O LAMBIDA, projeto que reúne receitas, histórias e memórias de seis cozinheiras de Belo Horizonte em áudios, fotografias e intervenções visuais, terá seu lançamento oficial no dia 27 de setembro (sexta-feira), das 10h às 13h, no Centro Cultural Usina de Cultura (rua Dom Cabral, 765, Ipiranga, BH). O evento é gratuito e aberto ao público.
Idealizado pelas pesquisadoras, artistas e cozinheiras Laís Velloso e Luísa Macedo, o projeto dá visibilidade a mulheres comuns e, ao mesmo tempo, singulares: Belinha, Sílvia, Ruth, Rose, Lena e Vera. No segundo semestre de 2024, a dupla visitou suas casas, registrando em áudios e fotografias o preparo de receitas marcadas pela memória afetiva. Esse material se transformou em lambes espalhados por Belo Horizonte, cada um com QR Codes que levam a vozes, sons e histórias. O prato é apenas o ponto de partida: o convite mais profundo é imaginar, escutar e se demorar nas vidas narradas ao pé do fogão.
As receitas – feijão tropeiro, pernil com angu, nhoque, frango com quiabo e biscoitos fritos – podem parecer simples, mas ganham outra dimensão quando ligadas às histórias de luta, resistência e alegria das protagonistas. “O que nos moveu não foi o prato em si, mas a pergunta: por que essa receita, e não outra, atravessa uma vida inteira? Essas escolhas revelam vidas inteiras”, afirma Laís.
Mais do que um registro, o LAMBIDA se inscreve na cidade como intervenção artística e gesto político de visibilidade e escuta. As fotografias de Luísa revelam o cotidiano das personagens de forma íntima e cuidadosa, transformando cada panela e gesto em matéria estética. “Não queria transformar essas mulheres em personagens distantes, mas mostrar a beleza que já existia ali. Cada mulher é um micromundo”, explica a fotógrafa.
O projeto coloca em diálogo feminismo, artes visuais, cultura alimentar e ancestralidade, deslocando a comida da lógica do espetáculo midiático, em que receitas são aceleradas e reduzidas a imagens de consumo, e devolvendo-a ao terreno da oralidade, da repetição, do tempo do gesto e do fogo. “A escuta hoje é pouco valorizada. Todo mundo quer falar, mas quem se dispõe a ouvir até o fim uma história? O LAMBIDA provoca justamente isso: parar, imaginar, sentir o som de uma panela, o silêncio de uma respiração que também conta uma história, o ritmo da faca cortando um ingrediente”, acrescenta Laís.
Ao dar espaço à escuta dessas histórias, o projeto ressignifica a cozinha, mostrando que ela vai muito além de um lugar utilitário ou de um papel feminino naturalizado. “A cozinha me ergueu em muitos momentos, e a palavra me deu ferramentas para dar nomes às coisas. O LAMBIDA é um encontro desses dois universos: cozinhar e compartilhar histórias”, afirma Laís. “Eu entrei no projeto achando que seria previsível. Saí sabendo que nunca vai ser igual. Aprendi muito. Nunca tinha trabalhado com tantos atravessamentos. Foi uma experiência inédita”, completa Luísa.
FOTOS DIVULGAÇÃO – Crédito: Luísa Macedo
Serviço:
LANÇAMENTO: LAMBIDA
Data: 27 de setembro, de 10h às 13h
Local: Centro Cultural Usina de Cultura (rua Dom Cabral, 765, Ipiranga – BH)
Entrada: livre e gratuita