De 13 a 16 de novembro, quarta a sábado, Belo Horizonte recebe a 6ª edição de um dos maiores eventos da cena musical negra, indígena, periférica e LGBTQIAPN+ do Brasil, o Festival IMuNe. A partir do tema “Solidariedade na Música como estratégia para adiar o fim do mundo“, a programação foi composta por apresentações musicais, com veteranos e jovens artistas da cena, além de palestras, oficinas e rodadas de negócios com foco no mercado da música e sustentabilidade. O Festival IMuNe 2024 foi fomentado pelo Programa Funarte de apoio a ações continuadas 2023 e também é realizado por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Cemig e da Budweiser e apoio da Buser e IG.
Na sexta (15.11) é o grande momento de encontro e celebração do Festival IMuNe 2024. A noite, realizada no BeFly Hall, reunirá o samba carioca e ancestral de Leci Brandão (RJ) – que no auge de seus 80 anos figura como a grande homenageada da edição. Também brinda o público, a rainha brasileira do soul, Sandra Sá (RJ), com a pegada quente de sua black music, muito samba rock e sucessos que estão, há décadas, na boca do público. Juntam-se às veteranas, nomes expoentes da cena musical independente, como Sued Nunes, jovem cantora e compositora de Cachoeira (BA), que ganhou as redes sociais com sua canção “Povoada”; MC Xenon, autointitulado “fazedor de hit”, representante da pulsante cena funk mineira e dono do sucesso “Sem aliança no dedo”; e SD9, rapper da nova geração que já coleciona milhões de plays nas plataformas de streaming. Sobem ainda ao palco o rapper paulista Dexter e a multiartista mineira e idealizadora do Festival IMuNe, Bia Nogueira, que apresenta seu mais novo show Respira – Uma experiência afrofuturista.
Os ingressos para as apresentações musicais estão à venda na plataforma Sympla a partir de R$10 (meia). Já a programação que será voltada para o mercado da música com os debates, palestras e rodadas de negócio, é toda gratuita e com acessibilidade em Libras. Mais informações no instagram: @coletivoimune.
A partir do tema “Solidariedade na Música como estratégia para adiar o fim do mundo”, proposto nesta edição – com referência direta ao livro “Ideias para adiar o Fim do Mundo” do filósofo indígena Ailton Krenak -, Bia Nogueira reforça a urgência de se pensar a produção da música hoje como uma plataforma solidária e sustentável. “Diante de tantas questões, não tem mais como negar a urgência climática, nem negar para onde o capitalismo, predatório e excludente, nos levou. E, nesse sentido, precisamos nos guiar pela sabedoria dos povos originários. Como plataforma de música, também somos um espaço para reflexão, para pensar soluções alternativas, solidárias e afetivas para o ecossistema da música”, diz.
Diante da crise econômica no país, Bia Nogueira aponta que realizar um festival hoje se tornou algo caro, “mas pode ser sustentável se agirmos de forma circular”, comenta. A artista explica que, desde a primeira edição, e, sobretudo agora, o IMuNe enfrenta dificuldades com relação à logística e estrutura. “Com o alto preço das passagens aéreas, inviabiliza trazer muitos artistas. Mas, ao mesmo tempo, esses desafios nos exigem criatividade e flexibilidade. Por exemplo, nesta edição vamos seguir no modo híbrido, nas rodadas de negócio, com pitchings on-line e presenciais. Vários artistas também estão vindo de ônibus. Isso é ser resiliente. Eu vejo que a gente está conseguindo pensar em uma forma circular da música, provando que a cultura brasileira não se deixa abater pelos obstáculos. Colocar esse festival no mundo é uma prova de que a cultura nos ancora”, comenta.
