O Sol de Marmelo – Divulgação Cine Humberto Mauro.
Exibições acontecem de 7 de maio a 11 de junho e vão desde os primeiros trabalhos do diretor aos longas mais conhecidos, como o “O espírito da Colmeia”(1973)
O Instituto Cervantes de Belo Horizonte promove, com a coorganização da Fundação Clóvis Salgado, a mostra de cinema “Ciclo Víctor Erice”, entre 7 de maio e 11 de junho. A mostra apresentará uma seleção de obras do renomado diretor espanhol, Víctor Erice, abrangendo diferentes momentos de sua carreira. As exibições serão gratuitas e ocorrerão no Cine Humberto Mauro.
Mesmo com uma pequena filmografia, Erice é reconhecido mundialmente. Seu último longa, lançado 30 anos depois do anterior, foi um marco no mundo do cinema, com estreia mundial na seção Cannes Premiere do 76º Festival de Cinema de Cannes. Ao longo da vida, o diretor recebeu homenagens em Locarno, foi membro do Júri de Cannes, além de ganhar os prêmios do Júri e da Crítica no Festival.
“O trabalho do Víctor Erice segue uma tradição cinematográfica muito interessante do cinema espanhol do uso elaborado de simbolismo, de mestres como Luis Buñuel, Carlos Saura. Ele é um diretor que é muito conhecido pela composição visual enriquecida, atenção muito forte para a direção de arte, para fotografia, e para o aspecto artístico”, comenta Vitor Miranda, gerente do Cine Humberto Mauro.
A mostra exibe um filme por semana, em todas as terças-feiras, até o dia 11 de junho, e propõe apresentar o trabalho de Erice de forma ampla, desde os trabalhos para a Escola de Cinema e seus curtas, até os seus longas mais conhecidos, como o “O Espírito da Colmeia”(1973) e “O Sul” (1983). Além da exibição dos filmes, haverá duas atividades formativas e uma entrevista exclusiva com o cineasta espanhol Jaime Chávarri, mediada por Victor Guimarães, crítico, programador e professor de cinema. A entrevista será publicada na plataforma Cine Humberto Mauro Mais.
O primeiro filme da programação é “O Espírito da Colmeia”(1973), um de seus filmes mais famosos, vencedor do prêmio de melhor filme no Festival de San Sebastián. A obra parte da atmosfera da Espanha pós-guerra, durante o governo de Francisco Franco, e acaba fazendo uma homenagem ao cinema como forma de compreender o mundo. Para iniciar a mostra aliando reflexão e fruição, essa exibição será acompanhada de uma atividade formativa, isto é, esta será uma sessão comentada por João Dumans e Breno Henrique, cineastas e pesquisadores da área de cinema.
No dia 14 de maio, será exibido “Os Desafios” (1969), que aborda como situações que parecem normais da vida podem acabar em surtos de violência. Em seguida, na próxima terça, o Cine Humberto Mauro projeta “O Sul” (1983): a obra desenvolve um retrato de uma família na Espanha dos anos 1950, sob o olhar da jovem Estrella, uma menina obcecada pelos segredos do sul do país.
Na última projeção de maio, o público pode conferir o documentário “O Sol de Marmelo” (1992), ganhador dos prêmios do Júri e da Crítica no Festival de Cannes, além de figurar na lista dos 50 maiores documentários de todos os tempos pela “Sight & Sound”. A obra acompanha o processo de composição de um quadro do pintor Antonio López: o passar dos dias, o cotidiano das pessoas e das coisas.
O média-metragem “Os Dias Perdidos” (1963), realizado na Escuela Oficial de Cinematografía, como projeto de licenciatura, será exibido no dia 4 de junho. Essa é uma das primeiras obras dirigidas por Erice. E neste penúltimo dia de exibição acontece mais uma atividade formativa: João Dumans apresentará uma palestra comentando o trabalho do espanhol.
A mostra finaliza com o último longa-metragem realizado pelo diretor, “Fechar os Olhos” (2023), que percorre a história de Júlio Arenas, um famoso ator espanhol que desaparece durante as gravações de um filme. Lançado 30 anos após seu último longa, o filme conquistou a crítica mundial, e é constantemente comparado com a própria vida de seu criador.
