Uma onça-pintada melânica, popularmente conhecida como onça-preta ou
“pantera negra”, foi fotografada em uma reserva ambiental particular
mantida pela Usina Coruripe em Januária, no Norte de Minas Gerais. O
registro da espécie rara, no final de outubro, é um importante passo para a
preservação do animal, que representa cerca de 10% da população de
onças-pintadas. No dia 29 de novembro, é comemorado o Dia Internacional da
Onça-Pintada.
A Reserva Ambiental Porto Cajueiro possui uma área de mais de 18 mil
hectares no bioma cerrado. A descoberta é resultado do trabalho de
monitoramento da biodiversidade da reserva, feito por meio do Projeto
Mamíferos, que conta com o apoio do Instituto Biotrópicos, e indica uma
provável conexão com a população de onças-pintadas do Parque Nacional
Grande Sertão Veredas, localizado a cerca de 30km da RPPN.
“Essa potencial conexão é muito importante, pois possibilitaria o movimento
de animais através da região, o que é essencial para a manutenção da
população de onça-pintada, já que a espécie precisa de grandes áreas
naturais para sobreviver”, destaca Marcell Soares Pinheiro, biólogo e
coordenador de campo do Instituto Biotrópicos. Ameaçada de extinção, a
pantera negra é da mesma espécie da onça-pintada (Panthera onca). Apesar da
coloração escura, o animal também tem as rosetas, pintas características da
espécie, porém, devido a uma mutação genética, o pelo é mais pigmentado e
as marcas são mais difíceis de serem vistas.
O felino foi fotografado no limite sudoeste da RPPN, próximo à borda da
chapada, distante das comunidades que margeiam o rio Carinhanha. O biólogo
afirma que a descoberta do animal, ameaçado de extinção, não traz riscos
para a população. “É importante ressaltar que o encontro entre pessoas e
onças-pintadas são extremamente raros e dificilmente essa espécie oferece
algum risco aos seres humanos”, destaca.
A presença da onça-pintada melânica na RPPN Porto Cajueiro sinaliza que a
unidade de conservação pode servir de “trampolim ecológico”, ponto
estratégico de ligação entre áreas de hábitat natural. “Para que as onças
alcancem outras unidades de conservação da região, como, por exemplo, o
Parque Estadual Veredas do Peruaçu ou outras áreas protegidas nas margens
do rio Carinhanha”, aponta o biólogo. O Projeto Mamíferos prevê, no
médio-prazo, desenvolver iniciativas para entender melhor o uso da RPPN
pela espécie e também para avaliar o estado geral de conservação das presas
potenciais da onça-pintada.
Em setembro, nas câmeras que monitoram animais de médio e grande portes na
unidade de conservação, foram identificadas outras espécies de mamíferos
importantes do cerrado: lobo-guará, anta, jaguatirica, gato-do-mato
pequeno, irara, paca e tatu-do-rabo-mole. Houve também, em parceria com o
Instituto Biotrópicos, a coleta de informações para inventariar espécies da
anurofauna em áreas do rio Carinhanha, a fim de apontar medidas efetivas de
conservação da fauna de anfíbios.
*Parcerias Sustentáveis*O Projeto Mamíferos integra a iniciativa Parcerias
Sustentáveis, criada para possibilitar que empresas parceiras participem de
projetos desenvolvidos ou apoiados pela Usina Coruripe. Até o momento, o
projeto conta com seis grandes empresas (Ubyfol, FMC, Bayer, Corteva,
Coplana e Mosaic), que decidiram apoiar todos os projetos do Instituto para
o Desenvolvimento Social e Ecológico (Idese), instituição cujo objetivo é
promover o desenvolvimento sustentável. Com unidades em Coruripe (AL) e em
Januária (MG), o instituto investe em projetos sociais e ambientais que
promovam a educação, cultura, empreendedorismo e o desenvolvimento das
comunidades onde atua. “Desenvolvemos o Parcerias Sustentáveis para
valorizar fornecedores e outros parceiros alinhados com nossos princípios
socioambientais”, explica o presidente da Coruripe, Mario Lorencatto.
Ele ressalta que a companhia mantém diversos outros projetos de
responsabilidade ambiental, com a preservação de mais de 25 mil hectares
protegidos nos estados onde atua. Além de Porto Cajueiro, a companhia tem
outras quatro Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN): Pereira e
Lula Lobo, em Feliz Deserto, no litoral do Alagoas; Riacho Seco e Afrânio
Menezes, em Coruripe (AL). Em Alagoas, o mapeamento científico de mamíferos
é feito junto ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), que avalia, entre outras questões, as necessidades sistêmicas dos
animais, que podem estar atreladas à sua extinção.