As séries Presto e Veloce da Filarmônica de Minas Gerais se encerram com três homenagens deste ano de 2024, nos dias 5 e 6 de dezembro, às 20h30, na Sala Minas Gerais. A orquestra comemora os 80 anos da compositora brasileira Marisa Rezende (Rio de janeiro, 1944) com sua obra Fragmentos. Os 150 anos do revolucionário Arnold Schoenberg serão celebrados com sua maravilhosa obra escrita para cordas Noite Transfigurada. Com uma formação grandiosa e brilhante, a Filarmônica conclui a temporada com uma viagem interplanetária sem paralelo, homenageando os 150 anos de Gustav Holst. A regência é do maestro Fabio Mechetti, Diretor Artístico e Regente Titular da Filarmônica de Minas Gerais, com participação do Concentus Musicum de Belo Horizonte sob a regência de Iara Fricke Matte. Os ingressos estão à venda no site www.filarmonica.art.br e na bilheteria da Sala, a partir de R$ 39,60 (inteira).
Este projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais, conta com o patrocínio do Itaú, da Rede e da Gasmig, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Apoio: Circuito Liberdade e Programa Amigos da Filarmônica. Realização: Instituto Cultural Filarmônica, Secretaria Estadual de Cultura e Turismo de MG, Governo de Minas Gerais, Funarte, Ministério da Cultura e Governo Federal.
Maestro Fabio Mechetti, Diretor Artístico e Regente titular
Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro.
Ao ser convidado, em 2014, para o cargo de Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, Fabio Mechetti tornou-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática. Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica de Spokane.
Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.
Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.
Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Na Finlândia, dirigiu a Filarmônica de Tampere; na Itália, a Orquestra Sinfônica de Roma e a Orquestra do Ateneo em Milão; na Dinamarca, a Filarmônica de Odense; dirigiu a Sinfônica Nacional da Colômbia e estreou no Festival Casals com a Sinfônica de Porto Rico. Na Argentina, conduziu a Filarmônica do Teatro Colón, com a qual se apresentou novamente em 2024.
No Brasil, foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros. Fabio Mechetti é Mestre em Composição e em Regência pela Juilliard School de Nova York.
Concentus Musicum de Belo Horizonte
O Concentus Musicum de Belo Horizonte é um grupo vocal e instrumental que se dedica à interpretação e difusão de obras coloniais, barrocas, clássicas e renascentistas, bem como as de um seleto repertório contemporâneo. Idealizado pela regente Iara Fricke Matte, o grupo engloba três formações musicais distintas: o Coro Sinfônico, o Madrigal e a Orquestra Barroca, todas nascidas da parceria entre a regente, os músicos e o pianista e organista Hélcio Vaz. A estreia do Concentus aconteceu em dezembro de 2016 na Sala Minas Gerais, em uma apresentação do Réquiem de Mozart com a Filarmônica de Minas Gerais, o que deu início a uma frutífera parceria, com colaborações em todas as temporadas da Orquestra desde então. O Coro Sinfônico, formação que se apresenta com a Filarmônica no concerto desta noite, é composto por quarenta cantores e conta com preparação vocal de Eliseth Gomes.
Iara Fricke Matte, regente do coro
Regente coral e orquestral, Iara Fricke Matte dedica-se ao estudo e apresentação de peças dos períodos barroco, renascentista e contemporâneo, com destaque para obras corais a capella, sinfônico-corais e o repertório de Bach. Concluiu o mestrado em Regência Coral pela Universidade de Minnesota e o doutorado na mesma área pela Universidade de Indiana, ambas nos Estados Unidos. Desde 1997, é professora de regência na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Dentro da universidade, atuou como regente titular do coral Ars Nova entre 2013 e 2017, tendo realizado mais de noventa concertos no Brasil e no exterior. Atualmente ocupa os cargos de regente e coordenadora da Orquestra Sinfônica da UFMG. Em 2016, idealizou o Concentus Musicum de Belo Horizonte, que se tornou um importante parceiro da Filarmônica, com participação em todas as temporadas da orquestra desde então.
