A Agrupação Teatral Amacaca (ATA), renomado grupo de Brasília, apresenta em Belo Horizonte o espetáculo “Rinoceronte”, da famosa obra do Teatro do Absurdo de Eugene Ionesco. Escrito pós segunda guerra mundial, em 1956, o texto é uma reflexão sobre como os ideais fascistas adoecem um povo e os cegam. Com direção e encenação de Hugo Rodas, a montagem brasileira coleciona 18 prêmios em festivais nacionais pela sua primeira versão nas primeiras décadas de 2000. A peça fica em cartaz nos dias 11 e 12 de novembro, sábado e domingo, às 20h, no Teatro do Galpão Cine Horto. Ingressos: R$30 inteira e R$ 15 meia. Vendas: www.sympla.com.br.
“Rinoceronte” é uma ode à liberdade de pensamento e busca a reflexão sobre a cultura do ódio. A peça é tida como uma parábola à invasão do fascismo na Europa e ao pensamento de massa que seguiu assombrando a sociedade, ainda no período pós-guerra. No entanto, a sensação de angústia metafísica pelo absurdo da condição humana continua presente, como se vivêssemos um eterno pós-guerra ou uma guerra sem fim. Neste cenário, o texto permanece aberto para novas e surpreendentes interpretações, tão atual como uma notícia de jornal.
Uma cidade pacata, que poderia ser em qualquer lugar do planeta, onde nada de extraordinário acontece, é transformada completamente pela passagem de um rinoceronte. Sem entenderem a procedência do paquiderme, as pessoas começam a entrar em conflito, enquanto a fera se prolifera incontrolável e misteriosamente. Aos poucos, começam a se dar conta de que são os próprios vizinhos, colegas e familiares que estão se transformando em rinocerontes, como uma epidemia. Todos são afetados, um a um. São cooptados a se tornarem feras, seja por violência, contágio, sedução, ou simples desistência. Apenas um homem irá resistir.
Como uma metáfora do “efeito manada”, onde indivíduos de uma determinada sociedade vivem um contexto de epidemia que a leva ao colapso, os habitantes desta cidade criada por Ionesco são assolados pela ‘Rinocerite’, que os transformam subitamente em Rinocerontes, animais quase cegos, grandes e grotescos, caracterizados por sua força violenta.
A versão de Hugo Rodas para a obra de Eugene Ionesco foi encenada pela 1ª vez quando ainda estava à frente do TUCAN – Teatro Universitário Candango (UnB). A montagem foi um sucesso de público e crítica na primeira década dos anos 2000, conquistando 18 prêmios em festivais nacionais. Aproximadamente 15 anos depois, a Agrupação Teatral Amacaca (ATA) se viu estimulada a realizar a remontagem devido ao momento político vivido no Brasil e no mundo.
A remontagem estreou em novembro de 2019, em Brasília, no Teatro Galpão do Espaço Cultural Renato Russo, onde seguiu temporada até 08 de dezembro com casa sempre cheia totalizando um público de quase mil pessoas. No ano seguinte, 2020, com o apoio do Espaço Cultural Renato Russo, o espetáculo esteve em cartaz nos meses de janeiro e fevereiro no Teatro Galpão Hugo Rodas. Em 2022, o ATA foi convidado para integrar a programação do principal festival internacional de teatro do Centro Oeste, o Cena Contemporânea, além de cumprir turnê por Belo Horizonte, Goiânia e Ceilândia.
Ficha Técnica
Direção e Encenação: Hugo Rodas |Elenco: Abaetê Queiroz, Camila Guerra, Dani Neri, Flávio Café, Iano Fazio, Juliana Drummond, Márcia Duarte, Pedro Tupã e Rosanna Viegas| Produção Executiva: Guilherme Angelim/ Luciana Lobato/ Guinada Produções | Coordenação Técnica: Rodrigo Lélis | Assistente Técnico: Abaetê Queiroz | Assistente de Figurino: Diana Porangas | Assistente de Cenografia: Juliana Drummond | Operação de Luz: Lemar Rezende |Assistentes de Produção: Camila Guerra e Dani Neri