No dia 26 de outubro, sábado, a professora e escritora Sílvia Contaldo lança o livro “Mama Nostra”, uma reunião de 14 crônicas sobre percepções, sentimentos, dores e apreensões provocadas pelo adoecimento por câncer de mama. Dentre os textos, sete resultam de conversas com outras mulheres que também passaram – ou estão passando – pela doença. Os relatos foram escritos a partir de quatro provocações: o que senti quando recebi o diagnóstico; um momento difícil vivido; como percebo a doença; e o que mudou na minha vida.
“Mama Nostra” é prefaciado pelo professor Dr. Audemaro Taranto Goulart e ilustrado pelo artista plástico Rubem Filho. O lançamento será no dia 26 de outubro, sábado, às 11h, na Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi). Editora: Fique Firme. Valor de venda: R$: 45,00
Sílvia Contaldo enfrentou o câncer de mama e passou por duas mastectomias, nos anos de 2008 e de 2021. Em meio à dor, ao medo, às mudanças e ao novo tratamento quando já se julgava curada, a professora buscou na sua história de superação a inspiração para escrever o livro “Mama Mia”, publicado em 2022. O trabalho traz 17 minicrônicas, que mostram, de uma forma leve e descontraída, que o câncer pode ser superado.
Agora, Sílvia Contaldo lança o segundo livro da série, intitulado “Mama Nostra”, que reúne relatos de mulheres vítimas do câncer de mama, reconfigurados em prosa fictícia. “A partir da publicação do ‘Mama Mia’, eu comecei a conversar com grupos de mulheres que também estavam em tratamento ou já tinham passado pelo câncer de mama. Mas, especialmente, uma visita a um presídio feminino, justamente sobre o Outubro Rosa, me fez pensar: vou escrever também sobre outras mulheres e continuar essa prosa. Assim, o livro é uma forma de reafirmar o inadiável compromisso que nós, mulheres, temos com a saúde do corpo e da alma, em todos os sentidos. Porque não basta um Outubro Rosa, como escrevi em ‘Mama Mia’, o câncer de mama não conhece calendário. Precisamos falar sobre a doença e agir contra ela.”
A autora conta que um dos objetivos do livro “Mama Nostra” é chamar a atenção para prevenção do câncer de mama, mas mais do que isso, é poder falar abertamente sobre a doença, sobre os medos, sobre a vida, a cura e até sobre a morte. “O que eu quero trazer com a minha escrita é a reflexão: as mulheres que tratam o câncer de mama não devem ser vistas como coitadas. Todo ser vivo pode ser acometido por alguma doença e, no caso de câncer de mama, com a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento, há cura. Penso que a palavra também é terapêutica. Falar sobre a doença e refletir sobre o tema da finitude pode ampliar e aprofundar a nossa visão de mundo, deixando de absolutizar o que é relativo. Por exemplo: perder cabelos, ficar careca, por conta da quimioterapia, não é o fim…. Fim é deixar de fazer os exames preventivos. Os cabelos crescem novamente…”, explica a autora.
“Mama Nostra” traz 14 crônicas, sendo sete escritas a partir de relatos de outras mulheres e outras sete extraídas dos sentimentos e experiências da própria autora. O livro começou a nascer em uma roda de conversa, quando Sílvia Contaldo solicitou as participantes que falassem sobre o câncer de mama a partir de quatro provocações: o que senti quando recebi o diagnóstico; um momento difícil vivido; como percebo a doença; e o que mudou na minha vida. Além dos relatos do grupo, a autora contou com depoimentos de amigas que tiveram câncer de mama. “Assim, ‘Mama Nostra’ tem a mesma estrutura do ‘Mama Mia’: crônicas, no estilo creative non-fiction, porém, agora, com base também nas histórias que ouvi. À medida que eu recebia os textos, fui escrevendo as histórias, não literalmente (ao pé-da-letra), embora conservando a verdade, inclusive os seus nomes próprios. Por isso, ‘Mama Nostra’ é mais do que um braço do ‘Mama Mia’, talvez a outra mama ou as outras mamas. Porque há sempre alguma história para ser contada, e a escrita é um modo de entender o mundo, para além do que nos é dado imediatamente, como se fosse o fim da linha.”
Sobre os nomes das publicações, “Mama Mia” e “Mama Nostra”, Sílvia Contaldo conta que a sua descendência italiana a inspirou, com muita leveza, a ‘brincar’ com a doença. “Mama Mia é a expressão que eu usava para referir à minha prótese externa, numa brincadeira linguística. Conto isso na crônica de mesmo nome. Eu sou filha de italiano, e da expressão exclamativa e sonora Mamma mia… inventei o ‘Mama Mia’. E o ‘Mama Nostra’ chega para falar das nossas mamas, das histórias não apenas da minha, mas de outras mulheres.”
No Brasil, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, foram estimados 73.610 casos novos de câncer de mama, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 41,89 casos por 100 mil mulheres, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer, 2022. Para Sílvia Contaldo, de certa forma, o câncer de mama ainda é um grande tabu e o acesso à prevenção e ao tratamento adequado precisa ser ampliado, embora tenha evoluído muito nos últimos anos. “As políticas públicas de saúde devem proporcionar a todas as mulheres o acesso aos exames e isso ainda não acontece na proporção que deveria ser. Não basta um Outubro Rosa, como eu já disse, o câncer de mama não conhece calendário. Aliás, nenhuma doença ‘respeita’ os calendários de campanhas preventivas.”
SÍLVIA CONTALDO
Sílvia Contaldo é professora de Filosofia desde 1977. Em 2011, publicou Cor Inquietum, uma análise das Confissões de santo Agostinho, resultado de seu Doutorado em Filosofia Medieval. Em 2022 publicou “Mama Mia”, livro que reúne “crônicas sobre [suas] percepções e sentimentos, sobre dores e apreensões provocadas por essa doença, cujo pseudônimo é câncer e sua representação pictórica é o caranguejo”. Continua pesquisando e escrevendo textos e capítulos de livros sobre a filosofia tardo-antiga, especialmente sobre santo Agostinho, com quem re-aprende todo dia: “Meu coração, onde eu sou o que sou.” (Confissões, X,13).
SERVIÇO
Lançamento do livro “Mama Nostra”
Autora: Silva Contaldo
Data: dia 26 de outubro, sábado, às 11h
Local: Livraria Quixote
Valor do livro: R$ 45,00
Ilustração: Rubem Filho
Prefácio: professor Dr. Audemaro Taranto Goulart
Publicação: Editora Fique Firme, de Belo Horizonte.