Repertório
Marisa Rezende (Rio de Janeiro, Brasil, 1944) e a obra Fragmentos (2015)
Uma das principais compositoras brasileiras da atualidade, Marisa Rezende ganhou notoriedade por seu estilo intimista e altamente pessoal, que emprega uma linguagem contemporânea, em diálogo com o pensamento de vanguarda, mas sem optar por radicalismos muito abrasivos. Suas obras geralmente privilegiam andamentos lentos e convidam o ouvinte a humores contemplativos, ou mesmo introspectivos, envolvendo-o em uma ambientação que está quase sempre permeada por algo de mistério.
Esse estilo, segundo a própria compositora, reflete o seu jeito de ser e a sua relação com o tempo. Em diversas entrevistas, Marisa comenta que aborda a composição como uma prática intuitiva, “como se estivesse sempre tateando no escuro” até encontrar algo, uma ideia a ser seguida, e dar-lhe forma. Seu opus 1, o Trio para oboé, trompa e piano, foi escrito em 1976, quando tinha 32 anos e já estava cursando o mestrado em Piano na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. A partir de então, deu início a uma produção espaçada, tecida em ritmo sereno, que tem se provado cada vez mais influente no cenário nacional.
Fragmentos, composta em 2015, é uma obra que traz consigo todas essas características, mas que talvez valorize mais outros dois aspectos também muito presentes na biografia de Marisa: o interesse plural e a atenção ao particular. Além de compositora, Marisa construiu, em paralelo, carreiras bem-sucedidas como professora, pesquisadora e pianista, algo que se reflete no modo como Fragmentos se desenha. Ao longo da peça, cada naipe e seus músicos recebem um pequeno fragmento de tempo e espaço, como o princípio de um solo, que pela brevidade do fragmento não chega a se consumar como tal, mas que oferece a todos um momento para demonstrar sua voz. E esses momentos se somam no decorrer da obra até a nota final, executada em uníssono, como um lembrete de que cada estrela possui seu brilho, e é no encontro que pode se formar uma constelação.
Arnold Schoenberg (Viena, Áustria, 1874 – Los Angeles, Estados Unidos, 1951) e a obra Noite Transfigurada, op. 4 (1899, orquestração 1917)
“Minha obra não ilustra nem ação nem drama, mas se limita a exprimir sentimentos humanos”. Ainda que Arnold Schoenberg tenha se referido dessa forma à Noite Transfigurada, é possível pensar na obra como uma espécie de drama sem palavras, perfeitamente articulado às cinco estrofes do poema homônimo de Richard Dehmel que lhe serve de inspiração.
O poema apresenta o diálogo de dois amantes durante uma caminhada à luz da lua. A mulher, com passos incertos, sob o peso da culpa, confessa uma gravidez, fruto de relacionamento anterior. Diante de seu “olhar sombrio”, que interroga “mergulhado na claridade”, o homem oferece mais que um consentimento. Assume a criança como filha, como fruto – agora nas palavras e interpretação de Schoenberg – “dos milagres da natureza, que transformaram essa noite trágica em noite transfigurada”.
Dois compositores estão muito presentes na Verklärte Nacht de Schoenberg: Wagner e Brahms. Do primeiro, o autor faz referência às possibilidades de “conceber temas e motivos enquanto entidades autônomas, o que permite sua superposição dissonante a certas harmonias”. Por isso, mesmo com a ambiência dissonante e a intrincada trama polifônica, a expressão exacerbada de sentimentos na peça arrebata o ouvinte. Além de Wagner, a presença brahmsiana é forte em aspectos como a estruturação melódica e harmônica, e se faz notar também pela observação schoenberguiana de “não economizar, não regatear quando a clareza exige mais espaço; levar cada figura às suas últimas consequências”.
