Ciclo Víctor Erice
Data: 7/5 (terça-feira) a 11/6 (terça-feira), sempre às terças-feiras
Horários: 20h
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes
(Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte)
Classificações indicativas: Variáveis
Entrada gratuita
Os ingressos poderão ser retirados a partir de 1 hora antes de cada sessão, na bilheteria do cinema
Informações para o público: (31) 3236-7400
Na Espanha rural, em meio ao pós-Segunda Guerra e ao autoritarismo, uma pequena garota é profundamente impactada pelo filme “Frankenstein”, adentrando seu próprio mundo de fantasias. Já nos dias atuais, anos depois do desaparecimento de um famoso diretor de cinema espanhol, um programa de televisão revela as últimas cenas que ele gravou, adicionando novos contornos ao caso. Duas obras que estão separadas por cinco décadas, mas que consolidam o nome de Víctor Erice como um dos principais diretores de seu país. O cineasta e os diferentes momentos de sua carreira estão no centro da mais nova faixa de programação do Cine Humberto Mauro, na qual, em cada mês, haverá exibições semanais dedicadas à filmografia de grandes diretores. Ao longo dos meses de maio e junho, o público poderá assistir, sempre às terças-feiras, a partir das 20h, a um filme do “Ciclo Víctor Erice”. A programação começa no dia 7/5 (terça-feira), com “O Espírito da Colmeia”, de 1973, e termina em 11/6 (terça-feira), exibindo o longa-metragem “Fechar os Olhos”, lançado em 2023. A mostra é uma parceria da Fundação Clóvis Salgado com o Instituto Cervantes de Belo Horizonte, e propõe apresentar o trabalho de Erice de forma ampla, desde os trabalhos para a Escola de Cinema e seus curtas até os longas mais conhecidos do realizador. Além da exibição dos filmes, haverá duas atividades formativas e uma entrevista exclusiva com o cineasta espanhol Jaime Chávarri, mediada por Victor Guimarães, crítico, programador e professor de cinema. A entrevista será publicada na plataforma CineHumbertoMauroMAIS. A entrada no Cine Humberto Mauro é gratuita, e os ingressos para as exibições podem ser retirados na bilheteria do cinema, a partir de 1 hora antes de cada sessão.
Mesmo com uma pequena filmografia, Erice é reconhecido mundialmente. Seu último longa, lançado 30 anos depois do anterior, foi um marco no mundo do cinema, com estreia mundial na sessão Cannes Première do 76º Festival de Cinema de Cannes. Ao longo da vida, o diretor recebeu homenagens em Locarno, foi membro do Júri de Cannes, além de ganhar os prêmios do Júri e da Crítica no Festival. Vitor Miranda, Gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado e programador da mostra, explica que o trabalho de Víctor Erice segue uma tradição cinematográfica muito interessante do cinema espanhol, caracterizada pelo uso elaborado de simbolismos e tendo como os maiores exemplos mestres como Luis Buñuel e Carlos Saura. Rodrigo Azevedo, que integra a equipe de curadoria do Cine Humberto Mauro, complementa: “A estética de Erice é marcada por uma meticulosidade e um rigor visual que evocam as artes plásticas. Cada frame é como uma pintura, pensado desde a interação sutil de luz e sombra até a escolha cuidadosa de cores e texturas. Uma composição que não apenas enriquece a experiência visual, mas também ressoa com as camadas de significado subjacentes em cada sequência, convidando o espectador a mergulhar em um universo onde a poesia das imagens pode conter e contar muitas histórias”, analisa.
O Ministério da Cultura, o Governo de Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, a Fundação Clóvis Salgado e o Instituto Cervantes de Belo Horizonte apresentam o “Ciclo Víctor Erice”. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm Patrocínio Master da Cemig e Instituto Cultural Vale, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal e Correalização da APPA – Cultura e Patrimônio. Governo Federal, Brasil. União e Reconstrução.
