Fonte abundante de possibilidades, a tecnologia digital abre portas para os mais diversos campos do conhecimento, a exemplo da educação, comunicação, saúde e, recentemente, da arte. Há aproximadamente 14 anos, ela é usada como ferramenta para dar vida a uma nova linguagem artística, composta por obras digitais imersivas que vêm encantando os brasileiros e levando milhares aos centros culturais, como é o caso da exposição “LUZ ÆTERNA – Ensaio Sobre o Sol“, que pode ser visitada, gratuitamente, até o dia 10 de fevereiro no CCBB BH.

Prestes a encerrar sua itinerância nacional (ela foi exibida nos CCBBs Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo), a mostra – considerada a primeira grande exposição imersiva de arte digital do CCBB – já reuniu, ao todo, mais de 460 mil visitantes. As sete obras que integram a exposição são assinadas por oito artistas e estúdios brasileiros de new media art, simbolizando a potência do país na cena da arte e novas mídias.

 

Da concepção à programação e execução, todas as obras foram criadas por artistas que são referência no uso da arte digital e da luz como elementos primordiais. Segundo o curador da exposição, Antonio Curti, é importante destacar que os artistas usam a tecnologia como ferramenta, como um agente ativo de transformação artística. “A tecnologia é o meio, é o suporte, não é o resultado. Ela existe para atender a criação e a proposta que o artista quer levar ao público”. 

 

Curti, que é cofundador da AYA, estúdio de new media art que realiza a mostra, conta que a produção artística em novas mídias vem crescendo no Brasil e acompanha a evolução dessa tecnologia no mundo. “Ao revelar grandes talentos que desafiam os limites da expressão artística por meio de obras autorais, o Brasil tem sido visto como referência internacional nesse campo”.

 

Felipe Sztutman, fundador da AYA e diretor da exposição, ressalta que “LUZ ÆTERNA – Ensaio Sobre o Sol” funciona também como um hub criativo, no qual artistas brasileiros compartilham experiências e exploram soluções técnicas, culminando em uma exposição inovadora e destacando a capacidade do país.

 

Ode ao Sol

 

As sete obras de “LUZ ÆTERNA – Ensaio Sobre o Sol” são diferentes, mas se complementam ao fazerem uma ode à principal estrela do sistema solar. “Elas ilustram o que acontece quando o Sol, transformado em luz artificial e eletricidade, é incorporado pela mente de um artista”, destaca Curti.

 

A mostra transita entre o mundo físico e virtual, criando um espaço hibrido onde o público é parte ativa das obras. “As interações digitais, presentes em várias instalações, geram novos modos de participação, permitindo que o visitante transforme sua percepção de realidade. Essa integração entre real e digital oferece experiências que desafiam o sensorial e a própria noção de presença no espaço”, sublinha Sztutman.

 

Experiência democrática

 

Para Antonio Curti, uma das características mais importantes de “LUZ ÆTERNA – Ensaio Sobre o Sol” é a sua abordagem universal e democrática, que toca o íntimo de cada um, independentemente da idade, escolaridade ou classe social. “Não tem certo ou errado nessa exposição, não há uma barreira de conhecimento que impeça uma boa experiência. É para entrar, sentir e sair transformado. São obras muito livres e cada pessoa, a partir da sua bagagem, vai criar a sua relação, o seu diálogo com as obras”.

 

Mesmo em tempos de tantos estímulos, o curador destaca que a exposição capta a atenção, já que o visitante sai da contemplação, passa para a imersão e se torna parte da experiência. Tem ainda um certo mistério, pois o público não sabe como tudo é feito e o que está por trás de cada obra, o que faz parte do encantamento da exposição.

 

Acessibilidade

As sete obras que integram “LUZ ÆTERNA – Ensaio Sobre o Sol” possuem audiodescrição e versão em Libras, disponível a partir de QR Codes em cada sala da exposição. A mostra também conta com um objeto tátil, que aquece a partir do toque do visitante, fazendo referência à obra “Fluido Solar”, da artista Ero.

 

Conheça as sete obras que integram a exposição:

 

Gênesis. A obra da AYA Studio, fundada por Felipe Sztutman e Antonio Curti, conta a história e influência do Sol, desde a sua origem até o seu papel fundamental na geração de eletricidade. Por meio de uma sala de projeção, os visitantes podem vivenciar a evolução e o poder do Sol, de uma forma lúdica, imersiva e sensorial. A trilha sonora original é da compositora Juvi Chagas.

 

Fluido Solar. Assinada pela artista ERO, a obra participativa representa a busca pela iluminação, destacando o contraste entre o desconhecido e a luz interior de cada ser humano. Como um espelho interativo, a obra desafia a bidimensionalidade ao flutuar no espaço central da sala, oferecendo raízes como conexão com a Terra e a natureza.

 

Continuum. A partir de dados gerados em tempo real de fenômenos solares e meteorológicos captados via satélite, a obra, criada pela Sala 28, de Junior Costa Carvalho e Rodrigo Machado, é composta de barras de LED endereçáveis pixel a pixel. A luz transcende seu papel tradicional ao tornar-se a narradora de histórias cósmicas.

 

Perihelion. Assinada pelo artista Bruno Borne, a obra mostra o gradual processo de despojamento, de economia de recursos, para se voltar ao que é essencial. A exatidão dos ciclos e o fetiche das órbitas pulsam. O céu é captado, reprocessado e projetado, em tempo real, no interior da sala, como uma Câmera Escura.

 

Aquarela de Íons. Nesta obra, os artistas Arthur Boeira e Gustavo Milward propõem uma reflexão sobre a magnitude solar e seu poder de influenciar até mesmo corpos distantes em forma de Data Art. Utilizando satélite que captura os íons solares e dados retroativos de fenômenos solares, a obra os apresenta de uma maneira imersiva, com a aproximação do espaço e do território humano por meio de som, luz e imagem.

 

Photosphere. Integrando elementos astrofísicos e biológicos, em uma experiência audiovisual sensorial, o trabalho do artista Vigas, mostra, por meio de uma tela circular, a dinâmica da fotosfera solar.  Utilizando elementos e dados reais coletados do universo, a obra cria padrões vibrantes e cores efêmeras, sincronizadas com uma trilha sonora original baseada em sons reais captados do espaço. A instalação estabelece uma conexão entre luz e som e transmite a intensa variação de energia solar.

 

Céu Zero. A obra, criada pelo artista Matheus Leston, questiona a forma de ver as coisas, usando, como pano de fundo, o horizonte – linha que está sempre distante, separando o céu e a terra. A peça artística traz questões como: o que aconteceria se, de alguma maneira, nós conseguíssemos capturar o horizonte? O que aconteceria se, finalmente, ele estivesse ao nosso lado e na altura dos nossos olhos? Talvez assim fosse possível entender que o céu não é plano como nos parece quando olhamos para cima.

 

Circuito Liberdade 

O CCBB BH é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas. 

 

SERVIÇO

“LUZ ÆTERNA – Ensaio Sobre o Sol”

Data: até 10 de fevereiro de 2025

Local: Galerias do 3º Andar do Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte

Endereço: Praça da Liberdade, 450 – Funcionários – BH/MG

Funcionamento da exposição: quarta a segunda, das 10h às 21h30.

Classificação indicativa: livre

Ingressos gratuitos disponíveis em ccbb.com.br/bh e na bilheteria física do CCBB BH.

 

IVO

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here