“A gente está muito feliz com esse ciclo, porque é uma parceria com o Instituto Cervantes, uma instituição que a gente já colaborou várias vezes. É interessante para a gente fazer essa celebração da cultura espanhola e em um novo modelo de programação. Normalmente fazemos as mostras em vários dias seguidos, mas para o Víctor Erice, a gente está apostando nas sessões semanais, assim acho que as pessoas vão ter mais oportunidade de se planejar e ter mais tempo para refletir e decantar cada filme” finaliza Vitor Miranda.
SOBRE VÍCTOR ERICE
Víctor Erice é um dos principais diretores do cinema espanhol moderno. Nascido em 1940, em Carranza, Espanha, Víctor Erice estudou cinema em Madrid, onde começou trabalhando como roteirista e crítico. Em 1960, ingressou na Escola Oficial de Cinematografia e se formou em Direção Cinematográfica. Ao todo, possui quatro longa-metragens, sendo o primeiro “O Espírito da Colmeia” (1973), premiado com a Concha de Ouro no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, além de diversos curta e média-metragens.
SOBRE AS ATIVIDADES FORMATIVAS
Duas atividades fazem parte da programação do Ciclo Víctor Erice: uma sessão comentada e uma palestra. Juntas, elas formam um encontro entre três cineastas: Erice, Dumans e Henrique. Trata-se também de um encontro cultural entre países distintos, entre perspectivas artísticas diversas.
A sessão comentada abre a mostra e será enfocada no filme “O Espírito da Colmeia”. Na ocasião, João Dumans e Breno Henrique comentam o longa lançado em 1973. Dumans retorna dia 4 de junho para ministrar uma palestra sobre a obra de Erice como um todo, oferecendo um panorama abrangente da estética do diretor espanhol e dos temas que caracterizam seu trabalho: a ideia é fornecer ao público uma jornada aprofundada sobre o olhar cinematográfico de Victor Erice.
SOBRE JOÃO DUMANS
João Dumans é pesquisador e realizador de cinema. Dirigiu os longa-metragens “As Linhas da minha mão” (2023), escolhido Melhor Filme na 26ª Mostra de Tiradentes, e “Arábia” (2017), co-dirigido com Affonso Uchoa, que foi exibido em diversos festivais ao redor do mundo e ganhou o prêmio de Melhor Filme no 50⁰ Festival de Brasília. Trabalhou como assistente de direção, roteirista e montador em longas como “Os Residentes”, “A Vizinhança do Tigre”, “A Cidade onde Envelheço”, “Os Sonâmbulos”, “Sete Anos em Maio”, entre outros. Em Belo Horizonte, trabalhou como programador do Cine Humberto Mauro e como professor de Cinema e Audiovisual da UNA. Escreveu a dissertação “O cinema de Straub Huillet: diálogos com Pavese”, além de artigos para revistas, jornais e catálogos de mostras de cinema.
SOBRE BRENO HENRIQUE
Breno Henrique é Bacharel em Cinema e Audiovisual pelo Centro Universitário UNA, Mestre em Comunicação Social pela UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais e Doutorando em Cinema pelo Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da UFF – Universidade Federal Fluminense. Integrou o grupo de pesquisa Poéticas da Experiência. Foi professor do curso de Direção de Arte e Cenografia do NPD – Núcleo de Produção Digital da Prefeitura de Belo Horizonte. Trabalha com Direção de arte, realização audiovisual e artes visuais.
SERVIÇO
Integral Víctor Erice
Dia: de 7 maio a 11 de junho (todas as terças-feiras)
Horário: 20h
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes
Av. Afonso Pena, 1537
Entrada gratuita
Mais informações: https://belohorizonte.
instagram.com/
Programação
Terça (7/5)
20h – O Espírito da Colmeia (El espíritu de la colmena, Victor Erice, ESP, 1973) | 14 anos | 1h34
Sessão comentada por João Dumans
Terça (14/5)
20h – Os Desafios (Los Desafíos; Víctor Erice, Claudio Guerrín Hill, José Luis Egea; ESP; 1969) | 14 anos | 1h42
Terça (21/5)
20h – O Sul (El Sur, Victor Erice, ESP-FRA, 1983) | 14 anos | 1h35
Terça (28/5)
20h – O Sol de Marmelo (El sol del membrillo, Victor Erice, ESP, 1992) | 2h13
Terça (4/6)
20h – Los días perdidos (Víctor Erice, ESP, 1963) | 41min
+ PALESTRA ministrada por João Dumans
Terça (11/6)
20h – Fechar os Olhos (Cerrar los Ojos, Victor Erice, ESP-ARG-2023) | 14 anos | 2h49