone para piano e violino, estas em parceria com Emmanuele Baldini. Thomazinho se apresentou pela primeira vez com a Filarmônica de Minas Gerais em outubro de 2010. Na Temporada 2024, será acompanhado pelos nossos músicos na estreia do maestro John Axelrod na Sala Minas Gerais, homenageando os 125 anos de Poulenc.
Repertório
Franz Liszt (Doborján, hoje Raiding, Áustria, 1811 – Bayreuth, Alemanha, 1886) e a obra Os Prelúdios, Poema Sinfônico nº 3 (1848)
Aos 35 anos, para dedicar-se mais à composição, o lendário concertista Franz Liszt fixou-se em Weimar, transformando a pequena cidade em um dos centros musicais mais influentes da Europa. Nesse período entre 1848 e 1861, Liszt escreveu doze poemas sinfônicos que, segundo o próprio, não buscavam retratar musicalmente os enredos poéticos escolhidos, mas sim externar os sentimentos que tais assuntos lhe suscitavam. Sob esse aspecto, seguiu a orientação de Beethoven para a Sinfonia Pastoral: “Mais sentimento do que pintura”. Em sua maioria, são peças reflexivas, experimentais, inquietantes.
O esboço de Les préludes (“Os Prelúdios”) remonta a 1845, inicialmente planejado como abertura coral para o ciclo Les quatre élémens (“Os Quatro Elementos”). O mais célebre dos poemas sinfônicos de Liszt só ganharia sua forma independente e definitiva em 1853, com o título inspirado nas Nouvelles Méditations Poétiques de Alphonse de Lamartine. O famoso prefácio literário afixado à partitura foi escrito por sua companheira, a princesa Carolyne zu Sayn-Wittgenstein: “Que é nossa vida, senão uma série de prelúdios para aquele canto desconhecido, do qual a morte faz soar a primeira e solene nota?”.
Na lenta e misteriosa introdução, em uníssono das cordas, ouve-se o motivo gerador, uma célula de três notas. O Andante maestoso enuncia o poderoso tema principal, em Dó maior. A constante variação de andamentos a seguir – Allegro; Tempestuoso; Pastorale; Marziale – parece acompanhar os diferentes prelúdios que compõem a vida humana: a felicidade, a inquietude, a serenidade, as lutas… No final, a reprise do tema principal brilhantemente orquestrado leva a uma gloriosa conclusão, numa afirmação das forças da vida sobre a morte. A obra estreou em Weimar, no dia 23 de fevereiro de 1854, sob a regência do próprio Liszt.
Francis Poulenc (Paris, França, 1899 – 1963) e a obra Concerto para piano (1949)
Francis Poulenc recebeu uma formação geral clássica e, na música, foi aluno de Charles Koechlin e do grande pianista espanhol Ricardo Viñes. Como compositor, integrou uma geração de artistas que representou, na França, a recusa do impressionismo, assim como o gosto pela utilização de elementos do music hall e do jazz.
A música de Poulenc é, em geral, leve, clara, de harmonias requintadas. Ele pode ser decididamente urbano, parisiense em sua inspiração, como outras vezes voltado para reminiscências do campo. Extremamente feliz ao utilizar textos poéticos (Apollinaire, Max Jacob, Éluard etc.), sua contribuição à música vocal francesa está entre os momentos mais altos de sua obra. Na música de câmara, deixou algumas joias, como as três sonatas com piano; na música cênica, explorou a veia cômica e satírica em Os seios de Tirésias; na música coral, demonstrou seu lado sinceramente religioso, como exemplificado nas Litanias à Virgem Negra e em seu Stabat Mater. Excelente pianista, também escreveu muito para seu instrumento. A música sinfônica não foi objeto de seu particular interesse, porém utilizou com frequência as formas concertantes, como em seus cinco concertos: para piano, para órgão, para cravo (Concerto Campestre), para dois pianos e o Aubade (um concerto coreográfico para piano e 18 instrumentos).