Alguns Destaques da Programação: Shows e Palestras
A programação musical, acontece de 14 a 16.11, trazendo estilos como samba, funk, rap e soul. Entre os destaques, estão os shows com Leci Brandão (RJ), homenageada do festival, e Sandra Sá (RJ) convidando Dexter e Sued Nunes. “São as nossas principais atrações, duas mulheres negras, mais velhas, sábias. O mundo está precisando dessa sabedoria ancestral”, comenta Bia Nogueira.
Dos novos nomes da programação, chama atenção a jovem Mac Júlia (MG), artista criada em Betim e que, atualmente, desponta na cena nacional do rap, flertando também com o funk, em parcerias com nomes de destaque como WS da Igrejinha e MC Xenon – que também compõe o line up do IMuNe. A presença do funk na programação é forte, sobretudo a de Minas. “A cena mineira do funk tem chamado a atenção e conquistado cada vez mais força nas periferias de BH e região metropolitana. Já somam milhões de ouvintes nos streamings de música e é sucesso nas redes sociais, principalmente com as montagens (ou MTG) de grandes hits nacionais e mundiais (a exemplo da canção “Cabide”, de Mart’nália)”, comenta Bia Nogueira.
Outro ponto alto é a apresentação, no último dia do festival, da cantora indígena não-binária Oderiê (BA). Em suas canções, a artista multimídia, que também é produtora musical, visual e DJ, traz repertório com vários gêneros da Música Afro-brasileira. Daniboy (SP), Cleópatra (MG), Raphael Sales (MG), DJ Princezinha da Paz (MG), DJ Camis (MG) e DJAHI (MG) completam a programação musical que se divide entre as noites de quinta-feira e sábado, no Afro Galpão, e sexta-feira, no BeFly Hall.
Entre as palestras, o público assiste a falas da socióloga indígena Avelin Kambiuá (MG) e da artista indígena Brisa Flow (MG), que abordam o modo de vida dos povos originários e de comunidades tradicionais. “São as vozes que a gente precisa reconhecer como detentoras de uma sabedoria profunda, porque são pessoas que conseguiram existir no mundo sem destruir, sem inviabilizar a vida na terra, pelo contrário. É uma perspectiva integrada, de vida integrada com a natureza, de se ver como natureza. Como plataforma de música e de política, a gente tinha que trazer essa discussão”, afirma.
SeMPre – Semana da Música: 13 a 15 de novembro
Nesta edição, a proposta do IMuNe é seguir ampliando a representatividade, inclusive na SeMPre – Semana da Música, que acontece, dentro da agenda do festival, nos dias 13, 14 e 15 de novembro. Programação multidisciplinar gratuita, realizada pelo terceiro ano consecutivo no IMuNe, prevê palestras sobre música e sustentabilidade, abertas ao público e também a seleção de 15 artistas via chamamento público, que participarão de pitchings, rodadas de negócios e mentorias. Os selecionados se juntam a outros 15 artistas escolhidos no processo da SeMPre Fomativa, que foi realizado em julho deste ano. Dentre estes, cinco serão selecionados para realizarem showcases no dia 14 de novembro, abrindo a programação musical do Festival IMuNe.
“Desde o início do IMuNe, a ideia é colocar em diálogo artistas da velha guarda e nomes da nova geração da música mineira e brasileira, promovendo trocas e facilitando a distribuição de produtos fonográficos e a produção de trabalhos musicais”. Desde a última edição, o Festival passou a agregar também a produção de indígenas, periféricos e pessoas LGBTQIAPN+, compreendendo a importância de valorizar esses artistas que, historicamente, têm acesso restrito ao mercado artístico nacional. “A proposta é colocar as dissidências de mãos dadas. Entendemos que é tempo de amplificar as vozes em um planeta que respeite a vida de todas as pessoas. O futuro é ancestral. Toda essa tecnologia dos povos pretos que vieram de África para cá, nos deixou um legado de conhecimento milenar. Junto com a sabedoria dos povos originários, é essencial pra gente olhar para o futuro que se mostra perturbador”, pontua Bia.
