O Cine Santa Tereza recebe, entre os dias 17 e 21 de dezembro, a sexta edição da Mostra Periferia Cinema do Mundo, que acontece com o propósito de apresentar um panorama da recente produção cinematográfica nascida nas periferias de Belo Horizonte e Região Metropolitana. Neste ano, a iniciativa conta com programação de 16 filmes, entre curtas e longas-metragens, produzidos entre os anos de 2023 e 2025, além de sessões comentadas. Entre os destaques estão três produções de Ben-Hur Nogueira – premiado jovem cineasta do Aglomerado Morro das Pedras, “Andança”, “Arrabalde Corsário” e “Pandeminas”, e a exibição de “O Último Episódio”, de Maurílio Martins, longa-metragem de grande sucesso da produtora mineira Filmes de Plástico, lançado em outubro deste ano. Esta edição da mostra contempla também os lançamentos, na capital mineira, dos filmes “Nem todo muro é de concreto”, de Dea Vieira e Marcus Vieira, e “Quatro Meninas”, de Karen Suzane.
A Mostra Periferia Cinema do Mundo faz parte da programação do Circuito Municipal de Cultura e integra as comemorações pelos 128 anos de Belo Horizonte. A curadoria dos filmes é do artista, poeta e produtor cultural do Cine Santa Tereza, César Gilcevi. As sessões são gratuitas e os ingressos podem ser retirados no site Sympla e na bilheteria do cinema 30 minutos antes da sessão. O Circuito Municipal de Cultura é realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, através da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, em parceria com o Instituto Odeon. Mais informações pelo site do Circuito Municipal de Cultura.
A sexta edição da Mostra da Periferia Cinema do Mundo começa no dia 17 de dezembro, quarta, às 19h, com o lançamento, em Belo Horizonte, do filme “Quatro Meninas”, de Karen Suzane, que explora temas como liberdade, poder, identidade, afeto e a luta por um mundo igualitário. A obra traça a história de Tita, Lena, Francisca e Muanda, quatro mulheres negras, escravizadas no Brasil de 1885, e que sonham com a liberdade. Encarregadas dos cuidados de quatro estudantes brancas em um internato no interior, as escravas planejam fugir, mas suas sinhás descobrem o plano de fuga e, para surpresa das moças, decidem ir junto. As oito meninas encontram abrigo em uma casa abandonada e, longe das estruturas de poder tradicionais, enfrentam desafios de convivência, aprendem sobre si mesmas, seus desejos e o amor. Mas quando uma velha ameaça ressurge, todas precisam se unir para sobreviver.
No dia 18, quinta, às 19h, a mostra apresenta três produções: o curta-metragem “Assaltos & Batidas”, de Renan 1RG; o documentário “Béradêro: Chico César e Mama África”, de Gabriel Navajo e Renan Guaceroni; a ficção “Ana Lógica”, de Eberson Martins; e o lançamento da película “Nem todo muro é de concreto”, de Dea Vieira e Marcus Vieira.
Em “Assaltos & Batidas”, Renan 1RG traz a história de um jovem da periferia que atravessa um ciclo que parece inevitável: a sedução do crime, o peso da sobrevivência e o conflito com a própria consciência. Entre escolhas rápidas e consequências longas, ele tenta encontrar um sentido em meio ao caos cotidiano. No documentário “Béradêro: Chico César e Mama África”, os diretores Gabriel Navajo e Renan Guaceroni acompanham o artista Chico César de volta a sua terra natal para a regravação de um vídeo clipe icônico de sua carreira “Mama África”. Enquanto eles acompanham esse processo, são apresentados a infância e as relações da cidade e seus moradores com o artista.
Em “Ana Lógica”, Eberson Martins leva o público a conhecer a trajetória da bonequinha Ana Lógica, que viaja no tempo em sua nave e passeia por estéticas analógicas, e até mesmo digitais. No filme “Nem todo muro é de concreto”, Dea Vieira e Marcus Vieira narram a história do jovem técnico em informática da comunidade Cabana do Pai Tomás, Lucas, que durante uma entrevista de emprego, percebe que está sendo julgado menos por suas habilidades e mais pelo lugar de onde vem. Entre perguntas sutis e silêncios carregados, o que parece uma conversa profissional se transforma em um retrato do preconceito velado.
