A inflação teve forte desaceleração no mês passado. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação do país, caiu 0,02% em agosto, resultado que veio abaixo da projeção do mercado (elevação de 0,02%). Em 12 meses, o indicador acumula uma alta de 4,24%, menor que os 4,5% registrados até julho.
“Apesar de o IPCA ter ficado abaixo do esperado em agosto, a inflação deve voltar a dar as caras já a partir de setembro. Se em agosto a deflação da energia elétrica jogou o IPCA para baixo, em setembro esse componente vai pressionar o indicador, já que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) acionou a bandeira vermelha 1, o que vai encarecer a conta de luz”, avalia Cláudia Moreno, economista do C6 Bank.
A deflação de agosto foi influenciada pela queda nos preços da energia elétrica (-2,77%) e da alimentação no domicílio (-0,73%). No caso da energia elétrica, a deflação tem relação direta com a volta da bandeira tarifária verde. Já a queda nos preços da alimentação no domicílio é reflexo, principalmente, da deflação de tubérculos, raízes e legumes.
Outros fatores que ajudaram a segurar os preços – como queda das cotações de commodities no exterior e consequente desaceleração dos preços de alimentos – ficaram para trás.
A especialista explica que em agosto, a inflação de serviços veio um pouco melhor do que o esperado, mas continua sendo motivo de preocupação. A inflação de serviços subjacentes acumulada em 12 meses, por exemplo, acelerou de 4,9% em julho para 5,1% em agosto.
“Não vemos alívio na inflação de serviços, que sente os efeitos do mercado de trabalho aquecido e dos consequentes ganhos salariais acima da produtividade.
Nossa projeção é que IPCA feche o ano em 4,7%, acima do teto da meta. Para 2025, prevemos que a inflação fique em 4,8%”, analisa Cláudia Moreno.
Segundo a economista do C6 Bank, a Selic deve ser mantida em 10,5% até o final do ano, mas existe a possibilidade de o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) dar início a um breve ciclo de alta. “Para 2025, nossa projeção é que o Copom retome os cortes na taxa básica, levando a Selic para 9%, avalia.
