Trupe carioca de artistas negros fica em cartaz no Sesc Palladium, nos dias 28 e 29 de outubro.
Encenando a disputa entre jogadores de futebol e da gaymada, “Pelada – A Hora da Gaymada” delineia a riqueza e a peculiaridade poética cotidiana do subúrbio carioca.
“Negra Palavra – Solano Trindade” recupera a trajetória do poeta, trazendo para a cena suas múltiplas vivências e militâncias. Corpo, música e poesia se entrelaçam para representar uma só história: do poeta, em seu tempo, e dos homens negros contemporâneos, aqui e agora.
Fotos/Vídeos: https://drive.google.com/drive/u/0/folders/14ayfrja-fUFeJ1lyw6B_h69s6BFWSNHT
O Sesc Palladium recebe neste mês de outubro dois trabalhos do Complexo Negra Palavra – grupo carioca formado exclusivamente por artistas negros, que tem como bandeira estética o teatro, a poesia, a música e o corpo expressivo, elevando culturalmente a diversidade brasileira. A trupe apresenta no dia 28/10, sábado, às 21h, no Grande Teatro, o espetáculo “Pelada – A hora da Gaymada“, montagem inédita dirigida por Orlando Caldeira, com texto de Eudes Veloso, e no dia 29/10, domingo, às 18h e às 20h, no Teatro de Bolso, a peça “Negra Palavra –Solano Trindade”, que tem direção do idealizador e roteirista Renato Farias e de Orlando Caldeira, e direção musical e percussão corporal de Muato, e retrata a vida e obra do poeta brasileiro, militante do movimento negro.
Em paralelo às apresentações dos espetáculos, o Complexo Negra Palavra convida o público para o Torneio Complexo de Gaymada, com as participações da companhia mineira Toda Deseo e convidados especiais. O torneiro acontecerá no dia 29 de outubro, domingo, às 14h, na Rua Genoveva de Souza, 1958, bairro Horto. O acesso é gratuito.
“Pelada – A Hora da Gaymada”
O espetáculo traz na raiz o tom de comédia que, sem ridicularizar, cria e brinca com estereótipos para contar uma típica história do subúrbio carioca, evidenciando toda sua beleza e potência. Do cruzamento da clássica pelada heterossexual com a “gaymada” (adaptação do tradicional “jogo de queimado” pelos gays periféricos), nasce o espetáculo, que apresenta os bastidores da disputa de dois times pelo uso do Campo do Furão antes que uma empreiteira o compre.
Além do clima de disputa pelo campo para jogo, entram em cena também as divergências entre os jogadores – algumas vezes, até no vestiário. E momentos de estranhamento entre gays e héteros se fazem presente na história. “A gente escolhe, a partir do riso, mostrar o ridículo do ser humano. Nesse caso, estamos falando do ridículo desta heterossexualidade que precisa ser revisada e que só atrapalha o desenvolvimento pessoal de cada um, inclusive do homem hétero a expressar suas subjetividades. E como este comportamento também é violento com o corpo da mulher, do gay e das pessoas transexuais, escolhemos o riso para mostrar o ridículo e fazer esta análise”, antecipa o diretor.
Embora seja bastante popular em alguns bairros no subúrbio, sendo disputado até em torneios e campeonatos regionais, a “gaymada” ainda é desconhecido por muitas pessoas. “No elenco temos dois atores que praticam a gaymada já há algum tempo: o Aleh Silva e o Guilherme Canellas. Eles são artistas circenses oriundos da Baixada Fluminense e acho importante que tenhamos o lugar de legitimidade da fala deles, que são praticantes, apresentando esta cultura para além de um esporte, mas também como um espaço de resistência”, ressalta Caldeira.
Pretendendo revelar a beleza e a poesia do povo suburbano, promover a identificação e conexão de moradores do subúrbio com uma obra artística criada a partir de histórias sobre seus cotidianos, o espetáculo pretende ainda trazer para a cena a potência de novos artistas pretos também vindos do subúrbio carioca, com suas próprias narrativas e vivências. O elenco é formado em sua totalidade por artistas com origem periférica. 80% da ficha técnica do espetáculo ainda reside no subúrbio carioca.
Duração: 60 min | Classificação: 12 anos
“Negra Palavra –Solano Trindade”
A montagem espetáculo celebra a obra do poeta pernambucano, ativista político, ator de cinema, artista plástico, pesquisador de culturas populares e homem de teatro. Conhecido como O Poeta do Povo, Solano Trindade foi, e segue sendo, uma referência fundamental na luta por igualdade no país. Em cada cidade que viveu, emprestou seu corpo, voz e poesia para lutar contra a opressão aos negros e pobres e para construir um mundo de justiça e solidariedade.
Na contramão dos estereótipos criados para objetificar e discriminar pessoas negras, “Negra Palavra – Solano Trindade” recupera a trajetória de Solano, trazendo para a cena suas múltiplas vivências. O espetáculo inicia em Pernambuco, mais precisamente no bairro de São José, em Recife, e traz a alegria, as cores, as vozes das ruas e feiras, somadas à potência do maracatu: eventos que embalaram a infância do poeta e que explodem em cena através do canto e da percussão corporal. Na sequência, o ativista e o homem apaixonado. Solano visitou várias cidades do Brasil e do exterior clamando por um mundo mais justo e, através de suas palavras amorosas, seguimos lutando contra o racismo institucional que estigmatiza os homens negros como naturalmente violentos. E, finalmente, a velhice do poeta, onde ele mesmo antecipa que suas palavras o eternizariam.
