Construído em 1946, durante um processo de ampliação da Rede Ferroviária Federal, o edifício Raffaello Berti é um dos mais importantes representantes do estilo art déco na capital mineira. Entre as suas principais características estão: simetria, uso de linhas retas, limpeza ornamental e o emprego de revestimento em pó-de-pedra nas fachadas. O estilo é bastante urbano e está presente em várias edificações da capital mineira.
Com projeto assinado pelo arquiteto italiano que deu nome ao prédio, que transferiu-se para a capital mineira em 1929, a convite de Luiz Signorelli, depois de passar uma temporada no Rio de Janeiro. Em Belo Horizonte, Berti transformou-se numa grande referência na área. Foi responsável pelo projeto de diversos outros prédios importantes da cidade, como a sede da Prefeitura e dos Correios, Santa Casa de Misericórdia, o Palácio Cristo Rei, na Praça da Liberdade, Colégio Marconi, a Feira de Amostras, o Cine Metrópole, entre vários outros.
Por conta da sua função, o prédio foi construído como um anexo do Casarão da Sapucaí(que também passa por um processo de restauro), onde funcionava a sede oficial da Rede Ferroviária Federal. Com a expansão, a entidade passou então a ocupar as duas edificações. O prédio, tombado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte, abriga hoje a sede da Vli, uma empresa especializada em soluções sustentáveis de logística, conectando portos, ferrovias e terminais a outros modais, atendendo as áreas de siderurgia, minerais, bens industrializados e o agronegócio.
Desde 2019, as fachadas vêm sendo inteiramente restauradas, devolvendo ao edifício as suas características originais, além de contribuir para a preservação da memória e da identidade de nossa cidade. Para execução do restauro de toda a fachada do Edifício Raffaello Berti, a Multicult(empresa proponente e gestora do projeto) investiu na contratação de uma equipe multidisciplinar que buscou salvaguardar todo o conjunto arquitetônico. Durante a primeira etapa, foram restauradas as fachadas 01, 02 e 03. Agora, durante a segunda fase de recuperação, foram recuperadas as três fachadas remanescentes, encerrando assim o trabalho. As obras foram realizadas graças aos recursos obtidos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, que possibilitou a recuperação de uma área de 2.277,25 m2 ao todo.
A arquiteta Katarina Grillo é uma das profissionais envolvidas no acompanhamento das obras de restauro da fachada do edifício Raffaello Berti. Ela salienta que o desafio foi enorme uma vez que esta foi a primeira obra de preservação desde a construção do prédio. “As fachadas e esquadrias estavam impregnadas de sujeira, marcas advindas de fuligem, CO2 e fungos ocasionados em função da umidade e da incidência de chuvas, ocasionando manchas aparentes em toda a estrutura”. Após o diagnóstico realizado por especialistas na área, foi realizada uma limpeza de todas as faces de fachada do edifício e também das esquadrias com a técnica de hidrojateamento para não danificar os revestimentos. Alguns trechos estavam danificados por aberturas de vãos para instalação de aparelhos de ar condicionados, recortes para colocação de dutos elétricos e de água, além de uma série de furos para fixação de aparelhos, tubulações e fiações. Os trechos danificados foram reconstituídos, com os devidos acabamentos e a pintura com tinta mineral.
Todo o trabalho foi desenvolvido de forma bastante minuciosa e conta com o acompanhamento periódico dos órgãos de proteção do patrimônio como o IPHAN/MG e Prefeitura de BH, garantindo a preservação de nossa história e a apreciação deste importante prédio do Circuito Arquitetônico da Praça da Estação.
Multicult anuncia finalização das obras de restauro das fachadas do edifício Raffaello Berti – Sede da Vli
Endereço: Rua Tapuias, 49 – Floresta – Belo Horizonte/MG