Quinze primaveras musicais
FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS RECEBE O PIANISTA VENEZUELANO SERGIO TIEMPO, COM UM PROGRAMA TOTALMENTE LATINO
Com regência do maestro associado José Soares, Orquestra apresenta a vasta riqueza da música da América Latina
Com o retorno do pianista venezuelano Sergio Tiempo para interpretar Universos Infinitos, de Esteban Benzecry, a Filarmônica de Minas Gerais apresenta nos dias 10 e 11 de agosto, às 20h30, na Sala Minas Gerais, um programa totalmente latino que também traz a intensidade mágica de Sensemayá, do compositor mexicano Silvestre Revueltas, a riqueza do folclore argentino de Alberto Ginastera com o balé Estância e a brasilidade de uma obra especial de Lorenzo Fernandez, Imbapara. Um programa que resume a vasta riqueza da música de concerto da América Latina. A regência é do maestro associado da Orquestra, José Soares. Os ingressos estão à venda no site www.filarmonica.art.br e na bilheteria da Sala Minas Gerais.
Este projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Instituto Cultural Vale e Banco Inter, com patrocínio da Cemig, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Apoio: Circuito Liberdade. Realização: Instituto Cultural Filarmônica, Secretaria Estadual de Cultura e Turismo de MG, Governo de Minas Gerais, Ministério da Cultura e Governo Federal.
Maestro José Soares, regente associado da Filarmônica de Minas Gerais
Natural de São Paulo, José Soares é Regente Associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2022, tendo sido seu Regente Assistente nas duas temporadas anteriores.
Venceu o 19º Concurso Internacional de Regência de Tóquio, edição 2021 (Tokyo International Music Competition for Conducting). José Soares recebeu também o prêmio do público na mesma competição.
Bacharel em Composição pela Universidade de São Paulo, iniciou-se na música com sua mãe, Ana Yara Campos. Estudou Regência Orquestral com o maestro Claudio Cruz, em um programa regular de masterclasses em parceria com a Orquestra Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo. Participou como bolsista nas edições de 2016 e 2017 do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, sendo orientado por Marin Alsop, Arvo Volmer, Giancarlo Guerrero e Alexander Libreich. Recebeu, nesta última, o Prêmio de Regência, tendo sido convidado a atuar como regente assistente da Osesp em parte da temporada 2018, participando de um Concerto Matinal a convite de Marin Alsop.
Foi aluno do Laboratório de Regência da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo convidado pelo maestro Fabio Mechetti a reger um dos Concertos para a Juventude da temporada 2019. Em julho desse mesmo ano, teve aulas com Paavo Järvi, Neëme Järvi, Kristjan Järvi e Leonid Grin, como parte do programa de Regência do Festival de Música de Parnü, Estônia.
Ao final de 2021, recebeu o prêmio da crítica na categoria ‘Jovem Talento’ da Revista Concerto. No ano de 2022, regeu as Orquestras Sinfônicas NHK de Tóquio e MÁV Symphonie Orchester em Budapeste.
Em 2023, regeu a New Japan Philharmonic, a Orquestra Sinfônica de Hiroshima e a Orquestra Filarmônica de Nagoya, no Japão, e faz sua estreia como convidado da Osesp.
Sergio Tiempo, pianista
Sergio Tiempo nasceu em Caracas, Venezuela. Começou a estudar piano ainda criança com sua mãe, Lyl Tiempo. Estreou profissionalmente aos quatorze anos, no Amsterdam Concertgebouw. Durante período na Itália, foi aluno de pianistas como Dimitri Bashkirov, Fou Tsong, Murray Perahia e Dietrich Fischer-Dieskau. Colaborou com uma ampla gama de orquestras filarmônicas e sinfônicas da Europa, da Ásia e das Américas. Participou de festivais internacionais e realizou turnês na China, na Coreia, na Itália e na América do Sul. Entre suas gravações, destaca-se o disco em parceria com Mischa Maisky sobre a obra de Rachmaninov, classificado como cinco estrelas pela Classic FM e pela BBC Music Magazine. Foi também artista residente na Orquestra Sinfônica de Queensland em 2018. Reconhecido pela energia e versatilidade musical, Tiempo teve sua performance descrita pelo jornal The New York Times como “cintilante e virtuosa”. Tiempo tem como mentores musicais Martha Argerich e Nelson Freire.
