Assim como na Itália e Alemanha nos séculos XVIII e XIX, a França apresentou célebres expressões do gênero operístico. A regente convidada Simone Menezes faz sua estreia com a Filarmônica de Minas Gerais, guiando o público pela vasta gama de emoções e cores que nos proporcionaram alguns dos mais relevantes compositores franceses: Hector Berlioz, Charles Gounod, Jules Massenet, Jacques Offenbach e Camille Saint-Saëns. A apresentação será no dia 29 de junho, às 18h, na Sala Minas Gerais, na programação da série Fora de Série, que neste ano destaca o papel da orquestra na arte operística. Os ingressos estão à venda no site www.filarmonica.art.br e na bilheteria da Sala, a partir de R$ 39,60 (inteira).
Este projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais, com patrocínio da Porto Seguro e Prodemge, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Apoio: Circuito Liberdade e Programa Amigos da Filarmônica. Realização: Instituto Cultural Filarmônica, Secretaria Estadual de Cultura e Turismo de MG, Governo de Minas Gerais, Ministério da Cultura e Governo Federal.
Simone Menezes, regente convidada
Regente brasileira que vem ganhando destaque em palcos europeus, Simone Menezes iniciou seus estudos na Unicamp e os concluiu na Escola Normal Superior de Paris, tendo sido pupila de Paavo Järvi e Claudio Cruz. Entre 2008 e 2012, foi Diretora Musical e Regente Titular da Orquestra Sinfônica da Unicamp e colaboradora frequente da Orquestra Jovem do Estado de São Paulo. Em 2016, muda-se para França e funda o Ensemble K, conjunto camerístico com o qual lançou dois álbuns. Desde então, Menezes tem atuado com grandes orquestras, como a Filarmônica de Los Angeles, a Sinfônica da BBC da Escócia, a Philharmonia e outras. Em 2023, seu filme Metanoia ganhou o prêmio de melhor documentário pelo International Classical Music Awards. No mesmo ano, lançou o disco Amazônia pela Alpha Classics, um projeto com obras de Heitor Villa-Lobos e Philip Glass realizado em colaboração com o fotógrafo Sebastião Salgado. Menezes foi integrante da segunda turma do Laboratório de Regência da Filarmônica, projeto orientado pelo maestro Fabio Mechetti. Em 2024, faz sua estreia como nossa regente convidada em um programa todo dedicado à ópera francesa.
Repertório
A ópera sempre trilhou caminhos muito próprios na França, adaptando tendências estrangeiras ao gosto de suas plateias e propondo abordagens originais.
Isso se deve tanto ao perfil inovador de alguns de seus principais compositores, como Rameau, Berlioz e Debussy, quanto a um forte sentimento nacionalista que, em diversos momentos, impôs resistência àquilo que vinha de fora. Essa postura protecionista teve grande impacto nas primeiras décadas da produção operística em terras francesas, que começou um tanto tardiamente em relação a Alemanha e Inglaterra, por exemplo, que começaram a importar a nova arte do drama cantado da Itália desde o início do século XVII.
Um marco fundamental na história da ópera na França foi a criação daquela que se tornaria a principal companhia do país, a Academia Real de Música, hoje conhecida como Ópera Nacional de Paris, em 1669, pelo “Rei Sol” Luís XIV. Para evitar que a cultura nacional se contaminasse em excesso de influências estrangeiras, o monarca instituiu uma regulamentação determinando quem poderia e quem não poderia realizar as montagens, quais compositores poderiam ser tocados, entre outros fatores. Por isso, até o final do século XVIII, pode-se dizer que as casas de ópera francesas funcionaram de maneira quase exclusiva para apresentações das tragédies lyriques de um único compositor: Jean-Baptiste Lully. Por conta desse monopólio criativo assegurado pela coroa, mas também graças ao seu talento excepcional, Lully estabeleceu de partida uma linguagem singular à ópera francesa, cujas principais características são o canto menos floreado, ações dramáticas mais objetivas e a presença constante de elementos do balé – desde sempre, um gênero muito querido pelo público local.
Outra marca registrada do drama lírico na França são os espetáculos pomposos e com alto valor de produção. O apreço pela grandiosidade já era bastante visível nas montagens da realeza, mas ganha novo caráter à luz das intensas transformações políticas e socioculturais encadeadas durante o período revolucionário. Para adequá-las às preferências da rica burguesia emergente, a partir da década de 1830, as óperas na França ganham efeitos cênicos mais tecnológicos e figurinos extravagantes, além de orquestras imensas e textos com alto teor de sentimentalismo. É a fase do grand-ópera e do pré-Romantismo, cujo principal expoente foi Giacomo Meyerbeer.
