“Bordas não brotam do nada” é o nome da primeira exposição em 2024 da Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas, e a primeira do fotógrafo Daniel Moreira no referido espaço. Serão exibidas 44 fotografias, coloridas e P&B, em formatos variados, retiradas de seu livro homônimo, algumas nunca apresentadas, e uma videoinstalação inédita. “São fotografias produzidas ao longo de 15 anos pelas bordas, margens e a periferia do Brasil”, explica o fotógrafo. A exposição tem curadoria do fotógrafo, mestre em comunicação e curador independente Eder Chiodetto e pode ser visitada entre os dias 1º/5 e 30/6, de terça a sábado, das 10h às 20h. Domingos e feriados, das 11h às 19h. A classificação é livre e a entrada é franca. A exposição conta com patrocínio do Instituto Unimed-BH. Mais que uma exposição de imagens eterniz
adas por meio de captura analógica, as fotografias produzidas por Daniel Moreira, que é artista e diretor do espaço cultural Viaduto das Artes, no Barreiro, possuem caráter humanista. “A proliferação de imagens me incomoda. Uma foto boa qualquer pessoa pode fazer mas, produzir uma imagem que diz algo é mais difícil. Há um silêncio, uma conversa sem palavras entre o fotógrafo e o fotografado que resulta na imagem criada”, revela Daniel Moreira. E está aí o diferencial da obra do artista, que tem como pesquisa a problemática da sociedade brasileira, tecendo críticas ao sistema para levar ao público narrativas de resistências e modos de vida pautados na luta para viver em comunidade. Segundo Eder Chiodetto, curador da exposição, Daniel consegue algo muito importante na produção fotográfica. “Em suas imagens há empatia, doçura e o olho no olho. As pessoas abrem e mostram suas casas para Daniel, ficam entregues, inteiras. Dessa forma, ele quebra a fronteira entre o documental e o experimental, transformando suas fotos em documentos/arte”, afirma. Afetiva, forte, um convite para ouvir histórias, são observações que Chiodetto atribui às imagens de Daniel. “O trabalho tem tudo para ser um manifesto revoltado sobre questões sociais. Mas vai para o lado da candura, da superação e do direito de sonhar seu lugar no mundo”, diz o curador. “As minhas fotografias são preenchidas por relações aparentemente antagônicas, em que situações melancólicas têm lugar ao lado da empatia e da beleza do gesto”, conta Daniel Moreira. Sendo assim, o fotógrafo, ao produzir a imagem, não interfere no entorno do ambiente fotografado. ” A mostra é um convite a refletir sobre a vida dos brasileiros, não fala sobre sofrimento”, ressalta o artista. Produzidas no Vale das Ocupações, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, e na BR-381, conhecida como rodovia da morte, no trecho que interliga Minas Gerais aos estados da Bahia e Espírito Santo, as imagens refletem paisagens e pessoas que estão à margem de grandes centros comerciais. O projeto curatorial de Chiodetto, expõe as fotos a altura do olhar dos visitantes, promovendo a experiência do olho no olho entre o apreciador e o personagem da obra. “Um dos meus maiores prazeres é pensar o espaço, e observando a Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas eu pude repensar o suporte fotográfico. As pessoas vão olhar diretamente nos olhos dos personagens das obras, que estarão cara a cara com o visitante”, atesta.
Daniel diz que o trabalho do artista é uma tentativa constante de refletir sobre a sociedade e os percalços da vida. “Nós artistas, interiorizamos nossas vivências com o intuito de tentar compreender o mundo e posteriormente externamos a nossa compreensão de mundo por meio da arte”, reflete o artista.
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Exposição Bordas não brotam do nada, de Daniel Moreira
Daniel Moreira, fotógrafo e artista visual, expõe no Centro Cultural Unimed-BH Minas