Quarta-feira de Copa do Brasil, noite de expectativa em Belo Horizonte. O Cruzeiro, dono de seis taças do torneio — ninguém tem mais —, entrou em campo no Mineirão com a responsabilidade de fazer valer a tradição e sair na frente no duelo das oitavas contra o CRB. A promessa era de pressão, de jogo grande, de “cabuloso” inspirado. Mas o que se viu foi um 0 a 0 indigesto, daqueles que fazem a arquibancada sair coçando a cabeça e murmurando dúvidas.
A bola rolou às 19h30, com o Cruzeiro tentando impor o ritmo desde o início. A torcida compareceu, empurrou, fez sua parte. Mas em campo, a engrenagem celeste parecia travada. O meio-campo criava, mas sem veneno. O ataque até se mexia, mas finalizava sem convicção. Do outro lado, o CRB se segurava como podia, jogando por uma bola, mas consciente de que o empate fora de casa era um resultado valioso.
O torcedor cruzeirense, que já viu essa camisa levantar taça em cima de gigantes, saiu do Mineirão com um nó na garganta. “Acabou o gás do cabuloso?”, perguntou um senhor de boné azul, enquanto descia a rampa do estádio. Uma pergunta que ecoa não só na arquibancada, mas nos corredores da Toca II e nas análises dos programas esportivos.
É cedo para cravar qualquer sentença. Ainda há o jogo da volta. Mas uma coisa é certa: o peso da camisa não faz gol sozinho. Se quiser seguir na busca pelo hepta, o Cruzeiro vai precisar muito mais do que tradição — vai precisar jogar bola. E jogar bem.
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Foto: Fernando Moreno/AGIF
