Adolescentes e jovens que integram o Programa de Aprendizagem Profissional da Rede Cidadã em Governador Valadares engajaram-se numa iniciativa inédita na cidade, buscando mais empregabilidade e acesso ao mundo do trabalho. Em audiência pública realizada pela Câmara Municipal, eles apresentaram uma proposta para criação de um Projeto de Lei que determine o cumprimento da cota mínima de contratação de jovens aprendizes pelo órgão legislativo e pelas empresas fornecedoras da Prefeitura.
Na audiência, convocada pelo vereador Paulinho Costa (PDT), os jovens mostraram a importância da iniciativa, considerando não apenas o futuro profissional de cada um deles, mas a oportunidade de aquecer o mercado de trabalho da cidade, que hoje sofre com a escassez de mão de obra qualificada. “Ter esse projeto de lei aprovado seria um avanço para o aprendiz, no sentido de entrar mais preparado no mundo do trabalho, de forma mais estruturada e com a assessoria do programa”, destacou Luciano Souto Filho, de 17 anos, um dos jovens que protagonizou o debate na Câmara.
Há cerca de um ano atuando na Unimed de Valadares como aprendiz, Luciano ressaltou os diferenciais do programa: “Ser jovem aprendiz é adquirir experiência e aprender com os erros, em locais diferentes; é ter acesso a um público incrível e contato com pessoas que você nunca teve, no âmbito profissional e também pessoal”.
Segundo a coordenadora da Rede Cidadã em Governador Valadares e Ipatinga, Márcia Viviane de Andrade Silva, a expectativa da entidade e dos 152 jovens valadarenses hoje inscritos no Programa de Aprendizagem Profissional é grande. “O momento agora é de acompanhar o andamento da nossa proposta na Câmara, dentro dos trâmites legais, para garantir que ela seja executada”, salientou.
A Lei do Aprendiz (Lei nº 10.067/2000) prevê que as empresas cumpram uma cota mínima de 5% de jovens aprendizes em seus quadros de trabalhadores. São consideradas aprendizes pessoas entre 14 e 24 anos de idade inscritas em programas de aprendizagem técnico-profissionais em entidades qualificadas ou pessoas com deficiência a partir dos 14 anos (sem limite máximo de idade).
A formação desses jovens se dá por meio de aulas teóricas, dentro das instituições executoras, e de atuação prática nas empresas. Mais do que inserção no mercado, a aprendizagem constitui-se numa política pública de caráter intersetorial, com impactos que repercutem na vida de toda a sociedade. Especialmente para os jovens em situação de vulnerabilidade e risco social, os benefícios passam por aumento da escolaridade e da empregabilidade, combate e erradicação do trabalho infantil, redução da evasão escolar e aumento da mobilidade educacional, ampliando o acolhimento e fortalecendo os laços comunitários desses jovens.
Para as empresas, além do cumprimento da legislação, contratar jovens aprendizes garante inúmeros benefícios, como a possibilidade de desenvolver um trabalhador com o perfil técnico-profissional desejado e em sintonia com a cultura da casa.
Rede Cidadã – Uma das principais entidades que desenvolve o Programa de Aprendizagem Profissional, a Rede Cidadã já inseriu 116.944 pessoas no mundo do trabalho, sendo 76.732 jovens aprendizes.
Mineira na certidão, a organização fundada em 2002 foi uma das primeiras a investir no trabalho social em rede, reunindo sociedade civil, empresas, órgãos públicos, entidades sociais e voluntários para implementar projetos permanentes de inclusão e geração de trabalho e renda.
Com metodologia inovadora, a Rede Cidadã se destaca por promover capacitação continuada, mediando as oportunidades de trabalho e acompanhando seus usuários após a contratação ou em casos de ruptura dos contratos com a empresa.
Além de qualificar e inserir aprendizes, a organização atua em diversas outras frentes, como em projetos de formação profissional para jovens em cumprimento de medidas socioeducativas, inclusão de pessoas com deficiência e reabilitadas e de pessoas com 60 anos ou mais no mundo do trabalho.