A arte no olhar – O primeiro filme da programação é “O Espírito da Colmeia” (1973), um de seus longas-metragens mais famosos, vencedor do prêmio de Melhor Filme no Festival de San Sebastián. A obra parte da atmosfera da Espanha pós-guerra, durante o governo de Francisco Franco, e acaba fazendo uma homenagem ao cinema, como forma de compreender o mundo. Para iniciar a mostra aliando reflexão e fruição, essa exibição será acompanhada de uma atividade formativa na forma de uma sessão comentada, com participação de João Dumans e Breno Henrique, cineastas e pesquisadores mineiros da área de cinema. No dia 14 de maio, será exibido “Os Desafios” (1969), que aborda como situações que parecem normais da vida podem acabar em surtos de violência. Em seguida, na próxima terça, o Cine Humberto Mauro projeta “O Sul” (1983): a obra desenvolve um retrato de uma família na Espanha dos anos 1950, sob o olhar da jovem Estrella, uma menina obcecada pelos segredos do sul do país.
Na última sessão de maio, o público pode conferir o documentário “O Sol de Marmelo” (1992), ganhador dos prêmios do Júri e da Crítica no Festival de Cannes, além de figurar na lista dos 50 maiores documentários de todos os tempos pela revista britânica “Sight & Sound”. A obra acompanha o processo de composição de um quadro do pintor Antonio López (o passar dos dias e o cotidiano das pessoas e das coisas). O média-metragem “Os Dias Perdidos” (1963), realizado por Víctor Erice na Escola Oficial de Cinematografia da Espanha, como projeto de licenciatura, será exibida no dia 4 de junho. Esta é uma das primeiras obras dirigidas pelo cineasta. E neste penúltimo dia de exibição acontece mais uma atividade formativa: João Dumans apresentará uma palestra comentando o trabalho do espanhol.
A mostra finaliza com o último longa-metragem realizado pelo diretor, “Fechar os Olhos” (2023), que percorre a história de Júlio Arenas, um famoso ator espanhol que desaparece durante as gravações de um filme. Lançado 30 anos após seu último longa, o filme conquistou a crítica mundial, e é constantemente comparado com a própria vida de seu criador. “A gente está muito feliz com esse ciclo, porque é uma parceria com o Instituto Cervantes, uma instituição com a qual já colaboramos várias vezes, então é muito interessante fazer essa celebração da cultura espanhola, em um novo modelo de programação. Normalmente planejamos as mostras para vários dias seguidos, mas para o Víctor Erice estamos apostando nas sessões semanais. Acredito que, assim, as pessoas vão ter mais oportunidade de se planejar e ter mais tempo para refletir e decantar cada filme”, reflete Vitor Miranda.
CINE HUMBERTO MAURO – Um dos mais tradicionais cinemas de Belo Horizonte, o Cine Humberto Mauro foi inaugurado em 1978. Seu nome homenageia um dos pioneiros do cinema brasileiro, o mineiro Humberto Mauro (1897-1983), grande realizador cinematográfico. Com 129 lugares, possui equipamentos de som Dolby Digital e para exibição de filmes em 3D e 4K. Nestes 45 anos de existência, a Fundação Clóvis Salgado tem investido na consolidação do espaço como um local de formação de novos públicos a partir de programação diversificada, bem como através da criação de mecanismos de estímulo à produção audiovisual, com a realização do tradicional FestCurtasBH – Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, e o Prêmio Estímulo ao Curta-metragem de Baixo Orçamento. O Cine Humberto Mauro também é um importante difusor do conhecimento ao promover cursos, seminários, debates e palestras. Sessões permanentes e comentadas também têm espaço cativo a partir das mostras História Permanente do Cinema, Cinema e Psicanálise, Curta no Almoço, entre outros. Todas as atividades do Cine Humberto Mauro são gratuitas.
FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no Estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro, constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS. A instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia. de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das galerias de arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado também é responsável pela gestão do Circuito Liberdade. Em 2020, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.