domingo, março 16, 2025
HomeEntretenimentoEstreia espetáculo Velocidade no CCBB BH com Quatroloscinco dir. Ricardo Alves...

Estreia espetáculo Velocidade no CCBB BH com Quatroloscinco dir. Ricardo Alves Júnior

Décima montagem da companhia parte de reflexão poética sobre a efemeridade da vida e a rapidez dos tempos. A direção é do ator Ítalo Laureano e do cineasta Ricardo Alves Júnior, e a dramaturgia, de Assis Benevenuto e Marcos Coletta. Fundada em 2007, a companhia é hoje um dos principais nomes do teatro mineiro, com nove espetáculos apresentados em 21 estados do Brasil, além de Cuba, Uruguai e Argentina. São ao todo dez espetáculos, 12 prêmios e 23 indicações.

Nos dias de hoje, e se fosse possível desacelerar o tempo? Esse é o ponto de partida de “Velocidade”, novo trabalho do Grupo Quatroloscinco Teatro do Comum, que estreia no dia 2 de janeiro, quinta-feira, no Teatro II do CCBB BH. A décima montagem da companhia sela mais uma vez a parceria com o cineasta Ricardo Alves Júnior, que assina a quarta direção do grupo, agora, ao lado do ator Ítalo Laureano. A peça cumpre temporada até 03/02, de sexta a segunda, sempre às 19h. Nos dias 11, 18 e 25/01, sábado, as sessões contam com intérprete de Libras, e no dia 01/02, com audiodescrição. Os ingressos custam R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia-entrada), com desconto de 50% para clientes Ourocard, e estarão à venda a partir do dia 25/12, na bilheteria física do CCBB BH e pelo site ccbb.com.br/bh.

 

Dentre as ações gratuitas no CCBB BH, o grupo oferece no dia 18/01, sábado, um bate-papo após o espetáculo, e uma oficina intitulada “A palavra em cena: habitar o texto”, que acontece nos dias 22 e 23/01, quarta e quinta, das 18 às 22h, no Teatro II. Com carga horária de oito horas e classificação indicativa de 16 anos, a proposta é investigar o trabalho do ator a partir do texto em cena: o manejo da palavra falada e suas diferentes camadas de sentido. Serão propostas leituras, exercícios de construção e desconstrução do texto falado e criação de micro cenas, tendo a palavra como ponto de partida. Com vinte vagas, a oficina é voltada a artistas profissionais ou em fase de formação e experimentação, estudantes de teatro e público geral interessado. As inscrições podem ser feitas até 19/01, domingo, mediante preenchimento do formulário: https://forms.gle/mkxTBuxeTBwQn8bc7.

 

Mais Informações pelo (31) 3431 9400, no site ccbb.com.br/bh ou nas redes sociais: instagram.com/ccbbbh | facebook.com/ccbbbh.

 

Este projeto é realizado com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura e da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Com apoio do Circuito Liberdade e do Governo de Minas. Copatrocínio de Grupo Automax, Supermix e Centro Cultural Banco do Brasil. Incentivo: Lei Municipal de Incentivo à Cultura e Prefeitura de Belo Horizonte. Realização: Ministério da Cultura e Governo Federal

 

Livro-poema-sonho

Como subverter o tempo e a velocidade das coisas a partir da arte? Essa reflexão, encontrada há dois anos pelo ator Marcos Coletta no texto “Notas sobre os doentes de velocidade”, da autora mexicana Vivian Abenshushan, se tornou o ponto de partida para o novo espetáculo do grupo. “Vivian discorre sobre a sociedade contemporânea, que tem estabelecido uma relação patológica com o tempo. Ela diz que a literatura e as artes são máquinas de desacelerar o tempo. Percebemos que a metáfora encaixava bem com o que queríamos dizer enquanto coletivo, neste momento da nossa trajetória”, conta.

 

Durante as pesquisas, Coletta conta que o grupo dialogou com outras referências, como o “Oráculo da Noite” do Sidarta Ribeiro, a música e os clipes da Laurie Anderson, textos de Paul Preciado e o filme “Poesia Sem Fim” de Alejandro Jodorowsky. “Também mergulhamos nos nossos sonhos pessoais e criamos uma dramaturgia que consideramos um livro-sonho-poema: não nos prendemos a uma história linear ou à lógica dramática. É uma peça mais onírica, poética, onde brincamos de acelerar e dilatar o tempo. Imagens que vem e vão, rastros de memória, lapsos de imagens que aparecem, memórias inventadas, memórias reais”, explica.