Repertório
Silvestre Revueltas (Santiago Papasquiaro, México, 1899 – Cidade do México, México, 1940) e a obra Sensemayá (1937, revisão 1938)
Hoje considerado um dos mais importantes compositores mexicanos do século XX, Silvestre Revueltas morreu jovem e sem reconhecimento, aos quarenta anos. Nos seus últimos dez anos de vida, foi extremamente produtivo e escreveu suas obras mais importantes, mas também passou por um inferno particular. Sem emprego, afundou-se no alcoolismo e oscilava constantemente entre períodos de euforia criativa e momentos de profunda depressão. O poema sinfônico Sensemayá faz parte dessa última fase da vida de Revueltas, quando suas composições tornaram-se mais intensas e tristes. Em maio de 1937, ele compôs a primeira versão da obra, para grupo de câmara, e em 1938 finalizou a versão para orquestra. O trabalho é intimamente inspirado no poema “Sensemayá, canto para matar una culebra” (Sensemayá, canto para matar uma cobra), do poeta cubano Nicolás Guillén. Com o acúmulo progressivo de material temático e um ritmo cada vez mais obsessivo, Revueltas recria fielmente o caráter hipnótico do poema. Segundo o compositor, “há em mim uma compreensão muito peculiar da natureza: tudo é ritmo. Meus ritmos são crescentes, dinâmicos, táteis e visuais. Eu penso em imagens melódicas que se movem dinamicamente”. Sensemayá é uma obra vigorosa, forte como a evocação de um ritual primitivo, extraordinariamente seca e sem rodeios.
Esteban Benzecry (Lisboa, Portugal, 1970) e a obra Universos Infinitos (2011)
Em Universos Infinitos, o proeminente compositor argentino Esteban Benzecry (1970) busca uma conexão com tempos ancestrais, tomando como fonte de inspiração as culturas, os ritmos, as melodias e as mitologias dos povos indígenas da América do Sul. O primeiro movimento, “Un mundo interior”, constrói atmosferas que representam o ciclo da vida humana e a dimensão contemplativa do ser. O segundo, “Ñuke Kuyen”, faz referência à entidade que protege os sonhos do povo Mapuche, evocando uma ambientação noturna e estrelada. O terceiro e último, “Willka Kuti”, descreve o festival realizado por Aimarás e Guaranis para marcar o fim do inverno, o retorno do Sol e o início de um novo ciclo de cultivo. Neste concerto para piano, Benzecry explora possibilidades inusitadas do instrumento em conjunto com uma orquestração contemporânea e imaginativa, gerando uma obra que celebra o contato do espírito humano com a natureza ao seu redor. Composto em outubro de 2011, Universos Infinitos é dedicado ao pianista venezuelano Sergio Tiempo.
Lorenzo Fernandez (Rio de Janeiro, Brasil, 1897-1948) e a obra Imbapara (1929)
O poema sinfônico Imbapara é uma demonstração clara do caráter convictamente nacionalista da música de Lorenzo Fernandez. Inspirada no poema homônimo de Basílio de Magalhães, a obra conta a história de um guerreiro indígena que foi capturado por uma tribo inimiga e espera, na escuridão da noite, o dia de sua execução. Seu tema principal foi inspirado em melodias de povos originários gravadas por Roquette Pinto – uma delas, Nozani-ná, foi utilizada também por Villa-Lobos em seu Choros nº 3. A introdução mais sombria busca situar o ouvinte no interior da floresta, e, nos movimentos seguintes, observamos uma crescente exploração orquestral que culmina em um fechamento impactante, exemplar do vigor pelo qual a música de Fernandez ficou conhecida. Escrita em 1928 como um balé, Imbapara estreou no ano seguinte sem o corpo coreográfico, pela Sociedade de Concertos Sinfônicos do Rio de Janeiro. Apenas em 1937 foi montada como balé completo, estreando também no Rio, no Theatro Municipal, com regência do próprio Fernandez.
Alberto Ginastera (Buenos Aires, Argentina, 1916 – Genebra, Suíça, 1983) e a obra Estância: Quatro danças, op. 8a (1941)
Ginastera, que sempre nutriu uma admiração especial pelo campo, resolveu inspirar seu balé Estância no poema de José Hernández, “El gaucho Martín Fierro”, publicado em 1872. A obra de Hernández é ainda hoje considerada por muitos “o livro nacional dos argentinos”. O balé, encomendado pelo coreógrafo Lincoln Kirstein em 1940, descreve o ciclo de um dia inteiro passado numa estância, seguindo a estrutura amanhecer – dia – tarde – noite – amanhecer. A companhia de Kirstein se dissolveu antes que o balé fosse montado, fazendo com que Ginastera optasse por reunir em uma suíte para orquestra quatro das mais expressivas seções da obra original. A suíte Estância conta com três movimentos extraídos da segunda cena do balé, “La mañana”, e com um movimento final isolado de “El amanhecer”, quinta e última cena. De estilo stravinskiano, “Los trabajadores agrícolas” sugere o esforço dos trabalhadores na colheita do trigo. A “Danza del trigo” evoca o cenário bucólico de uma estância pela manhã. “Los peones de hacienda” é inspirado na figura do vaqueiro. E a “Danza final” retrata o começo de um novo dia através da estilização do tradicional malambo, dança masculina argentina na qual o dançarino executa uma série de movimentos com os pés e que, no século XIX, era tida como a principal forma de um gaúcho demonstrar destreza e vigor.
