De nome múltiplo e mil formas de preparo, a mandioca é muito mais que um ingrediente: é símbolo de cultura, memória e reinvenção. Celebrada no dia 22 de abril, essa raiz que atravessa o Brasil do Norte ao Sul também é protagonista de receitas autorais e pratos cheios de história em Belo Horizonte.
Na Cozinha Santo Antônio, a chef Ju Duarte presta homenagens à mandioca com criações que resgatam o passado e olham para o futuro. O prato Maria da Cruz, por exemplo, leva carne meia cura, milho, mandioca, pequi e requeijão moreno e é inspirado em Maria da Cruz, mulher que liderou comerciantes em motim contra a Coroa portuguesa no século XVIII. “Me encanta a versatilidade dessa danada, quantos jeitos diferentes a gente tem de comer a mandioca: purinha, cozida ou frita, nas inúmeras farinhas e nas infinitas farofas, na tapioca e no sagu, no pão de queijo e no dadinho, no tucupi e no arubé, no bolo e no bolinho, no mingau, no pirão e nos pirões”, diz a chef.
Na Polvilha, a chef Fabi Martins aposta em um único produto: o bolo de pão de queijo. Mas não se engane com a simplicidade da proposta. A receita é resultado de testes e aprimoramentos com o polvilho – esse subproduto da mandioca que é rei na mesa mineira. Assado em formas altas e servido em fatias, o bolo combina a textura aerada do pão de queijo com a crocância leve das bordas. Um jeito original de reafirmar que tradição e inovação podem caminhar juntas, sem excessos e sem firulas.
Já a chef Agnes Farkasvolgyi costuma destacar a mandioca em receitas pensadas para diferentes ocasiões. No fim de ano, publicou uma farofa com farinha de mandioca, castanhas e frutas secas que atravessa bem qualquer estação – https://www.instagram.com/agnesfarkasvolgyi/reel/DEAPcwOxSr2/. No menu fixo de seu bistrô, A Casa da Agnes, a raiz também aparece em versões contemporâneas e afetivas, como os Dadinhos de tapioca e o sagu aromatizado com açaí – um clássico das sobremesas brasileiras que ganha novos ares com cuidado no preparo e apresentação delicada.
Entre o bolinho frito e o pirão fumegante, a farinha de mesa e o bolo de festa, a mandioca continua sendo elo entre territórios, tradições e afetos. E merece, sempre, ser celebrada.