A programação segue no dia 19, sexta, às 19h, com a exibição de três documentários do diretor Pedro Henrique Monteiro Moreira, mais conhecido como P.drão: “Afromineiridades”, que conta a história de duas comunidades da cidade de Belo Vale MG: Boa Morte e Chacrinha; “Leonardo Snake pelas ruas da cidade” e “Neves em cores”, que relatam o projeto audiovisual do grafiteiro Leonardo Snake, grafiteiro mineiro que transforma muros em arte e leva cor às ruas de Ribeirão das Neve. A sessão será comentada por P.drão, um dos pioneiros da produção de videoclipes independentes nas periferias em todo Brasil.
A Mostra Periferia do Mundo abre a sessão do dia 20, sábado, às 16h, com a ficção “O último episódio“, de Maurílio Martins, recém produção da Filmes de Plástico, sediada em Contagem, que fez estreia nacional em outubro de 2025. A produção traz a história de Erik, um garoto de 13 anos, que tem uma paixão platônica por Sheila e, para se aproximar dela, diz ter em casa uma fita com o lendário “último episódio” do desenho Caverna do Dragão. Com a ajuda de seus amigos, precisa inventar uma saída para a enrascada em que se meteu, vivendo uma intensa história de amadurecimento.
A sessão do sábado (20), às 19h, será marcada pelas exibições de três filmes do premiado jovem cineasta Ben-Hur Nogueira. No curta-metragem “Andanças”, o diretor – nascido e criado no Aglomerado Morro das Pedras – explora a caminhada de jovens periféricos espalhados pelo Brasil na tentativa de se tornarem jogadores de futebol como uma perspectiva de um futuro melhor. Ambientado em uma favela brasileira, o filme explora a rotina da Família Vieira, onde o caçula, Matheus, anseia por se tornar um jogador de futebol profissional e sua mãe, Priscilla, investe no talento de seu filho. Em “Arrabalde Corsário”, Ben-Hur resgata a noite de ano novo em uma favela e explora temas como a memória e a saudade dos habitantes de um gueto durante a passagem do ano novo.
O público poderá conferir também o curta-metragem “Pandeminas”, que rendeu a Ben-Hur a menção honrosa de Melhor Curta Internacional pelo Varsity Film Expo 2023. O filme aborda o período de isolamento social na maior crise sanitária da humanidade moderna (a Covid-19), quando um jovem cinegrafista narra o cotidiano de seus pais, dois ativistas moradores de uma favela brasileira, que juntos lideram um projeto de erradicação da fome. A sessão será comentada por Ben-Hur Nogueira, idealizador do Prêmio Marku Ribas e um dos criadores da Mostra de Cinema Preto Periférico de Ouro Preto.
A ficção “Nós é ruim e mora longe”, de Ítalo Almeida, também terá exibição no domingo (21), às 17h. A obra narra a história de Rayra, uma jovem que vai para seu oitavo emprego na exaustiva rotina de trabalho em shopping centers. Em uma festa distante do seu bairro, ela reencontra um ex-companheiro que oferece uma solução a curto prazo para seus problemas.
Encerrando a programação da sexta Mostra Periferia do Mundo estão os documentários “Encantarias”, de Lucas Fabrício, e “Nas bordas da Contorno”, de Karine Bassi, que serão exibidos no domingo (21), às 19h. Em “Encantarias”, seguindo os rastros dourados da memória, moradores de uma cidade narram o encantamento dos seus dias e contam de seres que habitam as matas. O filme “Bordas da Contorno” parte do cotidiano de Sofia, uma jovem mulher da periferia de Belo Horizonte, para falar sobre deslocamento, trabalho e o direito de existir na cidade. O filme observa o dia a dia com um olhar direto, quase documental, mas atento aos detalhes que revelam o humano dentro do cansaço.
Sobre o Circuito Municipal de Cultura
O Circuito Municipal de Cultura foi criado com o compromisso de oferecer uma programação contínua, em diversos formatos, a partir de ações descentralizadas nas nove regionais da PBH. Desde então, o projeto tem realizado shows, espetáculos cênicos, intervenções urbanas, exibição de filmes e mostras temáticas, além de atividades de reflexão e formação em diferentes linguagens artísticas, reforçando seu importante papel de fomento.
