terça-feira, julho 2, 2024
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Quando a carne menos nobre ganha destaque

“Uma maneira de horrorizar pelo menos oito em cada dez anglo-saxões é sugerir que comam qualquer coisa que não seja a carne vermelha fibrosa de um animal. Um coração, um rim, ou mesmo um timo são anátemas. Isso é muito ruim, pois há muitas maneiras nutritivas e divertidas de preparar os vários fígados e bofes. Eles podem se tornar prazeres gastronômicos em vez de bruxaria obstinada, de tal modo que quando você comer um coração de boi recheado e assado, ou miolos de cordeiro grelha-dos, ou testículos, não precise engoli-los com a decisão nauseada de ser mais corajoso, mais inteligente ou mais potente, mas com simples deleite. [Acredito mais do que nunca nisso, mas estou cansada de anos dessa luta. Agora, quando quero comer o que os açougueiros ingleses chamam de “visceras”, espero até que todo mundo tenha ido para o Mid-South Peoria Muezzing Jambore and Ham-Bake e então faço para mim um prato chique.)”

 

Trecho de “Como Cozinhar um Lobo”, de M.F.K. Fisher

 

No Brasil, tradicionalmente, certas partes do animal são consideradas menos nobres e, consequentemente, relegadas a receitas de botecos tradicionais. No entanto, alguns chefs estão redescobrindo o potencial gastronômico desses cortes um tanto subestimados.

O timo de boi, uma glândula, é uma iguaria delicada e saborosa que muitas vezes é ignorada em favor de cortes de carne mais conhecidos. A chef Ju Duarte, da Cozinha Santo Antônio não esquece a primeira vez que comeu. “Foi em setembro de 2013, durante uma viagem para a Provence, num jantar em um restaurante estrelado maravilhoso. Foi servido uma pequena porção, como se fosse uma noz. Eu não conhecia nem de nome: ris de veau. Quando eu mordi deu aquele: uau! Inesquecível! Me explicaram que era glândula da felicidade, isso foi o suficiente para eu viciar. Quem não quer ser feliz?!” conta. “Nunca mais perdi nenhuma oportunidade de comer. Aqui no Brasil se come pouquíssimo, mas em outras culturas ele também é consumido, na língua espanhola: molejas, aqui, timo “, completa.

Na Cozinha Santo Antônio ela usa o timo da Carapreta e o preparo é trabalhoso. “Fazemos o primeiro cozimento com vinho branco, ervas e mirepoix. Depois disso é preciso retirar cuidadosamente uma membrana que envolve a glândula. A finalização é feita na grelha. Servimos com cebola e um vinagrete de jiló “, explica.

Já a língua de boi tem ganhado popularidade entre chefs e entusiastas da gastronomia devido à sua textura tenra e sabor rico. Preparada adequadamente, pode ser transformada em pratos incrivelmente saborosos, como Língua e cacau + pão de sal, um dos pratos favoritos da chef Agnes Farkasvolgyi, que ela serve no restaurante A Casa de Agnes.

Até a moela, um prato tradicional para os belo-horizontinos ficou um tempo sumida. Mas novos bares parecem resgata-la com receitas criativas. É o caso do Bar Padrin, do chef Daniel Tassi (ex Pacato) com sua Moela de Pato: moela pinga e frita, caldo de carne e alho frito.

O movimento em direção ao uso de carnes menos nobres na gastronomia não apenas oferece novas experiências sensoriais aos apreciadores da boa comida, mas também promove uma abordagem mais sustentável à alimentação. Ao utilizar cortes menos populares, os chefs podem reduzir o desperdício de alimentos e ajudar a promover uma cadeia alimentar mais equilibrada e ética.

 

Serviço

Cozinha Santo Antonio 

Rua São Domingos do Prata, 453 – Santo Antônio

Funcionamento de terça a domingo de 12:00 às 14:30 nos dias de semana e de 12:30 às 16:00 nos finais de semana. Quinta-feira de 19h às 00h

Delivery e o “buscaqui”

Whatsapp: (31) 9-8218-6427

https://www.instagram.com/cozinha_santoantonio

 

A Casa da Agnes 

Almoços segunda a sexta-feira, de 12h às 15h, sábado de 12h às 16h

Eventos fechados para até 60 pessoas

Informações e delivery: (31) 98738-7066

Rua Paulo Afonso, 833 – Santo Antônio

https://www.instagram.com/acasadaagnes

 

Bar Padrin

Rua Campanha, 11 – Carmo

@barpadrin

Foto 1: Timo da Cozinha Santo Antônio, crédito Ju Duarte

Foto 2: Língua d’ A Casa da Agnes, crédito Agnes Farkasvolgy

Leo Junior
Leo Juniorhttps://viralizabh.com.br
Bacharel em Publicidade e Propaganda pelo Centro Universitário UNA, graduado em Marketing pela Unopar e pós graduado em Marketing e Negócios Locais e com MBA em Marketing Estratégico Digital, é um apaixonado por futebol e comunicação além de ser Jornalista certificado pelo Ministério do Trabalho.
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