A Zula Cia. de Teatro completa 13 anos de trajetória nos palcos e celebra a data com uma programação para lá de especial. Uma das mais reconhecidas de Belo Horizonte, a companhia festeja o aniversário com a “Mostra Zula 13 Anos”, compartilhando com o público todos os espetáculos que integram seu repertório, além da realização de congresso, oficina e workshop. O projeto é realizado com o incentivo da Lei Municipal de Incentivo à Cultura Projeto 0407/2022.
Ao longo de sua trajetória, o coletivo mineiro notabilizou-se por ocupar a cena com a história de mulheres reais. Isso se estabelece como marca desde sua primeira montagem, “As Rosas no Jardim de Zula”, espetáculo que abre as apresentações presenciais da mostra, nos dias 4 e 5 de maio, na Sede da ZAP 18. A obra tem como foco a história de Rosângela, mãe de uma das atrizes do grupo, que passa a viver em situação de rua, vivenciando todo o universo das drogas, prostituição e violência urbana. A proposta é mergulhar nessa história real e desmistificar, de forma poética, a figura materna, refletindo sobre a condição do feminino e da mulher na sociedade atual.
“O mais legal de poder realizar uma mostra é fazer com que o público acompanhe toda a trajetória do grupo, para que ele possa perceber como um trabalho levou à criação do outro de forma orgânica. Essa é uma forma de o público conhecer não apenas uma peça específica da companhia, com a qual se identificou, mas compreender a nossa caminhada”, afirma a atriz Talita Braga, fundadora da Zula ao lado de Andréia Quaresma.
Um olhar ainda mais ampliado sobre a maternidade levou o grupo à criação de seu segundo espetáculo, “Mamá”. Com direção de Grace Passô, a peça reúne muitas vozes e depoimentos de mães, recolhidos pelas atrizes por meio de entrevistas com mulheres diversas, que abordam as variadas formas de se relacionar com o universo materno. O espetáculo, que não está mais no repertório presencial do coletivo, estará disponível para ser assistido em formato virtual durante todo o mês de maio.
A terceira montagem nessa caminhada da Zula Cia. de Teatro é “Banho de Sol”, um fenômeno de público e crítica cuja dramaturgia dá-se a partir do encontro com a realidade das mulheres na penitenciária. Realidade que as atrizes do espetáculo conviveram de perto durante as aulas ministradas dentro da penitenciária pelo projeto “A Arte como Possibilidade de Liberdade”.
A montagem fica em cartaz nos dias 11 e 12 de maio, no Centro de Arte Suspensa Armatrux, localizado em Nova Lima, e nos dias 18 e 19 de maio, ocupa o palco do Galpão Cine Horto.
Fechando a mostra de espetáculos, nos dias 24 e 25 de maio, o grupo apresenta a obra “CASA”, mais recente trabalho do grupo, que parte de relatos autobiográficos das atrizes-criadoras Andréia Quaresma, Gláucia Vandeveld, Kelly Crifer, Mariana Maioline e Talita Braga para transformá-los em material cênico e, além da continuidade da pesquisa do teatro documentário com foco em histórias de mulheres, a Cia experimenta uma nova relação com o público, ao levar o acontecimento teatral para dentro de uma casa.
Ao mesmo tempo em que promove esse encontro do público com toda a obra da companhia, a “Mostra Zula 13 Anos” convida os espectadores a percorrerem um circuito por diferentes e importantes espaços de criação artística de Belo Horizonte e região. “Os espaços que vão receber a Mostra são todos muito importantes na nossa trajetória. Todos eles de alguma maneira foram apoiadores e fizeram toda a diferença na história do grupo, tanto para a construção artística, quanto de uma relação de amizade e afeto ao longo desses anos e, também não menos importante, muitas vezes abrigam cenário, emprestaram materiais, espaços para ensaios, o que é fundamental para que um grupo siga existindo. Então fica aqui o nosso agradecimento à Zap 18, ao CASA, ao Galpão Cine Horto e à Casa do Beco”, enfatiza Talita.