Noite Transfigurada é uma das partituras emblemáticas do expressionismo em Música. Obra-prima inesgotável, que ainda tem muito a dizer. Escrita por Schoenberg aos 25 anos, com uma segurança de ofício admirável para um autodidata, é um dos grandes legados de um espírito inquieto e combativo que, a exemplo do argumento dessa Noite Transfigurada, era dotado de uma capacidade singular de superação.
Gustav Holst (Cheltenham, Inglaterra, 1874 – Los Angeles, Inglaterra, 1934) e a obra Os Planetas, op. 32 (1914-1916)
A obra Os Planetas foi concebida por Gustav Holst como uma sequência de movimentos contrastantes, inspirados nas características atribuídas pela Astrologia aos planetas do Sistema Solar e nos afetos das divindades greco-romanas associadas aos mesmos. Isso explica a ausência do planeta Terra, que é o ponto de referência da cosmologia antiga, geocêntrica. Alguns movimentos apresentam ostinatos pulsantes e marciais; outros são lentos e delicados; outros, ainda, são scherzos velozes e fluentes.
Há diferentes interpretações sobre a sequência escolhida pelo compositor para os movimentos. Uma delas sugere que a escolha partiu da distância dos planetas em relação à Terra. Nesse sentido, o ciclo refletiria as influências astrológicas dos planetas cada vez mais afastados. Haveria, entretanto, uma exceção, que é a ordem invertida entre Marte e Vênus, o que talvez se justifique por razões propriamente musicais: o caráter vigoroso de Marte é mais adequado para um início do que a calma e delicadeza de Vênus.
A primeira versão da peça foi instrumentada para dois pianos. A versão posterior, para grande orquestra, tornou-se mais conhecida. Holst, inclusive, se queixou, em diversas oportunidades, que a popularidade de Os Planetas eclipsava suas demais obras. A versão orquestral revela influências de compositores contemporâneos como Ravel, Stravinsky e Schoenberg no brilho dos timbres, nas dissonâncias e na rítmica pulsada e vigorosa. De Debussy, observa-se a influência do terceiro de seus Noturnos, “Sereias”, no último movimento, “Netuno, o místico”, com a presença do coro feminino.
A estreia de Os Planetas, em uma versão incompleta, se deu em um concerto privado em 1918, com regência de Adrian Boult. A primeira performance completa ocorreu em 1920, com direção de Albert Coates.
Filarmônica de Minas Gerais
Série Presto
5 de dezembro – 20h30
Sala Minas Gerais
Série Veloce
6 de dezembro – 20h30
Sala Minas Gerais
Fabio Mechetti, regente
Concentus Musicum de Belo Horizonte
Iara Fricke Matte, regente do coro
M. REZENDE Fragmentos
SCHOENBERG Noite Transfigurada, op. 4
HOLST Os Planetas, op. 32
INGRESSOS:
R$ 39,60 (Mezanino), R$ 50 (Coro), R$ 50 (Terraço), R$ 72 (Balcão Palco), R$ 92 (Balcão Lateral), R$ 124 (Plateia Central), R$ 160 (Balcão Principal) e R$ 180 (Camarote).
Ingressos para Coro e Terraço serão comercializados somente após a venda dos demais setores.
Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.
Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br
Bilheteria da Sala Minas Gerais
Horário de funcionamento
Dias sem concerto:
3ª a 6ª — 12h a 20h
Sábado — 12h a 18h
Em dias de concerto, o horário da bilheteria é diferente:
— 12h a 22h — quando o concerto é durante a semana
— 12h a 20h — quando o concerto é no sábado
— 09h a 13h — quando o concerto é no domingo
São aceitos:
- Cartões das bandeiras Elo, Mastercard e Visa
- Pix
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais foi fundada em 2008 e tornou-se referência no Brasil e no mundo por sua excelência artística e vigorosa programação.
