As séries Allegro e Vivace da Filarmônica de Minas Gerais fazem uma última homenagem a Richard Strauss num programa todo dedicado a ele nos dias 12 e 13 de dezembro, às 20h30, na Sala Minas Gerais. A regência é do maestro Fabio Mechetti, e o público terá a oportunidade de experimentar as várias facetas deste grande compositor, que, neste ano, foi celebrado pelos seus 75 anos de morte. De um de seus primeiros poemas sinfônicos à obra que talvez represente seu testamento artístico, o repertório terá três obras de R. Strauss: Morte e transfiguração, op. 24, Quatro Últimas Canções e O cavaleiro da rosa, op. 59: Suíte. A Filarmônica, junto ao talento e expressividade da soprano brasileira Camila Provenzale, concluirá a Temporada 2024 numa noite memorável. Os ingressos estão à venda no site www.filarmonica.art.br e na bilheteria da Sala, a partir de R$ 39,60 (inteira). O concerto do dia 12 de dezembro terá transmissão ao vivo pelo canal da Filarmônica no YouTube e pela Rádio MEC FM (87,1 BH e Brasília/99,3 RJ).
Este projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Inter, conta com o patrocínio da Gasmig, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Apoio: Circuito Liberdade e Programa Amigos da Filarmônica. Realização: Instituto Cultural Filarmônica, Secretaria Estadual de Cultura e Turismo de MG, Governo de Minas Gerais, Funarte, Ministério da Cultura e Governo Federal.
Maestro Fabio Mechetti, Diretor Artístico e Regente titular
Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro.
Ao ser convidado, em 2014, para o cargo de Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, Fabio Mechetti tornou-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática. Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica de Spokane.
Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.
Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.
Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Na Finlândia, dirigiu a Filarmônica de Tampere; na Itália, a Orquestra Sinfônica de Roma e a Orquestra do Ateneo em Milão; na Dinamarca, a Filarmônica de Odense; dirigiu a Sinfônica Nacional da Colômbia e estreou no Festival Casals com a Sinfônica de Porto Rico. Na Argentina, conduziu a Filarmônica do Teatro Colón, com a qual se apresentou novamente em 2024.
No Brasil, foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Antonio Meneses, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros. Fabio Mechetti é Mestre em Composição e em Regência pela Juilliard School de Nova York.
Camila Provenzale, soprano
Nascida em São Paulo e residente em Zurique, a soprano ítalo-brasileira Camila Provenzale tem cantado com grandes orquestras e em importantes salas de concertos e casas de ópera pelo mundo. Foi premiada em diversos concursos nacionais e internacionais, incluindo o Concurso Internacional de Canto Neue Stimmen (Alemanha), o Concurso Maria Callas (Brasil) e o Concurso de Ópera de Paris (França). Entre seus papeis mais elogiados, destacam-se a Condessa de Almaviva em As Bodas de Fígaro (Mozart), na Ópera de Toulon; Donna Anna em Don Giovanni (Mozart), no Théâtre des Champs-Elysées; Mariana Alcoforado na estreia mundial de Cartas Portuguesas (João Guilherme Ripper), na Sala São Paulo; e Micaela em Carmen (Bizet), com a companhia britânica Opera North. Experiente também no repertório sinfônico, cantou todas as sinfonias de Mahler, a Carmina Burana de Carl Orff e muitas obras de Beethoven, Mozart e Villa-Lobos, incluindo apresentações das Bachianas Brasileiras nº 5 no Teatro Real de Madri e em Dubai. Entre 2018 e 2019, foi regularmente convidada para se apresentar com Plácido Domingo em concertos na Europa e nos Estados Unidos. Recentemente, apresentou-se com o projeto Suíte Floresta Amazônica de Villa-Lobos em vários países com a Ópera de Rouen, Orquestra Santa Cecília, Philharmonie de Paris e no Carnegie Hall. O primeiro concerto de Camila com a Filarmônica de Minas Gerais foi em outubro de 2018. Em maio deste ano, estreou como Cio-Cio-San, a protagonista da Madama Butterfly de Puccini, também com a Filarmônica de Minas Gerais.