Entre dezembro de 2019, quando foi lançado, e setembro de 2025, data que marcou o fim do Ano V, o Circuito Municipal de Cultura realizou 1150 atividades artísticas e culturais, que alcançaram um público estimado de aproximadamente 630 mil pessoas. Incluindo ações presenciais, virtuais e híbridas, a programação ocorrida durante esse período histórico do projeto movimentou a contratação de quase 7 mil artistas e profissionais técnicos da cadeia produtiva da cultura.
VI Mostra Periferia Cinema do Mundo
Quando. De 17 a 21 de dezembro (quarta a domingo)
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Onde. R. Estrela do Sul, 89, Santa Tereza – BH/MG
Quanto. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados no site Sympla e na bilheteria do cinema 30 minutos antes da sessão.
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PROGRAMAÇÃO
17/12, quarta-feira, 19h
Quatro meninas | (Karen Suzane | Brasil | 2025 | Ficção | 98 min)
Encarregadas dos cuidados pessoais de quatro estudantes em um internato no interior, quatro mulheres negras – Tita, Lena, Francisca e Muanda, – sobrevivem às suas circunstâncias de escravas, sonhando com a liberdade. Quando um romance impensado põe a vida de uma delas – Lena – em perigo, as quatro decidem fugir. Mas suas sinhás descobrem o plano e, para a surpresa das moças, elas exigem ir junto. O grupo encontra abrigo em um casarão abandonado e enfrenta desafios de convivência. Livres das estruturas tradicionais, as moças negras experimentam o poder, o amor e a possibilidade de sonhar com o futuro, enquanto as brancas resistem a aprender a ajudar nas tarefas domésticas e a cuidar de si mesmas. Mas quando uma velha ameaça ressurge, todas precisam se unir para sobreviver.
Classificação indicativa: 14 anos
18/12, quinta-feira, 19h | SESSÃO COMENTADA
Assaltos & Batidas | (Renan 1RG | Brasil | 2025 | curta-metragem de ficção| 11 min)
Um jovem da periferia atravessa um ciclo que parece inevitável: a sedução do crime, o peso da sobrevivência e o conflito com a própria consciência. Entre escolhas rápidas e consequências longas, ele tenta encontrar um sentido em meio ao caos cotidiano. Com estética urbana e pulsação musical, o curta-metragem costura diferentes pontos de vista do território, revelando como violência, afeto e política convivem no mesmo quarteirão e empurram pessoas comuns para papéis extremos.
Classificação indicativa: 12 anos
Béradêro: Chico César e Mama África | (Gabriel Navajo; Renan Guaceroni | Brasil l Doc. | 2025 | 17 min)
O curta acompanha o artista Chico César de volta a sua terra natal para a regravação de um vídeo clipe icônico em sua carreira “Mama África” enquanto acompanhamos esse processo somos apresentados a infância e as relações da cidade e seus moradores com o artista.
Classificação indicativa: Livre
Nem todo muro é de concreto | (Dea Vieira/Marcus Vieira | Brasil | 2025 | Drama/Ficção | 9 min)
Durante uma entrevista de emprego, Lucas, jovem técnico em informática da comunidade Cabana do Pai Tomás, percebe que está sendo julgado menos por suas habilidades e mais pelo lugar de onde vem. Entre perguntas sutis e silêncios carregados, o que parece uma conversa profissional se transforma em um retrato do preconceito velado e das barreiras invisíveis que ainda dividem o país. Nem todo muro é de concreto revela, com sensibilidade e tensão crescente, como o endereço de alguém pode pesar mais do que o próprio currículo.
Classificação indicativa: livre
Ana Lógica | (Eberson Martins | Brasil | 2025 | Ficção Científica | 10 min)
A trajetória da bonequinha Ana Lógica, que viaja no tempo, em sua nave. Ela passeia desde as estéticas analógicas, até as de suporte digital.
Classificação indicativa: 16 anos
19/12, sexta-feira, 19h | SESSÃO COMENTADA
Comentarista: P.drão, produtor
Afromineiridades | (P.drão | Brasil | 2025 | Documentário | 29 min)
O documentário conta a história de duas comunidades da cidade de Belo Vale MG: Boa Morte e Chacrinha.
Classificação indicativa: livre
Leonardo Snake pelas ruas da cidade| (P.drão | Brasil | 2025 | Mini documentário | 7 min)
Conheça a trajetória de Leonardo Snake, grafiteiro mineiro que transforma muros em arte e leva cor às ruas de Ribeirão das Neves. Do primeiro traço aos grandes murais que estampam hospitais, ginásios e espaços públicos, este mini documentário apresenta a força da arte urbana como expressão, resistência e transformação social.