“Sabe-se que Belo Horizonte tem uma tradição de teatro de grupo e esse fazer teatral é muito potente. E mais potente ainda é esse apoio entre os grupos. Isso é fundamental para que o teatro se fortaleça e siga existindo”, completa Cristiano Oliveira, integrante da Zula Cia.
Além dos espetáculos, a “Mostra Zula 13 Anos” compartilha também com o espectador, por meio de links virtuais, um vídeo documentário e um podcast em cinco episódios, que foram criados como desdobramentos da experiência do grupo no projeto “A Arte como Possibilidade de Liberdade”.
Ações Formativas – Congresso e oficinas
Com o objetivo de dividir processos criativos, pesquisas e reflexões geradas a partir das obras do grupo, a Mostra Zula 13 Anos traz uma programação de ações formativas ao longo do mês de maio. Todas as atividades irão oferecer certificado de participação.
No workshop “Mãe, mulher?” e na oficina “Teatro Documentário e Biodrama”, será compartilhado com os participantes processos de construção de espetáculos do grupo, mesclando exercícios práticos com a pesquisa gerada em cada uma das criações: “Mamá!” e “As Rosas no Jardim de Zula”, respectivamente. As oficinas são gratuitas e serão realizadas em dois centros culturais periféricos da cidade de Belo Horizonte. As datas e as inscrições serão divulgadas em breve pelo Instagram da companhia.
“A ideia é voltar em centros culturais que também fazem parte da história do grupo e que, inclusive, receberam a companhia para recolhimento de depoimentos de mulheres para a construção do espetáculo ‘Mamá!'”, adianta Talita Braga.
Entre os dias 14 e 16 de maio, a Mostra Zula 13 Anos promove um congresso com o tema “A Arte como Possibilidade de Liberdade”. A proposta nasceu de diversos debates que o espetáculo “Banho de Sol” gerou com profissionais que estão fora do meio teatral, pelo fato de o espetáculo trazer à tona questões do movimento anti prisional, do encarceramento feminino, direitos humanos, entre outros temas importantes para a sociedade.
No Congresso, profissionais de diversas áreas de atuação – da arte, do direito, da gestão de ambientes prisionais, pesquisadores, entre outros –, e de diversas partes do país estarão reunidos para discutir o tema “teatro e prisão”.
“Além dessas pessoas que fazem trabalhos importantíssimos na área, teremos a presença mais que especial da ex-aluna do projeto ‘A Arte como Possibilidade de Liberdade’, que deu origem ao espetáculo ‘Banho de Sol’, Lana Thairine, que hoje trabalha como flanelinha e atendente de telemarketing e já se encontra em liberdade há 7 anos”, conta Talita.
Sobre a Zula Cia de Teatro
Desde sua origem, em 2010, a Zula tem como ponto de partida para a criação teatral, histórias e depoimentos reais de mulheres em situação marginal, como em seus primeiros espetáculos “As Rosas no Jardim de Zula”, 2012, com a direção de Cida Falabella e “MAMÁ!”, 2015, que teve a direção da dramaturga e diretora Grace Passô. A partir destes dois trabalhos, a Cia. se firmou em BH como um grupo de pesquisa de Teatro Documentário e teatros do real, com foco no feminino e na condição da mulher na sociedade atual. Em 2019, a Cia. estreou “BANHO DE SOL”, um espetáculo, que surgiu do encontro com tantas outras mulheres, artistas. E, em 2023, a Cia. estreou seu quarto espetáculo, intitulado “Casa”, uma continuidade de sua pesquisa em promover espaços de fala e escuta do universo feminino. Em resumo, a Zula Cia de Teatro faz um teatro com mulheres, sobre mulheres, que comunica com todes!
Serviço:
O que: Mostra Zula 13 Anos! – mostra de espetáculos
Quando: De 4 a 25 de maio
Onde: ZAP 18, Casa – Centro de Arte Suspensa e Armatrux, Galpão Cine Horto e Fazendinha Dona Izabel
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada). À venda no Sympla.
Mais informações:
Instagram: Zula_Teatro
Facebook: Zula Cia de Teatro