O Casulo Espaço e Tempo de Dança estreia, no dia 2 de novembro, o espetáculo de dança “É Vida”, idealizado e dirigido pela coreógrafa mineira Carol Saletti. Em cena, 180 mulheres com idades entre 30 e 85 anos, refletem sobre a vida e a finitude, em 20 coreografias pautadas nas vivências dos seus corpos maduros. A montagem é inspirada na obra “Água fresca para as flores”, da francesa Valérie Perrin, e nos livros “A morte é um dia que vale à pena viver”, “Histórias lindas de morrer” e “Para a vida toda valer a pena viver”, da geriatra paliativista Ana Cláudia Quintana Arantes. Serão duas apresentações, às 17h e às 19h30, no Teatro SESIMINAS. Participações especiais da cantora Celinha Braga e das percussionistas do Bloco das Mimosas Borboletas. Ingressos R$ 50,00 (meia – valor único). Vendas: www.sympla.com.br e na bilheteria do teatro.

A coreógrafa Carol Saletti trabalha com as suas alunas a consciência de que ao entender o que acontece com o corpo durante o envelhecimento – ao invés de maquiá-lo ou de negá-lo –a pessoa pode ser mais ativa na busca da saúde física e mental, a viver bem e feliz, levando em conta a finitude. “As nossas alunas têm idades entre 30 e 85 anos, um grupo de mulheres bem heterógeno com relação à dança, mas a grade maioria começou a dançar depois da pandemia. São corpos maduros, que contam histórias, muitas vezes considerados inadequados para a dança, que chegam ao espaço com o sonho de dançar empoeirado, guardado no fundo da gaveta. E nós acolhemos esses corpos e as suas histórias. Porque o envelhecimento do corpo como processo natural e do qual não é possível fugir é algo que faz parte das aulas de dança da Casulo”, sublinha Carol Saletti, fundadora do Casulo Espaço e Tempo de Dança, e que além de coreógrafa, é psicóloga, especialista em Psicomotricidade e Mestre em Psicologia da Saúde e do Desenvolvimento (FR).

 

“É Vida” é um espetáculo de dança de mulheres maduras que colocam em cena seus corpos e movimentos cheios de histórias. A montagem convida as alunas a refletiram sobre o sentido da vida a partir das suas experiências, considerando a finitude como uma condição natural à existência. “Levamos para o palco 180 mulheres maduras que dançam as suas vivências, refletindo coletivamente sobre a nossa existência. São mulheres que lidam diariamente com o envelhecimento, com as marcas da idade, com a finitude como algo certo, como um caminho sem volta. A partir do momento em que envelhecemos, lidamos com a finitude com muito mais proximidade, com a nossa e a dos outros”, pondera Carol Saletti.

 

O espetáculo tem como inspiração o livro “Água Fresca para as Flores”, da escritora francesa Valérie Perrin. A obra conta a história de uma mulher de 50 anos, Violette Toussaint, que é zeladora de um cemitério no interior da França, e aponta para a capacidade humana de não se deformar diante de grandes tragédias e desafios da vida. “Na França, este livro está entre os mais lidos desde 2020. A autora, Valérie Perrin, conta a história de Violette Toussaint como se fosse um folhetim, com romance, suspense, ação e terror. Mas é uma história linda de resiliência. E eu me apaixonei pela Violette Toussaint, pela sua capacidade de levar vida até para um lugar onde prevalece a morte, que é o cemitério”, diz Carol Saletti.

 

A coreógrafa conta que o processo de criação coletiva do espetáculo também reúne, além das experiências de vidas das alunas somadas ao livro de Valérie Perrin, reflexões das publicações “A Morte é um dia que vale à pena viver”, “Histórias lindas de morrer” e “Para a vida toda valer a pena viver”, da médica geriatra paliativista Ana Cláudia Quintana Arantes. “A ideia era que o espetáculo nascesse de dentro para fora, que as alunas buscassem dentro de si o significado da vida, para cada uma delas. Então, além dos relatos pessoais, eu propus a leitura dos livros da Ana Cláudia Quintana Arantes, que falam sobre a vida levando em consideração a finitude, levando em consideração a morte como uma das etapas da vida.”

Após a leitura dos livros, as alunas foram divididas em grupos de discussões. Carol Saletti lembra que nesse momento elas se sentiram à vontade para falar das suas vivências, dores, medos e alegrias. “Surgiram relatos sobre as descobertas de doenças, as experiências com o envelhecimento, com a morte e o luto.  E foram discussões muito ricas e importantes, momentos em que rimos juntas, choramos juntas e nos fortalecemos enquanto grupo. E a partir dessas revelações, as alunas propuseram temas que mais fizeram sentido para os grupos, e que foram os pontos de partidas para as músicas, adereços e coreografias do espetáculo.”

