Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontou que em junho de 2024 o percentual de brasileiros endividados permaneceu em 78,8%, o mesmo registrado no mês anterior. Apesar do cenário de estabilidade, a CNC projeta que o aumento do endividamento deve continuar, com o percentual de famílias com dívidas em atraso seguindo a mesma tendência, ao longo do segundo semestre.
Nessa perspectiva, organizar-se financeiramente pode parecer desafiador no início, mas com disciplina, planejamento e colaboração de toda a família, é possível alcançar um fim de ano mais tranquilo, prazeroso.
Wagner Cardoso, economista, pedagogo e professor dos cursos de Gestão da Faculdade Una Sete Lagoas, explica que “a primeira etapa para isso é realizar uma revisão financeira anual, para avaliar suas receitas e despesas, identificar gastos supérfluos e buscar oportunidades de economia. Definir metas financeiras claras, como eliminar o endividamento e poupar para as férias, também é essencial”.
Planejamento e organização
O docente orienta que, com essas informações em mãos, o próximo passo é criar um orçamento mensal detalhado. “Divida suas despesas em categorias como fixas (aluguel, contas de luz, água, etc.), variáveis (alimentação, transporte) e eventuais (manutenção do carro, presentes). Reserve uma parte de sua renda para emergências, assegurando que imprevistos não comprometam sua gestão financeira”.
Para manter o controle, é importante registrar todas as despesas. Existem diversas ferramentas tecnológicas que podem ajudar. “Utilize aplicativos de finanças ou planilhas para facilitar esse acompanhamento e faça revisões periódicas para ajustar o orçamento conforme necessário. Pequenas economias no dia a dia, como comparar preços antes de comprar e adotar um consumo mais consciente, podem fazer uma grande diferença ao longo do ano”, salienta o professor.
Wagner aponta ainda que poupar regularmente deve ser um hábito. “Estabeleça metas de poupança de curto e longo prazo e reserve uma parte da sua renda mensalmente para esses propósitos. Além disso, para evitar dívidas, priorize o pagamento das já existentes, negociando prazos e juros com os credores quando possível, e evite contrair novas durante o ano”, enfatiza.
Férias
Planejar as férias das crianças com antecedência é uma excelente estratégia para evitar gastos inesperados, evidencia o docente. “Estime os custos com viagens, passeios e atividades, e crie um fundo específico para essas despesas. Economizar gradualmente ao longo do ano fará com que você tenha os recursos necessários quando chegar a hora”.
Considerar fontes de renda adicionais também pode ser uma boa ideia, destaca Wagner. “Explorar oportunidades de trabalhos freelance, vendas ou prestação de serviços pode gerar uma renda extra, que pode ser usada para poupança ou para pagar as contas”.
Mobilização familiar
Envolver a família na gestão dos recursos é crucial para evitar o endividamento, ressalta o docente. “Discutir abertamente sobre finanças com todos os membros, incluindo as crianças, pode ajudar a criar um ambiente de cooperação e responsabilidade financeira. Estabeleçam objetivos financeiros em conjunto e valorizem as conquistas ao longo do ano”, recomenda o professor.
Wagner reforça a importância de fazer uma avaliação periódica do planejamento financeiro. “Avalie o que tem funcionado, faça os ajustes necessários e mantenha o foco nas suas metas. Celebrar pequenas vitórias ao longo do caminho ajudará a manter a motivação e garantir a chegada ao final do ano sem dívidas e com dinheiro para curtir as férias com suas crianças”.