Repertório
Richard Strauss (Munique, Alemanha, 1864 – Garmisch-Partenkirchen, Alemanha, 1949) e a obra Morte e Transfiguração, op. 24 (1888/1889)
Os poemas sinfônicos de Richard Strauss – gênero orquestral em que um poema ou um programa fornecem a base para a narrativa musical – podem ser divididos em dois ciclos. O primeiro, nos anos 1880, compreende os poemas da juventude (Macbeth, Don Juan e Morte e Transfiguração), época em que o compositor estava imbuído da doutrina de Schopenhauer. O segundo, nos anos 1890, compreende os poemas da fase madura (Till Eulenspiegel, Assim falou Zaratustra, Don Quixote e Uma Vida de Herói), quando Strauss afastou-se da visão metafísica de Schopenhauer e abraçou a doutrina ateísta de Nietzsche.
Morte e Transfiguração foi escrito entre 1888 e 1889, quando o compositor tinha 25 anos. Até esse momento, os conhecimentos musicais de Strauss eram estritamente clássicos. Nas suas palavras: “Eu cresci apenas com Haydn, Mozart e Beethoven, e cheguei até Brahms pela música de Mendelssohn, Chopin e Schumann”. Só em 1885 ele foi apresentado às obras de Liszt e Wagner e à doutrina de Schopenhauer, pelo compositor Alexander Ritter.
Morte e Transfiguração busca revelar, através da música, os últimos momentos de vida de um artista, sua batalha para manter-se vivo, suas lembranças e sua chegada ao outro mundo. Uma vez pronta a obra, Strauss pediu a Ritter que escrevesse um poema explicitando as ideias que tinham inspirado a composição. Strauss regeu a primeira audição no dia 21 de junho de 1890, no Festival de Eisenach.
Ao longo da carreira, Strauss voltaria a trabalhar a temática da morte em obras como Uma Vida de Herói e em suas Quatro Últimas Canções. Não por acaso, o tema musical principal de Morte e Transfiguração foi recuperado e retrabalhado nessas duas obras posteriores, à medida que o compositor pôde contemplar, de outros ângulos, sua própria trajetória e o fim inescapável.
Richard Strauss (Munique, Alemanha, 1864 – Garmisch-Partenkirchen, Alemanha, 1949) e a obra Quatro Últimas Canções (1948)
Embora Beethoven e mesmo Mozart já tivessem se dedicado ao gênero, o grande paradigma da canção na tradição musical germânica (o Lied, no termo original) foi indubitavelmente Franz Schubert. Nas suas canções, o piano tem uma função expressiva bem mais significativa do que a de mero acompanhamento, e estabelece uma relação dialógica seja com o texto poético, seja com o “texto” melódico.
Richard Strauss, Hugo Wolf e Gustav Mahler, todos nascidos na mesma década de 1860, viram, nesse trabalho expressivo do piano, uma possibilidade até então insuspeita de deslocar, para o universo sinfônico, o gênero das canções. Não se trata em absoluto, porém, de uma adaptação do Lied “genuíno”, mas sim de uma espécie de movimento de “realocação”, que renova o gênero da canção e, ao mesmo tempo, amplia as possibilidades formais do repertório sinfônico.
Ao longo de sua longeva carreira, Strauss compôs quase cento e cinquenta Lieder com acompanhamento de piano e cerca de quinze com orquestra. As Quatro Últimas Canções foram escritas em 1948, um ano antes de sua morte, sobre textos de Hermann Hesse e Joseph von Eichendorff. Elas foram estreadas postumamente, em 1950, no Royal Albert Hall, em Londres, cantadas pela soprano norueguesa Kirsten Flagstad, acompanhada da Orquestra Philharmonia, regida por Wilhelm Furtwängler.
