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Seja para ressaltar a personalidade ou para vestir com mais conforto, a moda é um importante meio de expressão e de comunicação. Porém, muitas pessoas ainda não conseguem desfrutá-la dessa forma. Além da imposição de uma estética padrão, existem os desafios enfrentados por quem tem algum tipo de deficiência física. São corpos que precisam de modelagens específicas, de tratamento diferenciado e de acessibilidade. E, embora ainda pouco representado na indústria da moda, esse público corresponde a uma parcela significativa da população.
Para se ter uma ideia, de acordo com o Ministério da Saúde, um a cada quatro brasileiros é obeso. E dados do IBGE mostram que a população com deficiência no Brasil é de cerca de 18,6 milhões de pessoas com 2 anos ou mais. São números expressivos e que demonstram a necessidade de se pensar em um mercado de moda mais diverso, adaptado e inclusivo.
Na opinião de Mariângela Marcon, vice-presidente da FIEMG Regional Zona da Mata e presidente do Sindicato do Vestuário de Juiz de Fora e Governador Valadares (Sindivest JF-GV), a moda inclusiva é um movimento que vai além da estética, promovendo acessibilidade e garantias de que todas as pessoas, independentemente de suas características físicas, identidades ou limitações, tenham oportunidades iguais de se vestir com conforto, funcionalidade e estilo. “Mais do que uma tendência, é uma transformação no setor da moda, que busca eliminar barreiras e oferecer opções para um público mais amplo, reconhecendo a diversidade como um valor essencial”, afirma.
Segundo Marcon, a indústria da moda tem avançado nesse sentido, mas ainda há muito a ser feito. “Grandes marcas já perceberam que a inclusão não é apenas uma demanda social, mas também uma oportunidade de mercado. No entanto, muitas empresas ainda enfrentam desafios, como adaptar processos produtivos, capacitar equipes e ampliar sua visão sobre diversidade”, analisa. “O consumidor moderno valoriza marcas com propósito e, aquelas que não se adaptarem, podem perder relevância no futuro”, completa a vice-presidente da FIEMG.
Tecnologia como aliada – E por falar em futuro, o do varejo, não apenas da moda, será moldado cada vez mais pela tecnologia, humanização e inovação. É o que tem observado Adriana Vidal, fundadora da Flourish – Gestão de gente e especialista em desenvolvimento humano, com atuação de 20 anos em áreas comerciais no segmento de moda. “Estive no início do ano em Nova Iorque, na NRF (maior feira de varejo do mundo) e pude acompanhar que marcas como Saks, Burberry e C&A estão ressignificando suas relações com a tecnologia, aceitando que ela é o principal recurso para impulsionamento de suas vendas, através de otimização de processos e melhoria da experiência do cliente”, afirma.
“Com algoritmos avançados e capacidade de aprendizado profundo, a inteligência artificial está moldando a criação, a produção e o consumo de moda de maneiras que antes eram inimagináveis”, ressalta a especialista.
É o que também acredita Mariângela Marcon, da FIEMG. “A tecnologia é, sem dúvidas, o caminho para tornar a moda mais democrática e inclusiva. Impressão 3D, inteligência artificial, tecidos inteligentes e realidade aumentada são algumas das inovações que permitem criar peças mais acessíveis, funcionais e personalizadas. Além disso, o comércio digital e as redes sociais ampliam a visibilidade de marcas inclusivas e permitem que consumidores encontrem produtos que atendam às suas necessidades específicas. A tecnologia não apenas facilita a produção, mas também democratiza o acesso à moda para todos”, acrescenta Marcon.
Moda inclusiva no Minas Trend – Uma das marcas que estará presente na 33ª edição do Minas Trend, de 8 a 10 de abril, no BH Shopping, em Belo Horizonte, é a paulista Camu Camu. Com 50 anos de atuação no segmento infantil, a marca já se atentou às demandas e mudanças do mercado. Tanto é que a nova coleção que será lançada durante o evento, tem 70% das peças com foco na modelagem democrática.
“Percebemos que alguns padrões já não faziam mais parte da essência da marca e buscamos outras alternativas. Então, de alguns anos para cá, para estar nas nossas campanhas e desfiles, basta ser criança. De todas as cores e etnias, gordinhas, magrinhas, altas, baixas, com síndrome de down ou com necessidades especiais”, revela Regiane Scudeler Borges, sócia e diretora de criação da Camu Camu.
Ela ressalta que hoje, infelizmente, temos altos índices de obesidade infantil e, por isso, a marca passou a focar em vestir crianças de até 10 anos, contemplando até o tamanho 18, porém com modelagens, cores e estampas lúdicas.
Ainda segundo Regiane, a Camu Camu tem um público cativo e as vendas das peças dos tamanhos maiores cresce a cada coleção. “Para esse público trabalhamos peças com modelagens diversificadas. Ajustes por elásticos nas costas, amarrações, alças com regulagens, cós de saias e calças com faixas largas, para marcar a cintura sem volume. Modelagens amplas e tecidos fluidos para garantir o melhor caimento possível. Nosso lema é de que quando uma criança se encanta com uma das nossas peças, essa peça tem que caber nela”, finaliza.
O Minas Trend é uma realização da FIEMG, por iniciativa de sua Câmara da Indústria de Insumos e Transformação do Vestuário, Calçados e Acessórios, e suas entidades SESI e SENAI, com patrocínio da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), apoio máster do Sebrae Minas, e apoio da Rede Minas, Rádio Inconfidência, Jornal Estado de Minas e Una.
SERVIÇO:33° edição do Minas Trend
Data: 8 a 10 de abril de 2025
Local: BH Shopping, BR-356, 3049, Belvedere, Belo Horizonte – Piso Ouro Preto