A artista mineira Idylla Silmarovi estreia o projeto solo “CAÇADA – Esse nome que ainda não temos”, que propõe a investigação a partir de como os territórios, cartografias, mapas, rotas e fronteiras se relacionam com as nossas memórias neste chão. O espetáculo tem direção de Rafael Bacelar e coreografia e assistência de direção de Vina Amorim, e coloca em discussão o concreto presente nas cidades, mostrando que, apesar de toda ausência e roubo, o chão, o corpo e as memórias ainda pulsam. A performance propõe a interlocução de Idylla com o público junto à obra audiovisual do fotógrafo e cineasta Edgar Kanaykõ Xakriabá e a trilha sonora original de Davi Fonseca e Lucas Ferrari.
“CAÇADA – Esse nome que não ainda temos” faz única apresentação no dia 20 de dezembro, quarta-feira, às 20h, no Galpão Cine Horto. Ingressos R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada). Vendas: www.sympla.com.br. O espetáculo tem a co-produção da PACT Zollverein (Essen/Alemanha). A direção de arte é de Luiz Dias e iluminação de Marina Arthuzzi.
“CAÇADA” é um trabalho de linguagem híbrida que envolve dança, performance, teatro e audiovisual. A montagem nasce dentro da Ka’adela, uma plataforma de pesquisa, investigação e prática em performance, idealizada e dirigida pela artista Idylla Silmarovi, junto a um grupo de artistas emergentes. A artista propõe pensar nos momentos coloniais nas cidades, sobre como ocupar esses elementos os tendo como dispositivo cênico para construir memórias. “Juntes, refletimos, discutimos e agimos artisticamente em relação aos monumentos coloniais presentes nas cidades, em parceria com grandes festivais de dança, teatro e performance dentro e fora do Brasil. Com o Projeto CAÇADA é a primeira vez ocupamos um edifício teatral, depois de muito tempo ocupando o espaço urbano público”, conta Idylla Silmarovi.
Em 2021, Idylla Silmarovi participa de uma residência artística no centro coreográfico PACT Zollverein, na cidade de Essen, na Alemanha, onde inicia o experimento de seu novo trabalho solo intitulado CAÇADA. “Uma investigação em torno da ideia de territórios, cartografias, mapas, rotas e fronteiras, e como esses elementos se relacionam com as nossas memórias, essas que são um direito negado pelo sistema colonial, afetando nossas noções de pertencimento e nossas lutas”, explica Idylla Silmarovi.
A artista completa que “CAÇADA – esse nome que ainda não temos”, nasce da questão: e se eu colocar meus ouvidos no chão para ouvir o que esta terra tem a me dizer? “Concreto, argamassa, indústria, cidade, acúmulo, memória, fronteira. Tudo está rachado, mas o chão ainda pulsa. As placas tectônicas, a lava dos vulcões, o calor do núcleo da terra, os rios escondidos pelas cidades ainda fazem o chão pulsar. Revelam as cicatrizes e aquilo que está escondido. Este trabalho é uma ação impossível, um encontro áspero que dança memórias de lutas”, explica.
Em cena, Idylla Silmarovi realiza um espetáculo no qual ela dança, atua e convida o público a compartilhar o tempo-espaço que constantemente se constrói e destrói. O trabalho de direção do Rafael Barcelar e coreografia de Vina Amorim produz uma colagem imaginária que produz uma experiência no corpo do público, seja a partir da performance da atuação, do audiovisual, da iluminação, da trilha sonora, do compartilhamento e demarcação do território. “A plateia é convidada a vivenciar o espetáculo e não somente a assisti-lo, e sobretudo, a experienciar.”
A investigação de Idylla Silmarovi passa pela criação de diversos territórios no palco, que mescla a sua performance em cena com a sua memória pessoal: a perda de território e logo, de sua memória e pertencimento étnico. “CAÇADA – esse nome que ainda não temos é um convite para compartilhamos o tempo, imagens, memórias e territórios, entendendo que a terra, as artes, o alimento e os sonhos só fazem sentido se forem compartilhados”, diz a artista. Nesse sentido, a sobreposição de linguagens artísticas também estão presentes no trabalho, conforme pondera a artista. “Uma vez que se não deveria existir fronteiras em nossa terra, também não deveria existir fronteiras nas linguagens e nos corpos”, concluí.
IDYLLA SILMAROVI é artista da cena e pesquisadora. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal de Ouro Preto, com pesquisa intitulada “Estratégias da arte em estado de guerrilha”. Investiga as interseções entre a arte e o ativismo dentro das artes cênicas, principalmente no que tange o debate em torno da memória como um direito negado pela colonialidade. Se movimenta junto à coletivos em parceria com a Toda Deseo, Academia TransLiterária e outres artistas. Diretora artística e idealizadora da plataforma / residência Zona de Encontro. Criadora do projeto de pesquisa e experimentação E.C.O.S – experimentos cênicos de orientação sudaka, criadora e diretora geral da plataforma Ka’adela. Artista residente na PACT Zollverein (Essen – Alemanha). Busca afundar caravelas.
Ficha Técnica:
Idealização, Performance e Textos: Idylla Silmarovi | Direção: Rafael Bacelar | Coreografia e assistência de direção: Vina Amorim | Direção de arte: Luiz Dias | Criação de vídeo e fotografia: Edgar Kanaykõ Xakriabá | Trilha sonora original: Davi Fonseca e Lucas Ferrari |Desenho de luz e responsável técnica: Marina Arthuzzi | Produção executiva: Ju Abreu | Realização: Plataforma Ka’adela | Classificação: 16 anos | Duração: 50 minutos
Serviço:
“CAÇADA – esse nome que ainda não temos”
Dia 20 de dezembro, quarta-feira, às 20h
Galpão Cine Horto (Rua Pitangui, 3613, Horto – Belo Horizonte/MG)
Ingressos: R$30,00 (inteira) R$15,00 (meia entrada)
Vendas pela Sympla:
https://www.sympla.com.br/evento/espetaculo-cacada-este-nome-que-ainda-nao-temos/2270920