Não é certo que Strauss as tenha concebido como um pequeno ciclo – ele sequer determinou a sequência de sua execução: a primeira delas a ser composta (Im Abendrot) foi a última a ser executada na première –, mas todas as canções abordam metaforicamente, de uma forma ou de outra, o tema da morte, e são tradicionalmente executadas como um conjunto. É de se notar que, em Im Abendrot, Strauss cita a si próprio, retomando um motivo já exposto em Morte e Transfiguração, poema sinfônico composto cerca de sessenta anos antes. Mas as Quatro Últimas Canções de Strauss falam por si só: são a assinatura final que legou à História esse grande bávaro.
Richard Strauss (Munique, Alemanha, 1864 – Garmisch-Partenkirchen, Alemanha, 1949) e a obra O cavaleiro da rosa, op. 59: Suíte (1909/1910)
Antes de O cavaleiro da rosa, Richard Strauss havia composto outras duas óperas de grande sucesso, Salomé (1905) e Elektra (1909). Ambas foram chocantes para o mundo da ópera, com seus temas desconcertantes e sua linguagem musical moderna e extremamente complexa para a época. Portanto, não foram poucos os que se surpreenderam quando Strauss apresentou sua nova criação, O cavaleiro da rosa, em 1911: uma ópera cômica, recheada de situações burlescas e inverossímeis, cuja música se apoia, principalmente, na valsa.
A guinada no estilo talvez se explique pela vida próspera que Strauss passou a ter após o sucesso de Salomé e Elektra. Com Salomé, ele havia se tornado não apenas o mais famoso compositor vivo, como o mais rico de todos. Com o que recebia de direitos autorais, pôde realizar seu sonho de viver apenas para compor, embora fosse sempre solicitado a reger orquestras por toda a Alemanha. O cavaleiro da rosa foi escrita em sua nova vila aos pés dos Alpes, na bucólica cidade de Garmisch-Partenkirchen. Na tranquilidade de sua sala de estudos, em uma grande mesa de carvalho, com vista para as montanhas, Strauss frequentemente dizia: “Chegou a hora de escrever uma ópera mozartiana”. Era o fim dos anos de penúria, e o grande compositor, agora com 45 anos, mudava radicalmente de estilo.
Desde a estreia, vários trechos de O cavaleiro da rosa foram apresentados em concerto. O próprio Strauss arranjou suas sequências favoritas de valsas para serem apresentadas isoladamente. No entanto, a versão de concerto mais conhecida é esta Suíte, cuja primeira audição se deu nos Estados Unidos, em outubro de 1944, com a Filarmônica de Nova York. Não se sabe ao certo se a adaptação aqui foi feita por Strauss a pedido do regente da orquestra à época, o polonês Artur Rodzinski, ou se foi feita pelo próprio Rodzinski e depois aprovada por Strauss (embora seu filho, Richard Rodzinski, afirme que o arranjador da Suíte foi, na verdade, o regente assistente de seu pai naqueles anos, Leonard Bernstein).
Filarmônica de Minas Gerais
Série Allegro
12 de dezembro – 20h30
Sala Minas Gerais
Série Vivace
13 de dezembro – 20h30
Sala Minas Gerais
Fabio Mechetti, regente
Camila Provenzale, soprano
R. STRAUSS Morte e transfiguração, op. 24
R. STRAUSS Quatro Últimas Canções
R. STRAUSS O cavaleiro da rosa, op. 59: Suíte
INGRESSOS:
R$ 39,60 (Mezanino), R$ 50 (Coro), R$ 50 (Terraço), R$ 72 (Balcão Palco), R$ 92 (Balcão Lateral), R$ 124 (Plateia Central), R$ 160 (Balcão Principal) e R$ 180 (Camarote).
Ingressos para Coro e Terraço serão comercializados somente após a venda dos demais setores.
Meia-entrada para estudantes, maiores de 60 anos, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência, de acordo com a legislação.
Informações: (31) 3219-9000 ou www.filarmonica.art.br
Bilheteria da Sala Minas Gerais
Horário de funcionamento
Dias sem concerto:
3ª a 6ª — 12h a 20h
Sábado — 12h a 18h
Em dias de concerto, o horário da bilheteria é diferente:
— 12h a 22h — quando o concerto é durante a semana
— 12h a 20h — quando o concerto é no sábado
— 09h a 13h — quando o concerto é no domingo
São aceitos:
- Cartões das bandeiras American Express, Elo, Mastercard e Visa
- Pix
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais foi fundada em 2008 e tornou-se referência no Brasil e no mundo por sua excelência artística e vigorosa programação.
