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Belvedere vira novo polo de comércio de luxo em Belo Horizonte

Com a flexibilização das leis de uso e ocupação do solo, o bairro mais rico da capital mineira passou a atrair empreendimentos comerciais de alto padrão, consolidando-se como alternativa aos tradicionais polos de luxo, como Lourdes e Savassi

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Um dos bairros mais exclusivos de Belo Horizonte, o Belvedere com suas ruas largas e arborizadas e clima ameno, reúne características que sempre atraíram o setor imobiliário. Estrategicamente localizado na região Centro-sul, o bairro, historicamente mais residencial, passa por um processo de transformação e vive um momento de expansão do comércio de alto luxo. Quem circula pela região já percebe a mudança, marcada pela abertura constante de lojas de grife, restaurantes, cafés, galerias e empreendimentos diferenciados, como os streets malls, que conquistam cada vez mais espaço.

Com cerca de 7.862 habitantes, de acordo com o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Belvedere é o bairro mais rico de Belo Horizonte. O status é reforçado por dados de uma pesquisa da Loft, que o coloca como o único bairro da capital mineira no top 10 das mais altas taxas de condomínio das regiões Sul e Sudeste. Ele ocupa a 5ª posição, com uma taxa média mensal de R$ 2.400 e um valor médio dos imóveis de R$ 3,4 milhões.

A mudança acontece em parte por alterações recentes no Plano Diretor da capital mineira, como o projeto de Lei 857/2024, que flexibiliza as regras de uso do solo em áreas que antes eram estritamente residenciais. “É um novo olhar sobre o Belvedere. O bairro, que tem ruas planas e bem arborizadas, praças e ambiência agradável, agora surge também como uma alternativa aos centros de alto padrão como o Lourdes e a Savassi”, comenta Alexandre Nagazawa, arquiteto urbanista e diretor da BLOC Arquitetura Imobiliária.

Essa nova dinâmica tem atraído empreendimentos comerciais de alto padrão. No coração dessa efervescência está o Complexo Pátio Belvedere, idealizado pela Pentagna Incorporadora e a Urb3, com a gestão e comercialização da GSA Ativos. Com um investimento total de R$ 100 milhões, o projeto consiste, até o momento, em quatro empreendimentos comerciais modulares, desenhados para se complementar e criar um novo ponto de encontro para a cidade. O Pátio Belvedere I e II já estão em operação, enquanto o Pátio III tem entrega prevista para setembro de 2025 e o Pátio IV para abril de 2026.

Localizado na Rua Modesto Araújo, ao redor da movimentada Praça Arquiteto Ney Werneck, o complexo ocupa um terreno de aproximadamente 5,4 mil metros quadrados. Para Gabriel Pentagna Guimarães, sócio-diretor da Pentagna Incorporadora, a visão é ambiciosa: “O Belvedere está para Belo Horizonte como os Jardins estão para São Paulo”. Ele ressalta a localização estratégica, “no principal cruzamento do bairro, entre a avenida Paulo Camilo Pena e a rua Djalma Andrade, uma região com a maior densidade de pessoas e fluxos, além de belíssimas áreas verdes. Essa área se transforma cada vez mais em um polo de moda, gastronomia e lazer”.

O Pátio Belvedere I, inaugurado em 2022, trouxe para o bairro marcas renomadas como Track&Field, PatBo, e as lojas By Dany Duarte, além da presença marcante do chef Ivo Faria, que instalou seu Instituto Ivo Faria no empreendimento. O Pátio Belvedere II, inaugurado recentemente, expandiu o mix com 19 lojas, incluindo a Drogaria Araújo, Roma Panetteria, One Pilates e a Prima Línea Design.

Além dos empreendimentos, a Pentagna Incorporadora tem investido ativamente na revitalização da Praça Arquiteto Ney Werneck, um ponto de encontro tradicional para moradores e crianças. Com R$ 200 mil já aplicados e mais R$ 800 mil previstos em obras de revitalização, incluindo melhorias no parquinho e passeio, o objetivo é valorizar o entorno. “Queremos valorizar o entorno do shopping, pois acreditamos que isso vai trazer movimento para os nossos empreendimentos”, afirma Guimarães.