Para quem assistiu à montagem cine-teatral “Luz e Neblina” (2024) – última produção da trupe inspirada em “Noites de Cabíria” de Fellini, e dirigida por Ricardo Alves Júnior – pode se surpreender. Ao contrário do que já se espera de Ricardo: atores contracenando diretamente com projeções e grandes telas de cinema, caraterística essa que também aparece em “Tragédia” (2019), em “Velocidade”, o público vai entrar em contato com uma cena mais analógica e intimista, centrada na presença dos corpos dos atores.

“Mesmo que não tenha o uso de tela e câmera, a linguagem do audiovisual está presente de outra forma. Essa é uma obra cujas sonoridades e imagens nos remetem também à poética cinematográfica. Para se ter uma ideia, a peça começa com um áudio de seis minutos que o espectador ouve praticamente no escuro. É o nosso convite a desacelerar, baixar a bola, deixar o tempo decantar, desafiar a ansiedade, habitar outro tempo da imagem”, adianta o ator.

A cena

O espetáculo está estruturado como as partes de um livro: capa, prefácio, dedicatória, sete partes e verso da capa. Nas sete partes aparecem situações diversas que tratam da relação humana com o tempo, muitas delas passando pelas relações familiares, rotina de vida no mundo capitalista, relações de trabalho e a morte. Conversando com a ideia de uma peça-livro, Luiz Dias e Carol Manso, que assinam a direção de arte, levam, para o centro do palco, uma mesa que funciona como página, onde os atores escrevem os títulos das cenas e mostram ao público, mas que também serve como um elemento que se desdobra em cena. “Essa ideia de uma peça-sonho-poema necessita que o espaço, os figurinos, os objetos de cena, possam ser transformados: precisam estar em cena, mas também precisam desaparecer. Não pode ser aquele cenário fixo, pesado, que imprime apenas uma ideia”, explica Assis Benevenuto, ator e dramaturgo.

Nesta montagem, o grupo também utiliza, em diversos momentos do espetáculo, cinco bonecos com cerca de 50 cm cada, como na cena talk-show. “Chamamos essa parte de Queda Livre. Cada boneco entrevista o seu duplo (ator/personagem). É uma cena absurda, veloz, onde os bonecos são mais sagazes do que nós”, comenta Assis. Confeccionados em madeira pelo artista Agnaldo Silva, os bonecos são pequenas reproduções de cada ator/atriz. Segundo o diretor Ítalo Laureano, a proposta não é fazer Teatro de Bonecos. “Nos interessa mais a relação que o espectador cria ao nos ver ali, em miniatura, como avatares, como espelhos, como objetos ‘ficcionalizados’ e descolados de nós mesmos”, explica.

Marina Arthuzzi assina a iluminação de “Velocidade”. Parceira do grupo desde os primórdios, a artista já criou as luzes de “É só uma Formalidade” (2009), “Outro Lado” (2011), “Get Out” (2013), “Humor” (2014), “Tragédia” (2019), “Apossinarmológuissi” (2023) e “Luz e Neblina” (2024). Juntos, venceram o prêmio Copasa/Sinparc de Artes Cênicas de Melhor Luz no espetáculo “Humor”. Em “Velocidade”, Ítalo Laureano conta que Marina desenvolveu dispositivos não convencionais para criar efeitos de luz e sombra, trazendo a manipulação de alguns deles para as mãos dos atores. “As luzes que a Marina cria para o Quatroloscinco são operadas de forma manual: ela sempre joga com a intensidade da ação dramática, fazendo uma luz ao vivo e viva, pois o teatro não se repete. Cada dia é realizado com diferentes sutilezas”, comenta.


Outro nome que se repete na equipe é do músico Barulhista, que está com a companhia desde 2015. “É um artista que pesquisa sonoridades e sons que vão além da mera ilustração da cena”, diz Laureano. Em “Velocidade”, quarta parceria com a trupe, não será diferente. “A trilha pode provocar diferentes sensações no público a cada nova cena, experimentando e distorcendo sonoridades urbanas do cotidiano”, acredita.

