A Companhia de Dança Deborah Colker retornou ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro para comemorar seu trigésimo aniversário. O palco, onde tudo começou, recebeu desta vez a estreia de “Sagração”. Na versão concebida e dirigida por Deborah Colker, a música clássica de Stravinsky encontra ritmos brasileiros no espetáculo inspirado por visões ancestrais sobre a origem do mundo. Com apresentação do Ministério da Cultura e Bradesco Seguros e patrocínio da Petrobrás, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, a Companhia dá início à temporada de apresentações de 2024 com a turnê celebrativa dos seus 30 anos.
O Palco Instituto Unimed-BH recebe a montagem em duas únicas apresentações em Belo Horizonte, nos dias 31 de agosto e 1º de setembro, sábado às 21h e domingo às 19h, no Grande Teatro do Sesc Palladium. No dia 30 de agosto, sexta, às 15h, acontecerá uma apresentação social, gratuita, exclusiva para alunos e professores das redes públicas de ensino e integrantes de projetos sócio-culturais.
Ao longo de seus 30 anos, a Companhia de Dança Deborah Colker já realizou mais de duas mil apresentações, em mais de 100 cidades, de 32 países, totalizando um público de cerca de 3,5 milhões de pessoas. “Ao longo desses anos, assistimos e participamos de muitas transformações na cultura, na política e na economia. Chegamos até aqui porque temos este espírito de evolução, que é um tema muito precioso para o novo espetáculo”, avalia o diretor executivo João Elias, que em 1994 fundou a companhia de dança com Deborah Colker.
O processo criativo de “Sagração” durou dois anos e meio. O espetáculo é uma livre adaptação de “A Sagração da Primavera”, obra composta pelo russo Igor Stravinsky, que ganhou projeção mundial pela montagem estreada em Paris em 1913, com coreografia de Vaslav Nijinsky e produção de Sergei Diaghilev para os Ballets Russes. A composição musical é considerada revolucionária por introduzir estruturas rítmicas e harmônicas nunca antes utilizadas em partituras. “Quando decidi recontar esse clássico, pensei que teria de ser a partir da cosmovisão de povos originários do Brasil”, lembra Deborah, que também é pianista. “Stravinsky foi responsável por pontos de ruptura e provocação entre o erudito e o primitivo. ‘A Sagração da Primavera’ representa esses pontos de evolução da humanidade”.
Foi em uma viagem para o Xingu, durante o Kuarup, e no encontro com as aldeias indígenas Kalapalo e Kuikuro, que Deborah conheceu Takumã Kuikuro. O cineasta contou a ela como o povo do chão recebeu o fogo do Urubu Rei. Essa história é dançada e acompanhada por narração do próprio Takumã e faz parte da coleção de cosmogonias que a diretora reuniu para montar a dramaturgia do espetáculo. “Tudo só poderia ter começado com uma mulher. Uma avó. A avó do mundo”, conclui Deborah, que, na companhia de Nilton Bonder, revisitou a mitologia judaico-cristã. Do livro “Gênesis”, as passagens sobre Eva e a serpente e sobre Abraão ganham cenas que destacam momentos de ruptura. “São dois mitos que elaboram sobre a consciência humana: pela autonomia de uma mulher que desperta para caminhos interditados e transgride; e de um homem que sai da sua casa e cultura em direção a si mesmo”, destaca o dramaturgo. Além das alegorias bíblicas, a coreógrafa também buscou referências na literatura científica.
“A versão mais recente da nossa espécie é a Homo sapiens que, assim como outros seres, precisa se adaptar constantemente”, pontua Deborah, destacando a presença das personagens que representam bactérias, herbívoros e quadrúpedes no espetáculo. “Nossa dramaturgia é feita da poesia presente em mitos e teorias que pensam a existência da vida em nosso planeta”. A coreógrafa, em parceria com o diretor musical Alexandre Elias, introduziu à partitura instrumental de Stravinsky a sonoridade pujante das florestas e ritmos brasileiros.
Boi bumbá, coco, afoxé e samba foram introduzidos à criação de Stravinsky. Aos acordes de instrumentos de orquestra, o diretor musical adicionou flauta de madeira, maracá, caxixi e tambores. Os paus de chuva também entram em cena no arranjo executado ao vivo pelos bailarinos. Para Alexandre Elias, “foi um privilégio trabalhar profundamente na estrutura da obra”.
Ficha técnica
Criação, Direção e Dramaturgia DEBORAH COLKER . Direção Executiva JOÃO ELIAS . Direção Musical ALEXANDRE ELIAS . Direção de Arte GRINGO CARDIA . Dramaturgia NILTON BONDER . Figurinos CLAUDIA KOPKE . Desenho de Luz BETO BRUEL . Fotografia FLÁVIO COLKER
Em Belo Horizonte, a temporada de “Sagração” integra a programação do Palco Instituto Unimed-BH 2024 que é apresentado pelo Ministério da Cultura e pelo Instituto Unimed-BH, por meio do patrocínio de mais de 5,6 mil médicos cooperados e colaboradores, produção executiva da Pólobh, correalização do Sesc em Minas, patrocínio da CNH | New Holland Construction e da LCM Construção, apoio da Mip Engenharia e Convaço e parceria de mídia com a CDL FM, Fredizak, Jornal O Tempo, Soubh e Zanzar Mídia.
“Palco Instituto Unimed-BH”
O projeto Palco Instituto Unimed-BH traz em sua programação aos palcos de Belo Horizonte um painel bem diversificado do que está sendo produzido pelas artes cênicas no Brasil e no mundo. O projeto é uma iniciativa da Pólobh, produtora sediada em Belo Horizonte, MG, tem patrocínio do Instituto Unimed-BH, viabilizado por mais de 5,6 mil médicos cooperados e colaboradores, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Sobre o Instituto Unimed-BH
O Instituto Unimed-BH completou 20 anos em 2023. A associação sem fins lucrativos foi criada em 2003 e, desde então, desenvolve projetos socioculturais e socioambientais visando à formação da cidadania, estimulando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, fomentando a economia criativa, valorizando espaços públicos e o meio ambiente. Ao longo de sua história, o Instituto destinou cerca de R$ 190 milhões por meio das leis de incentivo municipal e federal, fundos do idoso e da criança e do adolescente, com o apoio de mais de 5,6 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. Em 2023, mais de 20 mil postos de trabalho foram gerados e 2 milhões de pessoas foram alcançadas por meio de projetos em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.
SERVIÇO:
“Sagração”
Companhia de Dança Deborah Colker
31 de agosto e 1º de setembro (sábado às 21h e domingo às 19h)
Grande Teatro do Sesc Palladium
(Rua Rio de Janeiro, 1046, Centro – BH/MG)
Classificação: Livre | Duração: 70 minutos
Ingressos pela Sympla ou na bilheteria do teatro
VALORES:
Plateia I: R$ 160,00 (Inteira) e R$ 80,00 (Meia Entrada)
Plateia II: R$ 130,00 (Inteira) e R$ 65,00 (Meia Entrada)
Ingressos Populares: R$ 39,60 (Inteira) e R$ 19,80 (Meia Entrada)