terça-feira, dezembro 3, 2024
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Fé e morte: a diversidade religiosa manifestada na hora do “adeus”

A diversidade de religiões é uma das principais marcas do Brasil e todos os tipos de manifestações possuem a liberdade de culto garantida pela Constituição Federal – Art. 5º, inciso VI – , que assegura, inclusive, o direito de expressar a fé na hora da morte. O Código Penal, por sua vez, criminaliza qualquer tipo de intolerância religiosa – Artigo 208. Atentas a esse contexto, as empresas do segmento funerário precisam estar preparadas para oferecer seus serviços considerando essa pluralidade de credos. É o caso da Assistência Familiar Santa Casa BH, primeira funerária de Belo Horizonte e referência em boas práticas nesse sentido.

O supervisor da empresa, Alexandre Alberto Ferreira, explica que toda a equipe de agentes funerários é treinada para realizar uma abordagem adequada aos familiares do falecido e que os desejos motivados por questões religiosas são expressos já na primeira conversa. “No início do atendimento, procuramos conhecer mais sobre a cultura, a realidade social da família e a sua religião. Muitos deles conhecem a legislação e já chegam com todas as orientações para a preparação do corpo”, conta.

Ele pontua que os rituais de despedida são cercados por inúmeros desejos do próprio falecido, manifestados ainda em vida, como também da família, o que inclui desde a forma como o corpo será preparado até um objeto específico que será sepultado junto com a pessoa. Nesse contexto, a religião é um fator que influencia diretamente nas escolhas.

“Cada tratamento precisa ser personalizado. Essas práticas não envolvem apenas questões comerciais, afinal atuamos com base na lei e respeitando as crenças individuais. Não podemos padronizar um tipo de atendimento, pois cada realidade traz suas particularidades”, ressalta o supervisor, que também é tanatopraxista, profissional responsável pelo processo de preparação do corpo, visando à sua conservação para o velório.

Diante de toda a diversidade de manifestações religiosas, os profissionais da Assistência Familiar Santa Casa BH lidam com diferentes realidades na rotina dos atendimentos. Alexandre cita exemplos: “algumas religiões exigem que os próprios familiares realizem a preparação do corpo do ente querido. Nessas situações, não é feita a tanatopraxia, já que essas pessoas não são habilitadas para o serviço. Já outras religiões proíbem expressamente esse tipo de preparação, como as testemunhas de Jeová, que não aceitam a troca de sangue. Respeitar essas crenças é uma premissa do nosso trabalho”, explica o supervisor.

Orientações distintas também podem ser observadas em relação à cremação. Para alguns segmentos, como o hinduísmo, a prática é comum, uma vez que o fogo é considerado um elemento purificador e essencial para libertar a alma da matéria, permitindo a sua reencarnação. Já o judaísmo e o islamismo, por sua vez, se mostram contra a prática, apesar de existirem correntes mais liberais que a permitem.

Além de realizar a preparação do corpo, a Assistência Familiar Santa Casa BH dispõe de um amplo cerimonial destinado à realização dos velórios, momento em que a fé também se manifesta de diferentes formas. É o caso, por exemplo, das religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, que possuem mais força no Brasil. A celebração do luto, frequentemente marcada por rituais específicos conduzidos por sacerdotes e membros da comunidade, pode incluir cantos, danças e cerimônias que visam honrar o espírito do falecido e auxiliar sua transição para o mundo espiritual.

“Nós sempre buscamos atender às solicitações dos familiares. O importante é deixar claro que respeitamos qualquer tipo de cultura, religião ou credo. A opção da família é sempre colocada acima de qualquer coisa. Acolhimento é isso”, ressalta Alexandre Alberto.

O profissional menciona, ainda, outros detalhes que, à primeira vista, podem parecer simples, mas que possuem um fundo religioso e são extremamente significativos para as famílias. “O processo de ornamentação do corpo inclui a necromaquiagem, mas algumas religiões cristãs proíbem o uso. Respeitamos o corte e o posicionamento do cabelo, as roupas exigidas por determinadas religiões e também atendemos pedidos para que o falecido seja sepultado com objetos como livros, terços, colares, imagens, patuás, talit, entre outros itens. Dessa forma, o nosso intuito não é apenas oferecer um atendimento humanizado e respeitoso, mas reforçar que cada despedida é única e deve ser vivida com dignidade”, completa Alexandre Alberto.

Leo Junior
Leo Juniorhttps://viralizabh.com.br
Bacharel em Publicidade e Propaganda pelo Centro Universitário UNA, graduado em Marketing pela Unopar e pós graduado em Marketing e Negócios Locais e com MBA em Marketing Estratégico Digital, é um apaixonado por futebol e comunicação além de ser Jornalista certificado pelo Ministério do Trabalho.
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