A orientação de movimento é de Kenia Dias, com quem o grupo vai trabalhar pela primeira vez. “Esse era um desejo antigo. Mais do que uma preparação corporal, nos interessa a troca artística. O trabalho de Kenia, seja como preparadora, diretora, ou atriz, sempre nos encantou. Kenia tem nos trazido um outro entendimento dos corpos em cena, principalmente nessa relação coletiva e na ideia de coro, conjunto, e corpo coletivo”, conta Assis Benevenuto.

 

O Teatro de Grupo

Em cena, estão juntos mais uma vez os integrantes fundadores do Quatroloscinco: Assis Benevenuto, Ítalo Laureano, Marcos Coleta e Rejane Faria. A atriz Michele Bernardino, que já substituiu Rejane em “Tragédia” e “Ignorância”, estará em “Velocidade”, só que dessa vez, participando desde o início da criação. “Ter os quatro em cena (agora cinco, com a Michele) é colocar no palco o Quatroloscinco na sua melhor versão, combinando as potencialidades e diferenças de cada um de nós. A peça tem muita coralidade, cenas em conjunto, queremos destacar a força do coletivo em cena. Isso tem a ver com nossa aposta no teatro de grupo, que anda tão desvalorizado. As peças estão cada vez com menos artistas em cena, com predominância de solos e duplas. Defender cinco pessoas em cena é reafirmar a força do grupo”, conclui Coletta.

 

FICHA TÉCNICA

Atuação: Assis Benevenuto, Ítalo Laureano, Marcos Coletta, Michele Bernardino e Rejane Faria Direção: Ítalo Laureano e Ricardo Alves Jr.

Dramaturgia: Assis Benevenuto e Marcos Coletta

Direção de arte: Luiz Dias e Caroline Manso

Figurino: Caroline Manso

Assistência de cenografia: Bárbara de Freitas Criação de luz: Marina Arthuzzi

Consultoria de iluminação: Rodrigo Marçal Trilha sonora: Barulhista

Composição das músicas ao vivo: Marcos Coletta e Michele Bernardino Sonorização: Daniel Nunes

Operação de som: Daniel Nunes e Adriel Parreira

Orientação de movimento: Kenia Dias Orientação vocal: Ana Hadad

Assistência de Produção: Yasmine Rodrigues Estágio de Produção: Joana Luz

Design gráfico: Bianca Perdigão

Fotografia: Igor Cerqueira Filmagem: Janaína Patrocínio Bonecos: Agnaldo Silva Cenotécnica: Helvécio Izabel

Observação de processo: Fernando Dornas

Preparação e tradução da cena em Libras: Dinalva Andrade Audiodescrição: Vias Acessíveis

Assessoria de imprensa, redes sociais e tráfego: Rizoma Comunicação & Arte Edição de teasers: Leonardo Alcântara – Projeto Ande

Gestão de projeto: Trama Gestão e Produção Produção: Grupo Quatroloscinco Teatro do Comum

 

QUATROLOSCINCO TEATRO DO COMUM

Com 17 anos de trajetória, o Grupo Quatroloscinco mantém trabalho continuado de pesquisa e prática teatral, baseado na criação coletiva e autoral sob uma estética contemporânea. O grupo busca uma cena centrada no jogo entre os atores, na relação com o texto e no encontro com o espectador. Surgido como um coletivo de pesquisa de alunos de Teatro da UFMG, o Quatroloscinco se profissionalizou e se tornou um dos mais destacados nomes do teatro mineiro, conquistando prêmios, circulando em dezenas de festivais e realizando ações em 88 cidades de 21 estados do país, além de Cuba, Uruguai e Argentina. Criou as peças “Velocidade”, “Luz e Neblina”, “Apossinarmológuissi”, “Tragédia”, “Fauna”, “Ignorância”, “Humor”, “Get Out!”, “Outro Lado” e “É só uma Formalidade”, que receberam 12 prêmios e 23 indicações. Também publicou seis livros com a dramaturgia de seus espetáculos.

 

Circuito Liberdade 

O CCBB BH é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas.

 

 

Leo Junior
Leo Juniorhttps://viralizabh.com.br
Bacharel em Publicidade e Propaganda pelo Centro Universitário UNA, graduado em Marketing pela Unopar e pós graduado em Marketing e Negócios Locais e com MBA em Marketing Estratégico Digital, é um apaixonado por futebol e comunicação além de ser Jornalista certificado pelo Ministério do Trabalho.
RELATED ARTICLES

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Dê sua sugestão!spot_img

Most Popular

Recent Comments