Conduzida pelo seu Diretor Artístico e Regente Titular, Fabio Mechetti, a Orquestra é composta por 90 músicos de todas as partes do Brasil, Europa, Ásia e das Américas.
O grupo recebeu numerosos menções e prêmios, sendo o mais recente o Prêmio Concerto 2023 na categoria Música Orquestral, por duas apresentações realizadas no Festival de Inverno de Campos do Jordão, SP. A Orquestra já havia recebido o Grande Prêmio da Revista CONCERTO em 2020 e 2015, o Prêmio Carlos Gomes de Melhor Orquestra Brasileira em 2012 e o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA) em 2010 como o Melhor Grupo de Música Clássica do Ano.
Suas apresentações regulares acontecem na Sala Minas Gerais, em Belo Horizonte, em cinco séries de assinatura em que são interpretadas grandes obras do repertório sinfônico, com convidados de destaque no cenário da música orquestral. Tendo a aproximação com novos ouvintes como um de seus nortes artísticos, a Orquestra também traz à cidade uma sólida programação gratuita – são os Concertos para a Juventude, Filarmônica na Praça, os Concertos de Câmara e os concertos de encerramento do Festival Tinta Fresca e do Laboratório de Regência. Para as crianças e adolescentes, a Filarmônica dedica os Concertos Didáticos, em que mostra os primeiros passos para apreciar a música de concerto.
A Orquestra possui 18 álbuns gravados e disponíveis nas plataformas de streaming, entre eles quatro que integram o projeto Brasil em Concerto, do selo internacional Naxos junto ao Itamaraty. O álbum Almeida Prado – obras para piano e orquestra, com Fabio Mechetti e Sonia Rubinsky, foi indicado ao Grammy Latino 2020.
Ainda em 2020, a Filarmônica inaugurou seu próprio estúdio de TV para a realização de transmissões ao vivo de seus concertos, totalizando hoje mais de 100 concertos transmitidos em seu canal no YouTube, onde se podem encontrar diversos outros conteúdos sobre a orquestra e a música de concerto.
A Filarmônica realiza também diversas apresentações por cidades do interior mineiro e capitais do Brasil, tendo se apresentado também na Argentina e Uruguai. Em celebração ao bicentenário da Independência do Brasil, em 2022, realizou uma turnê a Portugal, apresentando-se nas principais salas de concertos do país nas cidades do Porto, Lisboa e Coimbra, além de um concerto a céu aberto, no Jardim da Torre de Belém, como parte da programação do Festival Lisboa na Rua, promovido pela Prefeitura de Lisboa.
A sede da Filarmônica, a Sala Minas Gerais, foi inaugurada em 2015, sendo uma referência pelo seu projeto arquitetônico e acústico. Considerada uma das principais salas de concertos da América Latina, recebe anualmente um público médio de 100 mil pessoas.
A Filarmônica de Minas Gerais é uma das iniciativas culturais mais bem-sucedidas do país. Juntas, Sala Minas Gerais e Filarmônica vêm transformando a capital mineira em polo da música sinfônica nacional e internacional, com reflexos positivos em outras áreas, como, por exemplo, turismo e relações de comércio internacional.
Os números da Filarmônica (2008 a julho/2024)
1.607.631 espectadores
1.279 concertos realizados
1.431 obras interpretadas
127 concertos em turnês estaduais
42 concertos em turnês nacionais
9 concertos em turnê internacional
101 concertos transmitidos ao vivo
606 notas de programa publicadas no site
1 coleção com 3 livros e 1 DVD sobre o universo orquestral
4 exposições itinerantes e multimeios sobre música clássica
18 álbuns lançados e disponíveis nas plataformas de streaming
1 Indicação ao Grammy Latino 2020 (CD Almeida Prado – Obras para piano e orquestra – Categoria de Melhor Álbum Clássico)