Projetado pela BLOC Arquitetura Imobiliária, o Pátio Belvedere tem um conceito urbano de valorização da rua e do verde. “É um projeto totalmente aberto para a praça. As vitrines se abrem para a rua, enquanto o pórtico que marca o edifício funciona como uma moldura para a paisagem refletida, com as amplas copas das árvores. Esse mesmo pórtico reforça o enquadramento, tanto das vitrines e do conteúdo das lojas quanto do reflexo do verde da praça. Além disso, temos dois grandes diferenciais, um pé direito duplo com mais de 8 metros de altura, que torna as lojas muito imponentes, e a preservação do jardim no fundo da antiga casa. O contexto urbano deste empreendimento se estabelece bem no centro do bairro Belvedere, e a praça também tem um papel articulador muito importante”, comenta o arquiteto Alexandre Nagazawa, que assina o projeto.

Meeting Shops: um novo formato de experiência de compras

Complementando o cenário de expansão do Belvedere, o Meeting Shops, com gestão da GSA Ativos, inaugurado em abril de 2024 na Rua Dicíola Horta, consolida o perfil de destino do bairro. Com 4.000 metros quadrados de área bruta locável, o Meeting Shops oferece um formato de compras diferenciado, posicionado como uma opção intermediária para lojistas que buscam um espaço que não seja uma loja de rua tradicional nem um shopping fechado.

“Todos esses empreendimentos reforçam esse novo perfil do bairro, que se torna realmente um destino para quem visita a capital mineira. Vamos nos fortalecer como comunidade e como destino”, afirma Karla Sena, superintendente do Meeting Shops.

O mix de lojas do Meeting Shops abrange diversos segmentos, oferecendo uma experiência de compra completa, desde artigos para casa, moda (feminina, masculina, infantil) a serviços de beleza e arte. Entre os grandes chamarizes, destacam-se os concorridos restaurantes dos renomados chefs Leo Paixão, Macaréu e Nicolau, já consolidados na cena gastronômica da capital. Outros nomes de peso incluem a primeira NK Stores de Minas Gerais, Le Creuset, Satya Luz (espaço de ioga com experiência sensorial única), ZD Galerie, Ananás Petit, Da Vila Cerâmica, Adega Andes e Biscoitê.

Para Rafael Papa, gerente de marketing da GSA Ativos, a chegada e expansão desses complexos comerciais não apenas impulsionam o desenvolvimento econômico do Belvedere, mas também redefinem a experiência urbana na capital mineira. “Ao investir em conceitos que valorizam a integração com o verde, a conveniência e um mix de serviços de alta qualidade, o bairro se transforma em um polo vibrante e completo, onde a comunidade e a qualidade de vida são prioridades”, destaca.

O Desafio da transformação

 

Para Nagazawa, a corrida comercial, no entanto, deve ser conduzida com cautela. “Não só o Belvedere, mas também o seu entorno, encontra-se em um momento de transição, que precisa de planejamento criterioso”, enfatiza.

Segundo o arquiteto, a integração de usos mistos, permitindo a coexistência de residências e atividades comerciais, apresenta oportunidades para diversificar a dinâmica urbana do bairro. “Esse processo deve ser conduzido com atenção especial à preservação do meio ambiente, da mobilidade, da ambiência local e das características que fazem do Belvedere uma referência em qualidade de ambiência urbna”, ressalta.

A implantação de novos empreendimentos, de acordo com o arquiteto urbanista, deve priorizar soluções que minimizem impactos no sistema viário, já sobrecarregado pelos fluxos diários entre Belo Horizonte e Nova Lima. “É essencial promover intervenções que incentivem o uso de transportes alternativos, como ciclovias e transporte público eficiente, e priorizem o caminhar, preservando as ruas calmas e arborizadas que conferem ao bairro um ambiente convidativo e humano”, conclui Nagazawa.

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