Sentar no chão, na porta da cozinha, e catar feijão. Essa cena de poesia faz parte da lembrança da chef Ju Duarte, da Cozinha Santo Antônio. Seu amor pelo feijão vem da infância, de uma época em que ela ainda tinha medo de panela de pressão!
Em seu restaurante, ela serve o feijão em pratos que trazem referência de várias partes do país: baião de dois, feijoada…. mas é no mineiríssimo tropeiro em que ele mais brilha. Desculpem os paulistas, que insistem em pegar para si o prato, mas como diz Eduardo Frieiro, o mais importante estudioso da gastronomia mineira, é possível reconhecer a cultura alimentar mineira na constância das preferências alimentares da população, e é aí que o tropeiro brilha.
Feijão tropeiro é sempre gostoso, mas certamente a escolha de ingredientes selecionados, artesanais, cultivados sem pressão dá outro gosto. Na Cozinha Santo Anônimo, o prato começa com a escolha do feijão, grão vermelho e graúdo. Depois chegam os defumados, a linguiça fresca e os torresmos. “Meu tropeiro é feito à moda da dona Zezé, minha mãe. Utilizamos o feijão vindo direto de produtores, graúdo e adocicado, os defumados da Beira Mato, a linguiça do Bebeto e os ovos caipira” conta Ju Duarte. “Eu adoro a mexida,, me enche de memórias e de poesia. Ver o feijão ganhando gosto e brilho com a gordura e se misturando com a cebola e o alho” completa a chef.
Alí o tropeiro é feito com menos farinha do que temos costume de ver por aí. Feijão cozido no ponto, banha para untar tudo. Ovos caipiras acrescentados ao final e o torresmo por cima pra não murchar. Segundo a chef, o mais importante é saber misturar, o gesto, o jeito de balançar a panela de quando em quando. Pra deixar o prato colorido: couve fininha e vinagrete. Um ovo frito pode ser pedido à parte.
Sobre a Cozinha Santo Antônio
Em uma esquina charmosa, em um dos bairros mais tradicionais da cidade, a Cozinha Santo Antônio chama atenção logo de cara pela arquitetura. Ao mesmo tempo mineira e cosmopolita, com garimpos e peças de design e uma imponente e acolhedora cozinha aberta.
Uma ótima tradução para a comida feita ali. “Estamos completamente conectados com as nossas origens e com a nossa história, mas temos os pés no presente e o olhar no futuro”, diz Juliana Duarte, que comanda tudo no espaço.
A Cozinha Santo Antônio tem por princípio o respeito à sazonalidade dos ingredientes, por isso o cardápio muda de acordo com o que se tem de mais fresco e gostoso para cozinhar. Os insumos são orgânicos, de origem e chegam através de pequenos produtores.
“Todo início de semana planejo o cardápio dos próximos dias com base no que os produtores têm disponível” conta Juliana. “Durante a semana os pratos são de uma comida mais caseira, que eu defino como sendo ‘que nem a da casa da gente’. No final de semana temos pratos mais elaborados e sempre há opção vegetariana. A comida varia de receitas de família bem mineiras a pratos da cozinha do mundo, como a francesa e a do Oriente Médio que eu gosto muito e estudo”, completa.
Serviço
Whatsapp: (31) 9-8218-6427
https://www.instagram.com/cozinha_santoantonio
Crédito:
Tropeiro/ Cozinha Santo Antônio
Ju Duarte