Na concepção do espetáculo, a musicalidade e o corpo negro são tão importantes quanto a palavra, respeitando, assim, um estar no mundo pela ótica negra. As diversas dimensões do poeta estão representadas na seleção das poesias, nas marcações do espetáculo e nas músicas executadas pelos atores em seus próprios corpos através da percussão corporal. O olhar preto constrói uma linguagem que resulta em cena como a tradução contemporânea da obra de Solano Trindade.
“O maior desafio e creio que, também, a grande força desse trabalho, veio da percepção de que as poesias de Solano são profundamente atuais”, afirma Renato Farias. Muato acrescentou a musicalidade e as outras expressões artísticas que fazem parte da obra do “Poeta do Povo”. Orlando Caldeira, também responsável pela direção de movimento, assina a direção artística junto com Renato.
Em sua breve trajetória, “Negra Palavra –Solano Trindade” já ganhou prêmios como o APTR (RJ), Troféu Arcanjo (SP) e Leda Maria Martins (MG). Já foi convidado para participar de festivais em Campinas, São Paulo, Belo Horizonte, São José do Rio Preto e Rio de Janeiro. Foi contemplado pela Retomada Cultural proposta pela Lei Aldir Blanc e pela circulação do Sesc Pulsar/RJ. Inaugurou teatros, como o Espaço Chica Xavier, no Terreiro Contemporâneo. E acolheu participações especiais como as escritoras Conceição Evaristo, Eliana Alves Cruz e Elisa Lucinda; dramaturgos e diretores como Jô Bilac e Rodrigo França; atrizes como Tatiana Tibúrcio, Olívia Araújo, Cris Vianna, Vilma Mello, Maria Ceiça, Isabel Fillardis, Luiza Loroza e Zezeh Barbosa; atores como David Junior, Wilson Rabelo, Reynaldo Junior, Pedro Caetano, Felipe Frazão, e Marcello Mello; além de atrizes e atores cantores como Alan Rocha, Gabriel Hipólyto, Letícia Soares, Milton Filho, Anna Paula Black e Renegado. A lista de participações inclui, ainda, o filho de Solano, Liberto Trindade; o neto, Vitor da Trindade; e o bisneto, Manoel da Trindade.
Duração: 60 min | Classificação: 12 anos
O COMPLEXO NEGRA PALAVRA é formado por Adriano Torres, André Américo, Eudes Veloso, João Manoel, Jorge Oliveira, Lucas Sampaio, Raphael Elias, Renato Farias, Rodrigo Átila e Thiago Hypólito. O grupo tem, em seu repertório artístico, além de “Negra Palavra – Solano Trindade” e “Pelada – A Hora da Gaymada”, “Samba do Negra”, roda de samba criada e conduzida por integrantes do elenco do complexo.
SERVIÇO
Complexo Negra Palavra
Espetáculo “Pelada – A Hora da Gaymada”
Dia 28 de outubro, sábado, às 21h
Grande Teatro do Sesc Palladium (R. Rio de Janeiro, 1046 – Centro)
INGRESSOS:
PLATEIA I
INTEIRA R$ 50,00 | MEIA-ENTRADA R$ 25,00
MEIA-ENTRADA CLIENTE 60+ R$ 25,00
CLIENTE COM CARTÃO SESC R$ 25,00
CLIENTE CONVENIADO SESC R$ 40,00
PROMOCIONAL + 1KG DE ALIMENTO NÃO PERECÍVEL R$ 25,00
PLATEIA II
INTEIRA R$ 40,00 | MEIA-ENTRADA R$ 20,00
MEIA-ENTRADA CLIENTE 60+ R$ 20,00
CLIENTE COM CARTÃO SESC R$ 20,00
CLIENTE CONVENIADO SESC R$ 32,00
PROMOCIONAL + 1KG DE ALIMENTO NÃO PERECÍVEL R$ 20,00
PLATEIA III
INTEIRA R$ 30,00 | MEIA-ENTRADA R$ 15,00
MEIA-ENTRADA CLIENTE 60+ R$ 15,00
CLIENTE COM CARTÃO SESC R$ 15,00
CLIENTE CONVENIADO SESC R$ 24,00
PROMOCIONAL + 1KG DE ALIMENTO NÃO PERECÍVEL R$ 15,00
Vendas pela Sympla: https://bileto.sympla.com.br/event/86800/d/215857?_gl=1*e4n94p*_ga*MzAyNDY1MzMyLjE2OTU4MTUwNjA.*_ga_KXH10SQTZF*MTY5NTgxNTA2MC4xLjEuMTY5NTgxNTA2MC4wLjAuMA
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Espetáculo “Negra Palavra – Solano Trindade”
Dia 29 de outubro, domingo, às 18h e às 20h (duas sessões)
Teatro de Bolso do Sesc Palladium – (R. Rio de Janeiro, 1046 – Centro)
INGRESSOS:
INTEIRA R$ 30,00 | MEIA-ENTRADA R$ 15,00
MEIA-ENTRADA CLIENTE 60+ R$ 15,00
CLIENTE COM CARTÃO SESC R$ 15,00
CLIENTE CONVENIADO SESC R$ 24,00
PROMOCIONAL + 1 KG DE ALIMENTO NÃO PERECÍVEL R$ 15,00
Vendas pela Sympla: https://bileto.sympla.com.br/event/87048/d/217050/s/1464939?_gl=1*1mncn97*_ga*MzAyNDY1MzMyLjE2OTU4MTUwNjA.*_ga_KXH10SQTZF*MTY5NTgxNTA2MC4xLjEuMTY5NTgxNTg5Ni4wLjAuMA
Torneio Complexo de Gaymada
Dia 29 de outubro, domingo, às 14h (R. Genoveva de Souza, 1958, Horto).
Aberto ao público.
@negrapalavra