Conduzida pelo seu Diretor Artístico e Regente Titular, Fabio Mechetti, a Orquestra é composta por 90 músicos de todas as partes do Brasil, Europa, Ásia e das Américas.
O grupo recebeu numerosos menções e prêmios, sendo o mais recente o Prêmio Concerto 2023 na categoria Música Orquestral, por duas apresentações realizadas no Festival de Inverno de Campos do Jordão, SP. A Orquestra já havia recebido o Grande Prêmio da Revista CONCERTO em 2020 e 2015, o Prêmio Carlos Gomes de Melhor Orquestra Brasileira em 2012 e o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA) em 2010 como o Melhor Grupo de Música Clássica do Ano.
Suas apresentações regulares acontecem na Sala Minas Gerais, em Belo Horizonte, em cinco séries de assinatura em que são interpretadas grandes obras do repertório sinfônico, com convidados de destaque no cenário da música orquestral. Tendo a aproximação com novos ouvintes como um de seus nortes artísticos, a Orquestra também traz à cidade uma sólida programação gratuita – são os Concertos para a Juventude, Filarmônica na Praça, os Concertos de Câmara e os concertos de encerramento do Festival Tinta Fresca e do Laboratório de Regência. Para as crianças e adolescentes, a Filarmônica dedica os Concertos Didáticos, em que mostra os primeiros passos para apreciar a música de concerto.
A Orquestra possui 18 álbuns gravados e disponíveis nas plataformas de streaming, entre eles quatro que integram o projeto Brasil em Concerto, do selo internacional Naxos junto ao Itamaraty. O álbum Almeida Prado – obras para piano e orquestra, com Fabio Mechetti e Sonia Rubinsky, foi indicado ao Grammy Latino 2020.
Ainda em 2020, a Filarmônica inaugurou seu próprio estúdio de TV para a realização de transmissões ao vivo de seus concertos, totalizando hoje mais de 100 concertos transmitidos em seu canal no YouTube, onde se podem encontrar diversos outros conteúdos sobre a orquestra e a música de concerto.
A Filarmônica realiza também diversas apresentações por cidades do interior mineiro e capitais do Brasil, tendo se apresentado também na Argentina e Uruguai. Em celebração ao bicentenário da Independência do Brasil, em 2022, realizou uma turnê a Portugal, apresentando-se nas principais salas de concertos do país nas cidades do Porto, Lisboa e Coimbra, além de um concerto a céu aberto, no Jardim da Torre de Belém, como parte da programação do Festival Lisboa na Rua, promovido pela Prefeitura de Lisboa.
A sede da Filarmônica, a Sala Minas Gerais, foi inaugurada em 2015, sendo uma referência pelo seu projeto arquitetônico e acústico. Considerada uma das principais salas de concertos da América Latina, recebe anualmente um público médio de 100 mil pessoas.
A Filarmônica de Minas Gerais é uma das iniciativas culturais mais bem-sucedidas do país. Juntas, Sala Minas Gerais e Filarmônica vêm transformando a capital mineira em polo da música sinfônica nacional e internacional, com reflexos positivos em outras áreas, como, por exemplo, turismo e relações de comércio internacional.
Os números da Filarmônica (2008 a julho/2024)
1.607.631 espectadores
1.279 concertos realizados
1.431 obras interpretadas
127 concertos em turnês estaduais
42 concertos em turnês nacionais
9 concertos em turnê internacional
101 concertos transmitidos ao vivo
606 notas de programa publicadas no site
1 coleção com 3 livros e 1 DVD sobre o universo orquestral
4 exposições itinerantes e multimeios sobre música clássica
18 álbuns lançados e disponíveis nas plataformas de streaming
1 Indicação ao Grammy Latino 2020 (CD Almeida Prado – Obras para piano e orquestra – Categoria de Melhor Álbum Clássico)