Primeiro projeto que será concretizado com os recursos da capitalização da empresa, sob orientação do executivo federal, vai gerar benefícios para a região e o resgate do patrimônio histórico
O lendário Vapor Benjamim Guimarães voltará a navegar pelas águas do São Francisco. Graças a um investimento de R$ 5,6 milhões, viabilizado por recursos previstos na lei que capitalizou a Eletrobras, a embarcação — ícone da navegação fluvial brasileira e símbolo cultural do Velho Chico — voltará a operar em Pirapora, no Norte de Minas, após mais de uma década fora de serviço.
“Essa será uma entrega muito simbólica para a Eletrobras. Trata-se da concretização do primeiro projeto viabilizado pelos recursos previstos na lei que capitalizou a empresa e que começam a gerar resultados concretos para o desenvolvimento sustentável das regiões. A restauração do Vapor representa a preservação de um bem histórico, mas também o fortalecimento da economia local, por meio da valorização do turismo e da cultura do rio da integração nacional”, destaca o Diretor de Implantação de Fundos Regionais da Eletrobras, Domingos Andretta, reforçando o atendimento à decisão de política pública sob coordenação do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional e do Ministério de Minas e Energia.
Os trabalhos foram iniciados em outubro do ano passado, conduzidos pela empresa INC – Indústria Naval Catarinense LTDA, contratada pela Eletrobras para realizar as intervenções. As obras incluem a execução de todos os serviços de restauração necessários para a sua entrada em operação e seu consequente retorno à navegação, sempre com o cuidado de preservar as características históricas da embarcação.
Essa entrega também vai contribuir para o uso múltiplo da água do Rio São Francisco. Antes, a operação do reservatório de Três Marias, em Minas Gerais, era limitada pela necessidade de controlar a vazão máxima do rio. Liberar muita água poderia prejudicar ou até destruir o Vapor. Isso também afetava as usinas da Eletrobras mais abaixo no rio. Com a restauração, será possível aumentar a flexibilidade na liberação da água, beneficiando tanto as operações das usinas quanto a preservação do patrimônio histórico, sem comprometer o equilíbrio da região.
Os investimentos
Desde que se tornou uma empresa privada, a Eletrobras passou a cumprir compromissos assumidos na sua capitalização, entre eles o repasse anual de recursos para programas de desenvolvimento regional e revitalização ambiental, previstos em lei. A aplicação desses recursos, originados da outorga paga pela empresa à União, é definida pelo governo federal, sob a coordenação dos ministérios de Minas e Energia e da Integração e Desenvolvimento Regional.
A Eletrobras não tem poder para decidir onde o recurso será aplicado. Sua função é executar os projetos aprovados pelos comitês gestores desses recursos. Essa ação representa uma resposta social à capitalização da empresa, alinhando desenvolvimento regional e sustentabilidade.
A história
O Vapor Benjamim Guimarães, construído em 1913 nos Estados Unidos, é a última embarcação desse tipo em operação no mundo. Ele carrega esse nome em homenagem a um empresário e filantropo que teve um papel relevante no desenvolvimento de Minas Gerais e na promoção da navegação fluvial no Rio São Francisco.
Desde a década de 1920, o navio navegou pelo Rio São Francisco, tornando-se referência na história e no turismo de Pirapora. Tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG) em 1985, a embarcação estava inativa desde 2013 devido a problemas estruturais e burocráticos.
Com a conclusão da restauração, o Vapor será entregue para a administração da Prefeitura. A intenção é que ele volte a realizar passeios turísticos pelo Velho Chico, contribuindo para a preservação do patrimônio histórico da região e promovendo o desenvolvimento sustentável de Pirapora e do Vale do São Francisco.
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