Serviço:
Filarmônica de Minas Gerais
Série Allegro
10 de agosto – 20h30
Sala Minas Gerais
Série Vivace
11 de agosto – 20h30
Sala Minas Gerais
José Soares, regente
Sergio Tiempo, piano
REVUELTAS Sensemayá
E. BENZECRY Universos Infinitos
FERNANDEZ Imbapara
GINASTERA Estância: Quatro danças, op. 8a
INGRESSOS:
R$ 50 (Coro), R$ 50 (Terraço), R$ 50 (Mezanino), R$ 70 (Balcão Palco), R$ 90 (Balcão Lateral), R$ 120 (Plateia Central), R$ 155 (Balcão Principal) e R$ 175 (Camarote).
Ingressos para Coro e Terraço serão comercializados somente após a venda dos demais setores.
Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.
Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br
Bilheteria da Sala Minas Gerais
Horário de funcionamento
Dias sem concerto:
3ª a 6ª — 12h a 20h
Sábado — 12h a 18h
Em dias de concerto, o horário da bilheteria é diferente:
— 12h a 22h — quando o concerto é durante a semana
— 12h a 20h — quando o concerto é no sábado
— 09h a 13h — quando o concerto é no domingo
São aceitos:
- Cartões das bandeiras Elo, Mastercard e Visa
- Pix
ORQUESTRA
FILARMÔNICA DE
MINAS GERAIS
A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais foi fundada em 2008 e tornou-se referência no Brasil e no mundo por sua excelência artística e vigorosa programação.
Conduzida pelo seu Diretor Artístico e Regente Titular, Fabio Mechetti, a Orquestra é composta por 90 músicos de todas as partes do Brasil, Europa, Ásia e das Américas.
O grupo recebeu numerosos menções e prêmios, entre eles o Grande Prêmio da Revista CONCERTO em 2020 e 2015, o Prêmio Carlos Gomes de Melhor Orquestra Brasileira em 2012 e o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA) em 2010 como o Melhor Grupo de Música Clássica do Ano.
Suas apresentações regulares acontecem na Sala Minas Gerais, em Belo Horizonte, em cinco séries de assinatura em que são interpretadas grandes obras do repertório sinfônico, com convidados de destaque no cenário da música orquestral. Tendo a aproximação com novos ouvintes como um de seus nortes artísticos, a Orquestra também traz à cidade uma sólida programação gratuita – são os Concertos para a Juventude, os Clássicos na Praça, os Concertos de Câmara e os concertos de encerramento do Festival Tinta Fresca e do Laboratório de Regência. Para as crianças e adolescentes, a Filarmônica dedica os Concertos Didáticos, em que mostra os primeiros passos para apreciar a música de concerto.
A Orquestra possui 11 álbuns gravados, entre eles três que integram o projeto Brasil em Concerto, do selo internacional Naxos junto ao Itamaraty. O álbum Almeida Prado – obras para piano e orquestra, com Fabio Mechetti e Sonia Rubinsky, foi indicado ao Grammy Latino 2020.
Ainda em 2020, a Filarmônica inaugurou seu próprio estúdio de TV para a realização de transmissões ao vivo de seus concertos, totalizando hoje mais de 80 concertos transmitidos em seu canal no YouTube, onde se podem encontrar diversos outros conteúdos sobre a orquestra e a música de concerto.
A Filarmônica realiza também diversas apresentações por cidades do interior mineiro e capitais do Brasil, tendo se apresentado também na Argentina e Uruguai. Em celebração ao bicentenário da Independência do Brasil, em 2022, realizou uma turnê a Portugal, apresentando-se nas principais salas de concertos do país nas cidades do Porto, Lisboa e Coimbra, além de um concerto a céu aberto, no Jardim da Torre de Belém, como parte da programação do Festival Lisboa na Rua, promovido pela Prefeitura de Lisboa.
A sede da Filarmônica, a Sala Minas Gerais, foi inaugurada em 2015, sendo uma referência pelo seu projeto arquitetônico e acústico. Considerada uma das principais salas de concertos da América Latina, recebe anualmente um público médio de 100 mil pessoas.
A Filarmônica de Minas Gerais é uma das iniciativas culturais mais bem-sucedidas do país. Juntas, Sala Minas Gerais e Filarmônica vêm transformando a capital mineira em polo da música sinfônica nacional e internacional, com reflexos positivos em outras áreas, como, por exemplo, turismo e relações de comércio internacional.
Os números da Filarmônica (2008 a junho/2023)
1.467.778 espectadores
1.161 concertos realizados
1.278 obras interpretadas
119 concertos em turnês estaduais
39 concertos em turnês nacionais
9 concertos em turnê internacional
606 notas de programa publicadas no site
225 webfilmes publicados (20 com audiodescrição)
1 coleção com 3 livros e 1 DVD sobre o universo orquestral
4 exposições itinerantes e multimeios sobre música clássica
11 CDs lançados
1 Indicação ao Grammy Latino 2020 (CD Almeida Prado – Obras para piano e orquestra – Categoria de Melhor Álbum Clássico