Classificação indicativa: livre
Neves em cores| (P.drão | Brasil | 2025 | Mini documentário | 9 min)
Projeto audiovisual sobre o grafiteiro Leonardo Snake realizando grafites em pontos principais de Ribeirão das Neves, como a Prefeitura e hospitais.
Classificação indicativa: livre
20/12, sábado, 16h
O último episódio | (Maurílio Martins | Brasil | 2025 | Ficção | 112 min)
Erik, um garoto de 13 anos, tem uma paixão platônica por Sheila e, para se aproximar dela, diz ter em casa uma fita com o lendário “último episódio” do desenho Caverna do Dragão. Com a ajuda de seus amigos, precisa inventar uma saída para a enrascada em que se meteu, vivendo uma intensa história de amadurecimento.
Classificação indicativa: 12 anos
20/12, sábado, 19h | SESSÃO COMENTADA
Comentarista: Ben-Hur Nogueira, cineasta
Andança| (Ben-Hur Nogueira | Brasil | 2025 | Documentário | 20 min)
Ambientado em uma favela brasileira, Andança explora a rotina da Família Vieira, onde o caçula Matheus anseia por se tornar um jogador de futebol profissional e sua mãe Priscilla, a matriarca da família que investe no talento de seu filho mais novo visando um futuro melhor. O curta-metragem explora a caminhada de jovens periféricos espalhados pelo Brasil na tentativa de se tornarem jogadores de futebol como uma perspectiva de um futuro melhor.
Classificação indicativa: livre
Arrabalde Corsário | (Ben-Hur Nogueira | Brasil | 2025 | Documentário | 14 min)
Ambientado em uma favela brasileira durante a noite de ano novo, o curta-metragem explora temas como a memória e a saudade dos habitantes de um gueto durante a passagem do ano novo.
Classificação indicativa: livre
PANDEMINAS | (Ben-Hur Nogueira | Brasil | 2023 | Documentário | 17 min)
Durante o período de isolamento social na maior crise sanitária da humanidade moderna, um jovem cinegrafista narra o cotidiano de seus pais, dois ativistas moradores de uma favela brasileira, que juntos lideram um projeto de erradicação da fome.
Classificação indicativa: livre
21/12, domingo, 17h
Nós é ruim e mora longe | (Ítalo Almeida | Brasil | 2025 | Ficção | 21 min)
Rayra é uma jovem indo para seu oitavo emprego na exaustiva rotina de trabalho em shopping centers. Ela coloca suas esperanças de se esquecer dessa repetida etapa de sua vida para além de outros problemas numa festa distante do seu bairro. Junto com seus amigos ela cai na noite e tem um reencontro com um ex que oferece uma solução a curto prazo para seus problemas.
Classificação indicativa: 12 anos
21/12, domingo, 19h
Encantarias | (Lucas Fabrício | Brasil | 2025 | Documentário/Ficção | 21 min)
Seguindo os rastros dourados da memória, moradores de uma cidade narram o encantamento dos seus dias e contam de seres que habitam as matas.
Classificação indicativa: livre
Nas bordas da Contorno | (Karine Bassi | Brasil | 2025 | Documentário com elementos performáticos | 55min)
Nas Bordas da Contorno parte do cotidiano de Sofia, uma jovem mulher da periferia de Belo Horizonte, para falar sobre deslocamento, trabalho e o direito de existir na cidade. O filme observa o dia a dia com um olhar direto, quase documental, mas atento aos detalhes que revelam o humano dentro do cansaço. Sem pressa e sem maquiagem, o média-metragem investiga as bordas como lugar de experiência. Geográfica, social e emocional. Ali onde o transporte público, o desemprego e a falta de tempo definem o ritmo da vida, também nascem encontros, solidariedades e tentativas de seguir em frente. Com uma linguagem que flerta com o slam, o documentário e a performance, o filme investiga o atravessamento entre corpo, território e voz. A jornada de Sofia é só um fio condutor. O filme é, sobretudo, sobre o gesto coletivo de permanecer, seja nas ruas, nos versos, nas brechas. Uma carta audiovisual às resistências que nascem nas beiradas.
Classificação indicativa: 12 anos





