A Cântaro & Cas’a edições apresenta Pedra de ler, primeiro romance de Rodrigo Bragamotta, com texto de orelha assinado por Carlos Herculano Lopes, membro da Academia Mineira de Letras e capa com xilogravura de Ciro Fernandes. A obra é ambientada em uma vila imaginada no entorno da Cordilheira do Espinhaço, uma das cadeias montanhosas mais antigas do planeta, eixo biogeográfico que articula cerrado, campos rupestres, lagoas e nascentes responsáveis pela formação de três grandes bacias hidrográficas brasileiras.
Essa geografia mineral e viva, que guarda centenas de sítios arqueológicos e tradições populares enraizadas, constitui o pano de fundo da narrativa, condiciona a existência de Hilário, personagem central, e determina o alcance espiritual, afetivo e ético da história. Filho de Xangô, criado entre lavouras de amendoim e águas de lagoa, o protagonista é atravessado por amores, rastros da religiosidade popular, pela presença enigmática de Vesúvia e, sobretudo, pelas pinturas rupestres que margeiam a Lagoa da Aroeira — inscrições cujo sentido, lento e ancestral, vai modelando seu destino.
O romance nasce, segundo o autor, de um chamado: “Hilário me procurou. Um homem da terra, rude, simples, que carregava coisas que precisavam ser ditas. As pedras do Espinhaço também tinham o que dizer, faltava quem as escutasse.”
O escritor e jornalista Carlos Herculano Lopes enxerga na produção de Bragamotta uma continuidade da linhagem de médicos-escritores em Minas Gerais, como Guimarães Rosa e Pedro Nava, e destaca sua “prosa de lenta e cuidadosa carpintaria”, próxima da atmosfera que o autor já construíra em seus volumes de contos.
“Neste seu novo livro, o autor nos convida, como um bom anfitrião que conhece o terreno em que pisa, a fazermos com ele uma viagem até a Vila do Espinhaço, povoado à primeira vista tranquilo, cravado entre as montanhas de Minas”, assinala o membro da Academia Mineira de Letras.
A editora Maraíza Labanca, que coordena o ateliê de escrita Cântaro e dirige a Cas’a edições, comenta: “Em Pedra de ler, as pedras, as árvores, as aves transmitem um saber ancestral que vai às fontes da palavra escrita. Para escutá-las, seria preciso estar magnificado junto a tudo que existe, todo o mundo natural, e misturado, contíguo a ele, sem hierarquias, sem posses, sem poder. Retornar à mãe (Candinha), à mãe terra e ao pa-terno, e reaprender a habitar poeticamente o mundo, não pelo saber técnico, moral, objetivo, mas pelo afetivo, íntimo, que não tenta obliterar o mistério. Com esse livro, podemos, nós também, leitores, reaprender a ler o mundo, ouvir seu canto e seu silêncio.”
Sobre o autor
Rodrigo Bragamotta nasceu em Entre Rios de Minas e vive em Belo Horizonte. Médico e escritor, publicou Escafandro (2022) e A neblina tem muitos nomes (2024), ambos pela Cas’a edições, e participou das antologias Entre Palavras (Pangeia, 2024) e Minas Gerais – contos e confidências (Gato Bravo, 2024, Portugal; Pangeia, 2025, Brasil). Seu livro mais recente circulou na Flitabira, Fliparacatu e na Academia Mineira de Letras. Frequentador do Cântaro ateliê, coordenado por Maraíza Labanca, é também integrante do Coletivo Lomboletas. Em 2026, lançará o infantil O futuro de Antônia e Marta. Pedra de ler é seu primeiro romance.
Sobre a editora
A Cas’a edições, com 11 anos de atuação, dedica-se à artesania editorial: acolhe originais, trabalha cada projeto em singularidade e mantém forte diálogo com a comunidade que se reúne em torno dos livros. Publica majoritariamente poesia e autorias femininas, mas sua linha abrange ainda obras que aproximam literatura, filosofia, psicanálise e artes plásticas.
Serviço
Lançamento do livro Pedra de ler, de Rodrigo Bragamotta | 124p. | R$ 70
Data: 6 de dezembro de 2025, sábado
Horário: das 10h às 14h
Local: Vila 211 – R. Estevão Pinto, 211, Bairro Serra, Belo Horizonte – MG
Será servido brunch, acompanhado de espumante.







