Considerada a enfermidade mais antiga do mundo, a hanseníase ainda é um problema de saúde pública atual. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil figura na segunda posição no ranking de novos casos da doença, atrás apenas da Índia. Dados do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) apontam que, entre 2017 e 2021, foram diagnosticados no estado 4.856 novos casos da enfermidade. Em 2017, tiveram 1.104 casos; em 2018, 1.035; em 2019, foram registrados 1.090; em 2020, caiu para 759; e, em 2021, voltou a crescer, registrando 868 casos.
A hanseníase é uma doença infecciosa, contagiosa e de evolução crônica, causada por um bacilo chamado Mycobacteriumleprae, que tem preferência pela pele e os nervos periféricos e pode afetar qualquer pessoa. De acordo com o dermatologista do Hapvida NotreDame Intermédica, Diogo Pazzini, quando mais cedo for o diagnóstico, melhor, porque o tratamento cura e interrompe a transmissão, assim como previne sequelas. “O tratamento precoce é de fundamental importância porque a hanseníase, em sua fase inicial, afeta a pele e os nervos, causando lesões, e a demora no tratamento pode levar a sequelas incapacitantes, como perda da sensibilidade, alterações motoras e deformidades, que já é a fase mais grave da neoplasia, onde o paciente possui comprometimento neurológico”, alerta o especialista.
Dr. Diogo explica que o tratamento é feito através de comprimidos, em um período que varia entre seis meses a um ano, e que é disponibilizado pela rede pública. “A boa notícia é que, logo após a primeira dose do medicamento, o paciente não transmite mais a doença, portanto, ele não precisa mais ficar isolado como acontecia antigamente. Ao longo da história, vencemos o preconceito em torno da hanseníase. Muitas pessoas ficavam doentes e se isolavam em locais afastados da sociedade, e hoje vemos que isso já não faz o menor sentido”.
Janeiro Roxo e o diagnóstico precoce
Para o dermatologista, a campanha do Janeiro Roxo, criada em 2016, é um importante alerta para o diagnóstico e tratamento precoce da doença. “Caso a pessoa perceba alguns sinais como manchas na pele, esbranquiçadas ou avermelhadas, com uma perda de sensibilidade, assim como um formigamento nos membros, a orientação é que procure imediatamente um médico para poder ter um exame detalhado e o diagnóstico e tratamento correto”, aconselha o dr. Diogo.
Em relação ao preconceito, o especialista afirma que a falta de informação da população ainda é o principal motivo. “Por se tratar de uma enfermidade milenar, por muitos anos denominada como lepra, e que doentes eram afastados do convívio social e isolados em instituições, gerou conceitos arraigados na sociedade. Esse contexto se dava pelo fato da inexistência de medicamentos eficazes que pudessem evitar a transmissão, o que hoje em dia já não faz parte da nossa realidade, porém, o preconceito ainda persiste. Por isso, o Janeiro Roxo é tão importante, pois conscientiza e quebra mitos sobre a doença”, finaliza.