Em 2021, a Federação Internacional de Diabetes (IDF) apontou que a doença causou uma morte a cada cinco segundos em todo o mundo. De acordo com o ‘Atlas do Diabetes’, publicado pela instituição no mesmo ano, quase metade da população adulta mundial desconhece que vive com a patologia. Em Minas Gerais, segundo a Secretaria de Estado de Saúde, 1.700 pessoas já morreram pela enfermidade em 2024. Nos anos anteriores, foram 7.239 óbitos em 2021, 7.070 óbitos em 2022 e 6.467 óbitos em 2023. Além desses números, foram 16.071 internações em 2021; 17.606 em 2022; e 17.596 em 2023. Em 2024, até o momento, foram contabilizadas 5.545 hospitalizações.
Todos os anos, no dia 14 de novembro, o ‘Dia Mundial da Diabetes’ – celebrado em homenagem ao aniversário de Frederick Banting, co-descobridor da insulina – reforça a importância do diagnóstico, da prevenção e de cuidados especiais com a população diabética.
Realizada desde 1991, a campanha, em 2024, traz o tema ‘Diabetes e Bem-Estar’. A proposta coincide com a predominância acentuada da diabetes tipo 2, frequentemente associada a hábitos de vida. A Pesquisa Vigitel de 2023, por exemplo, identificou que 90% dos diabéticos brasileiros se enquadram nesse contexto. Por esse motivo, um número expressivo de pessoas enfrentam desafios diários para encontrar tratamentos eficazes e controlar os níveis de glicose. Na paralela, cada vez mais, especialistas reforçam a relevância de priorizar o bem-estar integral na abordagem da doença.
Segundo a médica endocrinologista, Livia Damasceno Santos, da Hapvida NotreDame Intermédica, hábitos simples podem melhorar a resistência insulínica em pacientes tipo 2. Ela explica que a diabetes tipo 2 é uma doença multifatorial e, por isso, pode ser ocasionada por fatores chamados de ‘modificáveis’ ou ‘não modificáveis’. “Há casos em que a pessoa já dispõe de uma herança genética, ou seja, possui uma tendência a desenvolver a condição que não pode ser modificada. Contudo, na maior parte das ocorrências, fatores modificáveis, como atividade física regular e alimentação equilibrada, são capazes de prevenir o aparecimento da diabetes”, afirma.
Com o Brasil caminhando em direção à 4ª posição mundial no índice de diabetes, de acordo com Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a endocrinologista alerta para a diminuição do consumo de açúcar como um importante costume a ser adotado pela população. Desde a preferência por alimentos in natura até evitar doces, Livia Damasceno relata como a alimentação influencia diretamente nos casos de diabetes no país. Uma substituição positiva, por exemplo, no cafezinho, tão fiel nas mesas brasileiras, pode ser a troca do açúcar pelo adoçante. Sempre, é claro, em poucas quantidades.
Outro ponto fundamental são os exames laboratoriais para monitorar a progressão da glicose no sangue. Entre os mais utilizados, estão a hemoglobina glicada, que mede a média da glicose nos últimos três meses, e a glicemia de jejum. Já em relação aos tratamentos, a especialista destaca ainda a necessidade de um olhar individual para cada paciente, especialmente no que diz respeito à prescrição de medicamentos. “As opções medicamentosas podem variar muito com o perfil do diabetico. Enquanto o paciente tipo 1, por exemplo, só pode ser tratado com insulina, na diabetes tipo 2, remédios sensibilizadores de insulina podem auxiliar na evolução do quadro. As receitas variam também de acordo com comorbidades nos pacientes”, reitera.
Tratamentos mais confortáveis
Um dos grandes desafios no cenário de doenças crônicas, por outro lado, está na própria adesão dos pacientes aos tratamentos e, na diabetes, a situação não é diferente. De acordo com o farmacêutico e coordenador do Núcleo de Pesquisa e Inovação do Grupo Farmácia Artesanal, Mario Abatemarco, a personalização de medicamentos pode ser uma grande aliada para tratamentos mais efetivos. “A personalização do tratamento para diabetes por meio da manipulação de medicamentos em farmácias torna a terapia mais prática e confortável para o paciente, contribuindo de forma positiva para aumentar a adesão”.
Abatemarco detalha que muitos pacientes abandonam tratamentos importantes devido aos efeitos colaterais. Esse é um desafio comum no uso da metformina, um medicamento com eficácia comprovada no controle do diabetes, mas que frequentemente causa desconforto gastrointestinal, incluindo náuseas, vômitos e diarreia. Uma alternativa promissora é a metformina micronizada em creme transdérmico, disponível na Farmácia Artesanal, que reduz esses efeitos indesejados. Sem os incômodos gastrointestinais, os pacientes tendem a aderir melhor ao tratamento, aumentando significativamente as chances de sucesso terapêutico.
Os medicamentos industrializados disponíveis nas drogarias também podem ser adquiridos em farmácias de manipulação, com a vantagem de serem personalizados em dosagem, tipo de cápsula e forma farmacêutica, tornando o tratamento mais conveniente e adaptado às necessidades do paciente. Já na profilaxia, o Grupo tem alternativas do famoso spray anti-doce, que, como o próprio nome sugere, contribui para a redução da vontade de comer doce, o que vai diminuir a ingestão de glicose, e assim, contribuir para o controle do diabetes. “A personalização é um fator decisivo no tratamento do diabetes, impactando diretamente na eficácia terapêutica”, ressalta o farmacêutico.
A endocrinologista Livia Damasceno defende a importância de uma boa relação médico-paciente para a definição de tratamentos mais eficazes. “Quando o paciente sente-se à vontade para compartilhar detalhes sobre sua rotina, histórico de saúde e preocupações, o médico pode captar informações essenciais para individualizar o tratamento. Essa proximidade também gera uma confiança mútua, onde o paciente tende a seguir melhor as orientações médicas, enquanto o médico consegue avaliar com maior precisão as respostas ao tratamento e fazer os ajustes necessários”, observa.
A especialista traz um exemplo de que alguns pacientes com diabetes, especialmente os que fazem uso de medicamentos como metformina ou glifagem, podem apresentar deficiências de vitaminas essenciais, como a B12 e a D, além de estarem mais propensos a condições como osteoporose e perda de massa muscular. “Por essa razão, o uso de suplementos manipulados, como B12, vitamina D, creatina e ômega-3, também representa uma opção que pode beneficiar os diabéticos, mas toda e qualquer decisão deve ser necessariamente orientada por um profissional de saúde”, completa a médica.