sexta-feira, julho 5, 2024
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Prorrogado na GAL Galeria: 1ª mostra individual da artista carioca Maria Palmeiro em BH

Foi prorrogada até 04/03/23 a primeira exposição individual da artista carioca Maria Palmeiro em Belo Horizonte, Ludíbrio. A mostra, é resultado do feliz encontro da artista com o curador mineiro Lucas de Vasconcellos, promovido pela GAL, da galerista Laura Barbi.

Maria Palmeiro tem forte relação com a cidade. “Por algum motivo, sempre volto à BH”, diz ela, que já participou de mostras coletivas na capital mineira. Em Ludíbrio, apresente nove séries, sendo uma delas, batizada de Belo Horizonte

 

Sobre a exposição

Derivada do verbete “ludus”, plural de “ludi” em latim, a palavra ludibrium, em sua etimologia, remete ao ato de brincar, àquilo que é objeto de diversão e, ao mesmo tempo, de ironia.

Nesta exposição, a produção artística de Maria Palmeiro nos anuncia diferentes variações estéticas acerca da ilusão ótica de imagens ludibriadas. Uma proposta curatorial que enreda a experiência ilusória da visão humana por um conjunto de obras produzidas por Maria entre 2018 e 2022 cujos sentidos nos revelam alternâncias dicotômicas entre o objeto e a coisa.

A artista está presente, performance à beira mar. Na areia da praia, em sua simultaneidade imagética, belos horizontes são conduzidos e perseguidos pela insistência do olhar. Em sua forma afronhada, a série Belo Horizonte ensaca sonhos no ensejo de ludibriar a realidade, capturas de um cotidiano farsesco, assim como se observa os reflexos de um cometa em movimento nas superfícies de uma casa.

Na pintura, a repetição das esferas ora assume a noção de volume em movimento, ora questiona a linha intermediária das cores. Brilho – aqui, leia-se brio – é cor que cresce sobre as paredes, uma observação do comportamento contínuo da luz. Será magia, feitiço ou imersão caleidoscópica? Taumatrópio em movimento, dobraduras de tecidos que não tem começo e nem fim. Para a artista, em sua experimentação técnica “a dobra é um modo de trabalho em que a obra deixa de ter uma origem, um suporte de acumulações” … persistindo, dessa forma, na ambiguidade da imagem, entre o que é e não é.

A fotografia é ficcionada ao manipular o espelhamento de espaços vazios de uma mesa em que os recortes são sobrepostos por objetos alusivos de um ambiente doméstico, reincidência temporal de um jogo de espelhos. Já na série Mesas, sustentadas por varas disformes, a transição entre a pintura e objeto é causada por sua disposição não convencional no espaço, uma vez que a obra requisita a parede e o chão como superfícies de apoio para sua sustentação.

Interdita em seu universo de criação pelo recolhimento social imposto à todos nós desde março de 2020, em decorrência da proliferação de organismos ainda não visíveis a olho nu, na série desenhos de quarentena, Maria parece representar a anatomia de esferas oculares, como uma tentativa de tornar visível o que se perdeu na escuridão dos dias, por vezes acinzentados, de um cenário pandêmico.

Por outro lado, na série ciência amadora, a mesma pinta composições disformes e densas de cores a partir do repertório investigativo de pesquisadores de diferentes campos do conhecimento. A artista nos situa: “o que fiz foi tornar os objetos de pesquisa presentes em mim, evidenciando um processo que se dá entre pensamento e assimilação de uma teoria e sua visualização e tradução na práxis da pintura”. Processo que se revela antropofágico em sua natureza de assimilação e produção mútua do conhecimento, alertando-nos acerca do ato estético enquanto rigor científico e a arte como objeto contestador das verdades absolutas.

Em seu figurativismo, à maneira como são desenhadas, as ameixas são risonhas pelo brio excessivo de sua voluptuosidade, ou talvez a representação do fruto em seu enquadramento erótico. As lantejoulas e a vara de led presentes na obra certamente brilhar é atraente e convincente, remontam artifícios de uma planta carnívora no desejo de capturar mariposas que sobrevoam com seus telescópios em busca de um ponto luminoso. Fiat lux: miçangas envoltas em um fósforo incendiário.

Assim, pouco a pouco, Ludíbrio se transforma em uma experiência relacional entre corpo, espaço e objetos-trecos-troços-coisas-afetos. Um jogo cênico de captura de imagens em constante movimento, transcendendo a natureza física dos objetos e transmutando o nosso olhar ao redor das coisas.

 

Curadoria e texto crítico: Lucas de Vasconcellos

 

Sobre Maria Palmeiro

Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Doutoranda no Programa de Estudos Contemporâneos das Artes da UFF e mestre pelo Programa de Pós-graduação em Artes da Cena pela ECO-UFRJ.

Artista e pesquisadora investiga e produz o entrelaçamento entre pensamento, escrita e prática através de objetos, pinturas, performances, e narrativas.

Maria participa regularmente de mostras coletivas e expôs individualmente no Rio (A obra está, 2014 e Pintura crônica, 2018) e na Argentina (Rol, 2018). Escreve textos sobre artes que estão publicados em revistas acadêmicas como Cosmos e contexto, revista A!, revista ensaia (Uni-Rio) e Lamparina (UFMG) e poesia, publicada na revista Garupa. Realizou residências artísticas em Barcelona (CanSerrat, 2017), Belo Horizonte (Espai,2018), São Paulo (Faap, 2019) e Rio de Janeiro (Refresco, 2020), e Silo (2021).

 

Sobre a GAL

GAL é uma galeria de arte virtual que desenvolve projetos independentes voltados à pesquisa e circulação da arte contemporânea brasileira. Disponibilizamos um acervo de obras selecionadas de artistas brasileiros contemporâneos para venda online, em um modelo transparente que resulta no financiamento de nossas ações.

Propomos um modelo alternativo ao praticado por galerias e instituições, buscando outros contextos para artistas mostrarem suas produções junto ao público e colecionadores diversos.

Um projeto desterritorializado que realiza exposições em espaços em desuso ou ocupa temporariamente espaços culturais tradicionais e/ou privados.

Nossa proximidade com estes artistas, de trajetórias e interesses diversos, somada a nossa rede de colaboração que reúne pesquisadores, críticos, curadores, além de parceiros de diferentes áreas de atuação, como arquitetura, cinema e publicação gráfica é o garante este modelo único e destoante.

GAL surgiu em 2017 em Belo Horizonte e suas ações têm alcance global.

 

 

Serviço

Maria Palmeiro

EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL

Até 04/03/23

CASA GAL

terça a sexta: 14 – 18h | sábado: 10 – 14h

Groelândia, 50 – Sion, Belo Horizonte, MG, Brasil.

31 99370.8998 | info@gal.art.br

Leo Junior
Leo Juniorhttps://viralizabh.com.br
Bacharel em Publicidade e Propaganda pelo Centro Universitário UNA, graduado em Marketing pela Unopar e pós graduado em Marketing e Negócios Locais e com MBA em Marketing Estratégico Digital, é um apaixonado por futebol e comunicação além de ser Jornalista certificado pelo Ministério do Trabalho.
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