Escrito em 1949 para uma turnê nos Estados Unidos, o Concerto para piano de Poulenc consegue fundir a sua expressividade vanguardista de juventude com a serenidade dos anos maduros. É um divertissement, descomprometido e brilhante em seus três breves movimentos, cheio da espontaneidade característica do autor. O próprio Poulenc foi solista na estreia do Concerto em janeiro de 1950, com a Sinfônica de Boston, sob a regência de Charles Munch.
César Franck (Liège, Bélgica, 1822 – Paris, França, 1890) e a obra Sinfonia em ré menor (1886/1888)
Tímido e avesso aos palcos, César Franck levava uma vida metódica como organista da Basílica de Sainte-Clotilde, em Paris. Profundamente religioso, exercia seu trabalho como uma missão; dava aulas particulares e compunha, sobretudo, obras corais e peças para órgão, instrumento transformado em confidente cotidiano. Sua inigualável maestria de intérprete e improvisador traduzia-se na gratidão dos fiéis e dos músicos que frequentavam a igreja para ouvi-lo, entre eles, Franz Liszt, seu admirador incondicional.
Aos cinquenta anos, Franck foi nomeado professor de órgão pelo Conservatório de Paris. Era o começo de um reconhecimento público tardio e que só se consolidou após sua morte. Em seus últimos anos, Franck tornou-se extremamente meditativo, meticuloso e exigente como compositor: dedicava-se de cada vez a um gênero para, nele, lapidar apenas uma e definitiva obra-prima. Assim surgiram o Quinteto para piano e cordas (1879), as Variações Sinfônicas (1885), o Quarteto de cordas em Ré maior (1889), a Sonata para violino e piano (1886) e a Sinfonia em ré menor (1888). A importância histórica dessas obras é enorme – elas foram decisivas para a mudança do cenário musical parisiense, indiferente ou até hostil à música instrumental sinfônica e camerística.
Sob tal aspecto, a Sinfonia de Franck marca um ponto culminante na renovação da música orquestral francesa do final do século XIX. Foi elaborada dentro dos princípios cíclicos – a semelhança entre os motivos intervalares e rítmicos dos temas de todos os movimentos cria uma sintonia entre as seções, dando maior unidade à composição. Na segunda parte do primeiro movimento, os violinos e as madeiras agudas apresentam um dos temas mais marcantes da obra, o qual se convencionou chamar “Motivo da fé”. A rica orquestração e a tonalidade de Ré maior levam a Sinfonia a uma conclusão grandiosa, repleta de alegria.
Filarmônica de Minas Gerais
Série Allegro
21 de novembro – 20h30
Sala Minas Gerais
Série Vivace
22 de novembro – 20h30
Sala Minas Gerais
John Axelrod, regente convidado
Lucas Thomazinho, piano
LISZT Os Prelúdios, Poema Sinfônico nº 3
POULENC Concerto para piano
FRANCK Sinfonia em ré menor
INGRESSOS:
R$ 39,60 (Mezanino), R$ 50 (Coro), R$ 50 (Terraço), R$ 72 (Balcão Palco), R$ 92 (Balcão Lateral), R$ 124 (Plateia Central), R$ 160 (Balcão Principal) e R$ 180 (Camarote).
Ingressos para Coro e Terraço serão comercializados somente após a venda dos demais setores.
Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.
Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br
Bilheteria da Sala Minas Gerais
Horário de funcionamento
Dias sem concerto:
3ª a 6ª — 12h a 20h
Sábado — 12h a 18h
Em dias de concerto, o horário da bilheteria é diferente:
— 12h a 22h — quando o concerto é durante a semana
— 12h a 20h — quando o concerto é no sábado
— 09h a 13h — quando o concerto é no domingo
São aceitos:
- Cartões das bandeiras American Express, Elo, Mastercard e Visa
- Pix
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais foi fundada em 2008 e tornou-se referência no Brasil e no mundo por sua excelência artística e vigorosa programação.