“O IMuNe é esse lugar de combate ao racismo que ultrapassa a questão das ‘cotas’ e que nos mostra a necessidade urgente de mudança na mentalidade dos responsáveis pelos grandes festivais. Temos um projeto consistente, de continuidade, que permite aos artistas negros se envolverem em questões relacionadas aos negócios na área da música, aprendendo, se fortalecendo e abrindo cada vez mais espaços e frentes de trabalho. Nesse sentido, o IMuNe busca também cooperar com as ações culturais, ampliando e encorajando, a partir da oferta de debates e ações formativas, um maior envolvimento e participação dos negros nas curadorias, produções e patrocínios”, conclui Bia Nogueira.
SOBRE IMuNe
“Instante: um momento que vai além da escuta, um espaço para provocar o questionamento: ‘Quais são os instantes em que a música produzida por negros ocupa os palcos e meios de comunicação no Brasil?’. É a partir deste questionamento que a diretora artística do Festival e cantora Bia Nogueira, cria, em 2016, ao lado de Cleópatra, Rafael Salles e outros nomes da cena belo-horizontina, o IMuNe – Instante da Música Negra, nasce como uma mostra com o objetivo de valorizar e fomentar a ascensão, profissionalização e expansão de artistas negros(as) e agentes no mercado da música.
O IMuNe realizou seu primeiro Festival em 2018 e ao longo das edições de 2020, 2021, 2022 e 2023 a representatividade negra esteve presente nos palcos, bastidores, plateias, redes sociais e meios de comunicação.
Com edições presenciais, virtuais e híbridas, o Festival IMuNe atravessou os desafios impostos pela pandemia do COVID-19, conectando novos artistas com artistas consagrados na cena brasileira e gerando renda para diferentes profissionais da cadeia produtiva da cultura. Chico César, Elza Soares, Djonga e Karol Conka são alguns dos artistas de renome nacional que estiveram na programação do Festival em edições anteriores, junto do Coletivo IMuNe (Bia Nogueira, Raphael Sales, Cleópatra, Maíra Baldaia, Gui Ventura e Rodrigo Negão) e de convidados como Brezzy.On, Yukáh, A Quadrilha, Fenda, Bela Maria contemplando ainda dezenas de outros artistas de diferentes estilos musicais.
Em 2022, o IMuNe inovou, realizando uma experiência multisensorial no Metaverso, garantindo representatividade dentro e fora dos ambientes virtuais. O IMuNe Experience 2022 foi o primeiro Festival de música negra do mundo a ser realizado nessa rede de mundos virtuais que replica a realidade. Agora, em 2024, o IMuNe entra novamente nesse espaço virtual: no dia 08 de novembro, o festival realiza um noite de shows na Awticity, cidade virtual povoada por usuários do jogo GTA.
Em todas as edições, houve espaços de formação com debates e palestras; chamamento público para novos artistas apresentarem showcases e desde 2022 abriu-se uma frente de investimento no setor de negócios com a criação da SeMPre. Em 2023, o IMuNe ampliou o perfil de artistas, incluindo também artistas indígenas, periféricos e LGBTQIAPN+.