O programa deste concerto, por sua vez, dá um passo adiante na cronologia e apresenta compositores brilhantes que definiram a música francesa na segunda metade do século XIX. Suas obras bebem dessa tradição nacional fortemente estabelecida desde Lully, ao mesmo tempo em que experimentam novas estéticas que se mostrariam muito influentes nos anos vindouros.
Abrimos a noite com três peças de Hector Berlioz, gênio visionário, muitas vezes incompreendido por seus contemporâneos, capaz de imprimir em suas partituras a sensibilidade literária e o espírito livre que tanto lhe eram caros. Inspirada na Eneida de Virgílio, Os Troianos é a sua ópera mais imponente, com duas partes, cinco atos e mais de quatro horas e meia de duração. Dela, ouviremos a “Marcha Troiana” que encerra o Ato I e a Abertura. Também teremos a Abertura de Beatriz e Benedito, cujo libreto toma como referência Muito barulho por nada, clássica comédia de Shakespeare.
Assim como Berlioz, Charles Gounod era um grande admirador de Shakespeare, e, em 1867, entregou ao mundo sua bela adaptação operística da trágica história de Romeu e Julieta. Seu maior sucesso, porém, veio de outro texto clássico da literatura europeia: o Fausto de Goethe (curiosamente também adaptado por Berlioz em A danação de Fausto, de 1849). A versão de Gounod, com suas melodias inesquecíveis e sua sensualidade, permanece a mais popular do repertório desde a sua estreia, em 1859. “Música de balé” reúne trechos de suas principais danças e é um demonstrativo perfeito da relação íntima que ópera e balé desenvolveram nos palcos franceses.
Apesar de seus trabalhos não serem tão executados nos dias de hoje, Jules Massenet foi o mais bem-sucedido compositor de óperas na França desse período, ao lado de Georges Bizet. Para um breve panorama de sua produção, selecionamos trechos de três criações suas: a Abertura de Chérubin, inspirada no personagem homônimo de As bodas de Fígaro, de Mozart; a “Meditação” de Thais, com seu lindo e delicado solo de violino; e o Prelúdio do segundo ato de Manon, para muitos, a obra-prima de Massenet.
Também originada das melhores páginas da literatura romântica germânica, Os contos de Hoffmann é uma das duas óperas longas escritas por Jacques Offenbach, conhecido principalmente por suas mais de noventa operetas, entre elas a satírica Orfeu no Inferno. Sua interpretação das histórias de E.T.A. Hoffmann são um belo exemplo do opéra-lyrique francês, um estilo situado entre a pompa do grand-opéra e a leveza descompromissada do opéra-comique.
Encerramos o concerto com um dos mais versáteis e autênticos compositores do período. De Camille Saint-Saëns, conheceremos a rara Abertura de Spartacus, peça que ficou perdida por muitos anos e só foi redescoberta na década de 1990. E, como gran finale, a enérgica e transgressora dança “Bacanal” de Sansão e Dalila, uma síntese contagiante do estilo francês de apreciar ópera.
Programa
Filarmônica de Minas Gerais
Fora de Série – Ópera Francesa
29 de junho – 18h
Sala Minas Gerais
Simone Menezes, regente convidada
BERLIOZ Os Troianos: Marcha Troiana
BERLIOZ Os Troianos: Abertura
BERLIOZ Beatriz e Benedito: Abertura
GOUNOD Fausto: Música de balé
MASSENET Chérubin: Abertura
MASSENET Thais: Meditação
MASSENET Manon: Prelúdio
OFFENBACH Os contos de Hoffmann: Intermezzo e Barcarola
SAINT-SAËNS Spartacus: Abertura
SAINT-SAËNS Sansão e Dalila: Bacanal
INGRESSOS:
R$ 39,60 (Mezanino), R$ 50 (Coro), R$ 50 (Terraço), R$ 72 (Balcão Palco), R$ 92 (Balcão Lateral), R$ 124 (Plateia Central), R$ 160 (Balcão Principal) e R$ 180 (Camarote).
Ingressos para Coro e Terraço serão comercializados somente após a venda dos demais setores.
Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.
Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br
Bilheteria da Sala Minas Gerais
Horário de funcionamento
Dias sem concerto:
3ª a 6ª — 12h a 20h
Sábado — 12h a 18h
Em dias de concerto, o horário da bilheteria é diferente:
— 12h a 22h — quando o concerto é durante a semana
— 12h a 20h — quando o concerto é no sábado
— 09h a 13h — quando o concerto é no domingo
São aceitos:
- Cartões das bandeiras Elo, Mastercard e Visa
- Pix
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais foi fundada em 2008 e tornou-se referência no Brasil e no mundo por sua excelência artística e vigorosa programação.
Conduzida pelo seu Diretor Artístico e Regente Titular, Fabio Mechetti, a Orquestra é composta por 90 músicos de todas as partes do Brasil, Europa, Ásia e das Américas.
O grupo recebeu numerosos menções e prêmios, sendo o mais recente o Prêmio Concerto 2023 na categoria Música Orquestral, por duas apresentações realizadas no Festival de Inverno de Campos do Jordão, SP. A Orquestra já havia recebido o Grande Prêmio da Revista CONCERTO em 2020 e 2015, o Prêmio Carlos Gomes de Melhor Orquestra Brasileira em 2012 e o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA) em 2010 como o Melhor Grupo de Música Clássica do Ano.
Suas apresentações regulares acontecem na Sala Minas Gerais, em Belo Horizonte, em cinco séries de assinatura em que são interpretadas grandes obras do repertório sinfônico, com convidados de destaque no cenário da música orquestral. Tendo a aproximação com novos ouvintes como um de seus nortes artísticos, a Orquestra também traz à cidade uma sólida programação gratuita – são os Concertos para a Juventude, Filarmônica na Praça, os Concertos de Câmara e os concertos de encerramento do Festival Tinta Fresca e do Laboratório de Regência. Para as crianças e adolescentes, a Filarmônica dedica os Concertos Didáticos, em que mostra os primeiros passos para apreciar a música de concerto.
A Orquestra possui 13 álbuns gravados, entre eles quatro que integram o projeto Brasil em Concerto, do selo internacional Naxos junto ao Itamaraty. O álbum Almeida Prado – obras para piano e orquestra, com Fabio Mechetti e Sonia Rubinsky, foi indicado ao Grammy Latino 2020.
Ainda em 2020, a Filarmônica inaugurou seu próprio estúdio de TV para a realização de transmissões ao vivo de seus concertos, totalizando hoje mais de 80 concertos transmitidos em seu canal no YouTube, onde se podem encontrar diversos outros conteúdos sobre a orquestra e a música de concerto.
A Filarmônica realiza também diversas apresentações por cidades do interior mineiro e capitais do Brasil, tendo se apresentado também na Argentina e Uruguai. Em celebração ao bicentenário da Independência do Brasil, em 2022, realizou uma turnê a Portugal, apresentando-se nas principais salas de concertos do país nas cidades do Porto, Lisboa e Coimbra, além de um concerto a céu aberto, no Jardim da Torre de Belém, como parte da programação do Festival Lisboa na Rua, promovido pela Prefeitura de Lisboa.
A sede da Filarmônica, a Sala Minas Gerais, foi inaugurada em 2015, sendo uma referência pelo seu projeto arquitetônico e acústico. Considerada uma das principais salas de concertos da América Latina, recebe anualmente um público médio de 100 mil pessoas.
A Filarmônica de Minas Gerais é uma das iniciativas culturais mais bem-sucedidas do país. Juntas, Sala Minas Gerais e Filarmônica vêm transformando a capital mineira em polo da música sinfônica nacional e internacional, com reflexos positivos em outras áreas, como, por exemplo, turismo e relações de comércio internacional.
Os números da Filarmônica (2008 a dezembro/2023)
1.543.738 espectadores
1.231 concertos realizados
1.360 obras interpretadas
126 concertos em turnês estaduais
42 concertos em turnês nacionais
9 concertos em turnê internacional
94 concertos transmitidos ao vivo
606 notas de programa publicadas no site
231 webfilmes publicados
1 coleção com 3 livros e 1 DVD sobre o universo orquestral
4 exposições itinerantes e multimeios sobre música clássica
13 CDs lançados
1 Indicação ao Grammy Latino 2020 (CD Almeida Prado – Obras para piano e orquestra – Categoria de Melhor Álbum Clássico)