Conduzida pelo seu Diretor Artístico e Regente Titular, Fabio Mechetti, a Orquestra é composta por 90 músicos de todas as partes do Brasil, Europa, Ásia e das Américas.
O grupo recebeu numerosos menções e prêmios, sendo o mais recente o Prêmio Concerto 2023 na categoria Música Orquestral, por duas apresentações realizadas no Festival de Inverno de Campos do Jordão, SP. A Orquestra já havia recebido o Grande Prêmio da Revista CONCERTO em 2020 e 2015, o Prêmio Carlos Gomes de Melhor Orquestra Brasileira em 2012 e o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA) em 2010 como o Melhor Grupo de Música Clássica do Ano.
Suas apresentações regulares acontecem na Sala Minas Gerais, em Belo Horizonte, em cinco séries de assinatura em que são interpretadas grandes obras do repertório sinfônico, com convidados de destaque no cenário da música orquestral. Tendo a aproximação com novos ouvintes como um de seus nortes artísticos, a Orquestra também traz à cidade uma sólida programação gratuita – são os Concertos para a Juventude, Filarmônica na Praça, os Concertos de Câmara e os concertos de encerramento do Festival Tinta Fresca e do Laboratório de Regência. Para as crianças e adolescentes, a Filarmônica dedica os Concertos Didáticos, em que mostra os primeiros passos para apreciar a música de concerto.
A Orquestra possui 18 álbuns gravados e disponíveis nas plataformas de streaming, entre eles quatro que integram o projeto Brasil em Concerto, do selo internacional Naxos junto ao Itamaraty. O álbum Almeida Prado – obras para piano e orquestra, com Fabio Mechetti e Sonia Rubinsky, foi indicado ao Grammy Latino 2020.
Ainda em 2020, a Filarmônica inaugurou seu próprio estúdio de TV para a realização de transmissões ao vivo de seus concertos, totalizando hoje mais de 100 concertos transmitidos em seu canal no YouTube, onde se podem encontrar diversos outros conteúdos sobre a orquestra e a música de concerto.
A Filarmônica realiza também diversas apresentações por cidades do interior mineiro e capitais do Brasil, tendo se apresentado também na Argentina e Uruguai. Em celebração ao bicentenário da Independência do Brasil, em 2022, realizou uma turnê a Portugal, apresentando-se nas principais salas de concertos do país nas cidades do Porto, Lisboa e Coimbra, além de um concerto a céu aberto, no Jardim da Torre de Belém, como parte da programação do Festival Lisboa na Rua, promovido pela Prefeitura de Lisboa.
A sede da Filarmônica, a Sala Minas Gerais, foi inaugurada em 2015, sendo uma referência pelo seu projeto arquitetônico e acústico. Considerada uma das principais salas de concertos da América Latina, recebe anualmente um público médio de 100 mil pessoas.
A Filarmônica de Minas Gerais é uma das iniciativas culturais mais bem-sucedidas do país. Juntas, Sala Minas Gerais e Filarmônica vêm transformando a capital mineira em polo da música sinfônica nacional e internacional, com reflexos positivos em outras áreas, como, por exemplo, turismo e relações de comércio internacional.
Os números da Filarmônica (2008 a julho/2024)
1.607.631 espectadores
1.279 concertos realizados
1.431 obras interpretadas
127 concertos em turnês estaduais
42 concertos em turnês nacionais
9 concertos em turnê internacional
101 concertos transmitidos ao vivo
606 notas de programa publicadas no site
1 coleção com 3 livros e 1 DVD sobre o universo orquestral
4 exposições itinerantes e multimeios sobre música clássica
18 álbuns lançados e disponíveis nas plataformas de streaming
1 Indicação ao Grammy Latino 2020 (CD Almeida Prado – Obras para piano e orquestra – Categoria de Melhor Álbum Clássico)
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