Mais de 20 músicas dão o tom às coreografias que transitam por diversos temas, presentes nas entrelinhas das canções. “Na música “Oração ao tempo”, de Caetano Veloso, dançaremos em homenagem ao tempo, que é o nosso primeiro e grande limite na vida. Em “Gracias a La Vida”, de Violeta Parra, formamos uma lagarta que se transforma em borboletas, dançando as metamorfoses constantes da vida. Na canção “Preciso me encontrar”, de Cartola, as alunas entram em cena com uma mala nas mãos e remetem à uma viagem à procura de si mesmas. O momento mais profundo do espetáculo é com a canção “Canto para minha morte”, de Raul Seixas, em que ele canta a morte de maneira crua e nua, numa música onde falas, fábulas, tangos e valsas se misturam à única certeza de nossas vidas. E assim vamos costurando o espetáculo, por meio de músicas e coreografias que refletem o sentido da vida”, detalha Carol Saletti.

O cenário e o figurino foram inspirados no livro “Água Fresca para as Flores”, de Valérie Perrin, e se convergem com as alunas e as coreografias. “O cenário traz painéis de cordas aramadas e tecidos, que se juntam ao “cenário vivo” das alunas que representam as flores e as muitas histórias que se ligam ao livro e às lágrimas da Violette Toussaint. O figurino propõe vestidos saídos do armário da Violette, como se tivessem sido retirados do guarda-roupa da personagem para dançarmos. Abrirmos o espetáculo com uma paleta de tons terrosos e fechamos com cores vivas da natureza, celebrando os festejos da vida. Isso deu uma unidade no figurino.” O cenário é de Ana Bouissou e figurinos de Danny Maia.

COREOGRAFIAS

A cantora Celinha Braga abre o espetáculo com a música “Paciência”, do cantor e compositor Lenine. Aos poucos, a cortina se abre e o público se depara com 180 assentos vazios no palco. As alunas entram em cena, uma a uma, e se assentam em seus lugares, para início às coreografias:

Oração ao tempo” (autor: Caetano Veloso. Intérprete: Rita Benneditto): homenagem ao tempo que é o primeiro e grande limite na vida.

“Felicidade” (Marcelo Jeneci e Laura Lavieri): a alunas dançam com sombrinhas, a possibilidade de, mesmo diante a grandes desafios e tempestades, ter a sabedoria de dançar na chuva.

Gracias a La Vida” (Violeta Parra – intérprete: Elis Regina): as alunas entram formando uma lagarta e durante a coreografia se transformam em borboletas, dançando as metamorfoses constantes da vida.

Emoções” (Roberto Carlos. Intérprete: Maria Bethânia): 24 mulheres maduras dançarão a coreografia, uma turma com mulheres mais velhas, a grande maioria delas iniciantes em dança, dançando as emoções da vida, seja ela para chorar ou para sorrir.

Merry Widow Waltz” (Franz Lehár: The Vienna National Opera Orchestra): turma de ballet clássico, que reúne alunas que já dançaram este estilo em algum momento em suas vidas. Nesta turma haverá a participação de dois alunos homens.

Replay” (René Aubry): com uma venda e gestos que dão a impressão de estarem em uma corda bamba, as alunas dançam os ciclos da vida, sejam eles bons ou não. A vida é cíclica, assim como tudo na natureza.

Preciso me encontrar” (Cartola): as alunas entram em cena com uma mala e estão numa viagem à procura de si mesmas.

Tranquilo” (Thalma de Freitas): as alunas tentam equilibrar livros sobre as suas cabeças, significando suas próprias biografias. O título da música é “Tranquilo”, porém na letra da música aparecem vários temores da cantora. As alunas que começam a coreografia com movimentos organizados, vão aos poucos se desorganizando, como se as máscaras caíssem e, como de perto ninguém é normal, tanto elas como o cenário vivo, ficam numa eterna onda de organização e de desorganização, assim como a vida.

O pulso” (Titãs): por que as pessoas ficam doentes? Porque estão vivas, ora! Nesta coreografia, as alunas dançam um rock ao som dos nomes de doenças e comportamentos que podem matar, assim como podem fortalecer o sistema e o ser, porque, apesar dos pesares, “o pulso ainda pulsa”.

Canto para minha morte” (Raul Seixas):  o momento mais profundo do espetáculo. Raul Seixas canta a morte de maneira crua e nua, numa música onde falas, fábulas, tangos e valsas se misturam à única certeza de nossas vidas.

“Tell me why “(Crimso Moon: Moreza): esta música tem apenas 1 minuto e serve para a mudança de bloco. Depois da coreografia da morte, as luzes dos refletores se apagam e as alunas que estão sentadas e com véus pretos sobre as cabeças acendem velas aos poucos, até que todo o cenário vivo fique, por elas, iluminado.

“La vida es un carnaval” (Victor Daniel: intérprete: Celia Cruz): os festejos da vida começam pelos festejos da morte, com uma linda festa mexicana em homenagem aos muertos.