SERVIÇO
Festival IMuNe 2024
+infor.: @coletivoimune
Ingressos gratuitos e a preços populares, com retirada no Sympla
PROGRAMAÇÃO
13/11 – QUARTA
13h às 17h30 – PROGRAMAÇÃO SeMPre
Local: MUMO (Museu da Moda) – R. da Bahia, 1149 – Centro
Entrada gratuita
Palestra: Influencer ou Artista? Use as Redes para Potencializar Seu Som com Gleidistone Silva-Tom Tom (Publicitário, produtor cultural e criador de conteúdo)
Palestra: Direitos Autorais e Contratos Artísticos: Como Agir, Pensar e Negociar como Proprietário Intelectual com Rebeca Elen-Realleza (Multiartista, advogada e produtora cultural/RJ)
Palestra: Do Release ao Palco: Produza sua carreira como um profissional com Ana Cecília (produtora artística- BH)
14.11 – QUINTA
14h às 18h30 – PROGRAMAÇÃO SeMPre
Local: MUMO (Museu da Moda) – R. da Bahia, 1149 – Centro
Entrada gratuita
Abertura sagrada
Palestra: O Bem Viver com Avelin Buniacá Kambiwá
Abertura Institucional com Patrocinadores e parceiros
CICLO 1
Palestra: Brisa Flow
Mesa: Música Urbana em Ascensão: Desafios e Potências (Brisa Flow (artista/Sabará/SP), Maria Laura Tergilene e João Akerman (ONErpm, Festival Novos Encontros/BH) – Mediador: Roger Deff (rapper, jornalista e pesquisador/BH)
CICLO 2
Palestra: Aquilombamentos Culturais com Fatini Forbeck
Mesa de debate: Driblando a Crise: Estratégias e Novos Caminhos para a Música Independente (Deh Muss – Festival Sonora/BH, Fatini Forbeck – Produtora e empresária/BH, Octávio Cardozzo – Agência Peleja Lab/BH, Barral Lima -Festival Marte e UN Music/BH e Victor Diniz – Festival Sensacional/BH – Mediadora: Dani Jacó – Afropunk/Salvador)
20h00 às 1h00
Local: AFRO GALPÃO (Av. Dom Pedro II, 2725 – Alto Caiçaras)
retIrada gratuita – pelo Sympla no link
Dj Roxie
Showcases de artistas selecionados
Mascucetas
DJ SCAR
15.11 – SEXTA
14h às 15h30
Local: MUMO (MUSEU DA MODA)
R. da Bahia, 1149 – Centro
Gratuito com retirada no Sympla
Palestra: Trajetórias periféricas com Colé Markin
Palestra: Trajetórias periféricas com MAC Júlia
20h00 às 3h00
Local: BEFLY HALL Av. Nossa Sra. do Carmo, 230 – Savassi
Ingressos no Sympla:
1o lote – R$40,00 (inteira) / 20,00 (meia)
2o lote – R$60,00 (inteira) / 30,00 (meia)
Leci Brandão
Sandra Sá convida Dexter e Sued Nunes
Bia Nogueira convida Coletivo IMuNe (Cleópatra e Raphael Sales) & Maíra Baldaia
SD9
MC Xenon
DJAHI
DJ Camis
16.11, SÁBADO
19h30 às 1h00
Local: AFRO GALPÃO (Av. Dom Pedro II, 2725 – Alto Caiçaras)
Ingressos no Sympla:
1o lote – R$20,00 (inteira) / 10,00 (meia)
2o lote – R$30,00 (inteira) / 15,00 (meia)
Mac Julia
Oderiê y as Flechas
Raphael Sales
Cleópatra
Dj Princezinha da Paz
Diniboy (Brasil Grime Show)
A realização do Festival IMuNe 2024 conta com o fomento do Programa Funarte de apoio a ações continuadas 2023, também é realizado por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Cemig e da Budweiser e tem apoio da Buser e iG.
Cemig: a energia da cultura
Como a maior incentivadora da cultura em Minas Gerais, a Cemig segue investindo e apoiando as diferentes produções artísticas existentes nas várias regiões do estado. Afinal, fortalecer e impulsionar o setor cultural mineiro é um compromisso da Companhia, refletindo seu propósito de transformar vidas com energia.
Ao abraçar a cultura em toda a sua diversidade, a Cemig potencializa, ao mesmo tempo que preserva, a memória e a identidade do povo mineiro. Assim, os projetos incentivados pela empresa trazem na essência a importância da tradição e do resgate da história, sem, contudo, deixar de lado a presença da inovação.
Apoiar iniciativas como essa reforça a atuação da Cemig em ampliar, no estado, o acesso às práticas culturais e em buscar uma maior democratização dos seus incentivos.