“Meu sangue ferve por você” (Sidney Magal): as paixões da vida é um estado excessivo de festejo interno que faz coração bater acelerado, nosso sangue ferver, nos dando a sensação de estarmos vivas.

Dancing Days” (Nelson Mota e Ruban – Intérprete: O Frenético Dancin’Days): nesta coreografia as alunas dançam a possibilidade de festejar a vida em grupo, não se importando se dançam bem ou mal, o importante é não parar de dançar. Dentre as sabedorias do amadurecimento está a capacidade de ligar o “foda-se”, parar de se importar com o que os outros pensam e passar a se cercar de pessoas que vão dançar com você até a festa acabar.

“Dança dos Arcos” (Antônio Nóbrega): representa as danças populares trazendo este festejo para homenagear a nossa rica cultura dançante brasileira.

Costura da Vida” (Sérgio Pererê): tenta compreender a costura da vida, os sentidos de estar neste mundo e de viver tudo o que vivemos com as pessoas com as quais convivemos.

Plantadeira” (Minuska Lima – Intérprete: Isadora Canto):música cantada ao vivo pela Celina Braga, acompanhada por algumas percussionistas do Bloco das Mimosas Borboletas. A coreografia será dançada por todas as alunas que estão sentadas em seus assentos. É a “Coreografia das Matryoshkas”, onde cantaremos em homenagem às nossas antepassadas, que nos deram a vida. Dançaremos em agradecimento à nossa origem.

Coreografia “Água Fresca para as Flores”: a aluna e atriz, Débora Mazochi, fará a leitura de trechos do livro, “Água Fresca para as Flores”, de Valérie Perrin. As 12 professoras se levantam e dançam este texto, em homenagem à heroína Violette Toussaint.

O que é o que é” (Gonzaguinha) com bateria ao vivo: a cantora Celinha Braga canta à capela e alunas acompanham. Inicia-se uma coreografia de samba representando uma grande festa da música e da dança brasileira. Na sequência, entram 20 percussionistas da bateria do Bloco das Mimosas Borboletas pela plateia e todos se seguem cantando.

Carol Saletti

É Psicóloga, Especialista em Psicomotricidade e Mestre em Psicologia da Saúde e do Desenvolvimento (FR). Há 26 anos, ela utiliza a dança como instrumento para estimular o desenvolvimento psicomotor, cognitivo, sócio afetivo e criativo de seus alunos. Carol é docente da pós-graduação em psicomotricidade, dirige e ministra aulas para Mulheres Maduras no “Casulo”, seu Studio de dança em Belo Horizonte.

 

O Casulo é um Espaço e Tempo de Dança destinado a Mulheres Maduras que têm como sonho aprender a dançar. As aulas levam em consideração as transformações dos corpos das vidas de nossas alunas no decorrer do tempo. Além das aulas de dança de estilos variados, propomos aulões nas praças de Belo Horizonte mensalmente, assim como clube de leitura, grupos terapêuticos, todos voltados para nossas alunas e com temas relacionados ao universo feminino.

A sede da escola fica rua São Domingos do Prata, 489, no bairro Santo Antônio, Belo Horizonte, contudo, temos escolas parceiras onde nossos professores ministram as aulas com nosso método. São elas: C.A.S.A Centro de Artes, Emaline Laia Espaço de Artes, Mimulus Escola de Dança, Núcleo Leonora Lima, Primeiro Ato Centro de Danças e Studio Arte&Passo.

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Ficha técnica

Direção: Carol Saletti | Assistente de direção: Renata Laureano | Coordenação: Fernanda Lorentz | Coreógrafas: Carol Saletti, Danielle Pavam, Dorinha Baeta, Fernanda Lorentz, Janaína Castro, Joana Wanner, Marcella Bezerra, Paula Davis, Sara Brito, Vera Bispo. | Roteiro: Carol Saletti | Cenário: Ana Bouissou | Figurino: Danny Maia | Iluminação: Ricardo Cavalcanti | Trilha sonora: Equipe Casulo | Identidade visual: Tetê Carneiro |Filmagem: Ana Luisa Cosse |Fotografia: Gabriela Monteiro | Produção: Fernanda Lorentz e Lica Capovilla | Participação especial: Celinha Braga e O Bloco das Mimosas Borboletas | Professoras: Bruna Vieira, Carol Saletti, Danielle Pavam, Dorinha Baeta, Fernanda Lorentz, Janaína Castro, Joana Warner, Marcella Bezerra, Paula Davis, Sara Brito, Vera Bispo.

 

SERVIÇO

Espetáculo “É VIDA”

 02 de novembro, quinta

Sessões às 17h e às 19h30

Teatro SESIMINAS

(Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia – BH/MG)

Duração do espetáculo: 1h20

Classificação: livre

Ingressos – R$ 50 (meia – valor único)

Vendas no site Sympla ou na bilheteria do teatro

 https://www.sympla.com.br/evento/casulo-em-cena-2023-e-vida-17h/2190009

IVO

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