O espetáculo “E Ainda Assim Se Levantar”, da Cia. Luna Lunera, retorna aos palcos de Belo Horizonte no mês de outubro. Com direção de Isabela Paes, integrante da Companhia, e dramaturgia de Marcos Coletta com a Luna Lunera, o espetáculo parte de uma pergunta central: como encontramos força em momentos de esgotamento iminente? Essa reflexão foi o ponto de partida para a criação da montagem que convida o público a explorar as complexidades e resiliências humanas.
“E Ainda Assim Se Levantar” fará duas sessões nos dias 19 e 20 de outubro, sábado às 20h e domingo às 19h, no Teatro Raul Belém Machado, com ingressos a preços populares: R$40,00 (inteira) | R$20,00 (meia-entrada). Vendas na plataforma Sympla (www.sympla.com.br) e na bilheteria do teatro.
Além das apresentações, a Cia Luna Lunera oferecerá uma oficina gratuita: “Jogos Teatrais na Cena” também no Teatro Raul Belém Machado. Inscrições pelo Instagram da Cia. Luna Lunera: @cia.lunalunera.oficial.
As apresentações de “E Ainda Assim Se Levantar” e a oficina integram o projeto de manutenção da Cia. Luna Lunera em 2024, por meio da programação da Temporada Luna Lunera 2024. O resgate de peças em repertório iniciou-se em março deste ano com o espetáculo “Aqueles Dois” e “Urgente” em agosto. Este projeto tem o patrocínio da MGS e é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
“E Ainda Assim Se Levantar”
Como encontrar forças para seguir em frente? Como manter a esperança e o desejo diante das ameaças ao futuro? Como ajudar e ouvir o outro quando estamos prestes a cair? Como continuar quando nossos corpos não aguentam mais? Como fazer teatro quando a palavra se tornou uma ameaça? Não temos respostas, mas sabemos que não vamos desistir.
Com atuação de Anderson Luri, Cláudio Dias e Letícia Castilho, “E Ainda Assim Se Levantar” aposta numa reconfiguração da narrativa clássica (história/personagens/cenário) para dar lugar à eloquência dos corpos como principal instrumento de criação. “De onde podemos encontrar forças quando parece que não podemos aguentar mais? Essa é uma das reflexões que motivaram a criação do espetáculo. E é preciso defender o que nos salva, defender nossa alegria”, explica Isabela Paes.
A musicalidade do espetáculo – executada pelos próprios atores, que cantam e tocam instrumentos percussivos – é um dos principais recursos que apontam o caminho. Não é uma mera trilha sonora de ambientação: ela resgata memórias de lutas e instiga, brechtianamente, à reflexão e à ação. Cláudio Dias explica: “Buscamos, na valorização da alegria, por meio da música e do carnaval, uma forma potente de respiro, como maneira de apoiar nosso movimento de sobrevivência.”
De pautas subjetivas, sugeridas pelas personagens com suas inquietudes e angústias contemporâneas, às repercussões políticas onde também se inscrevem, o elenco traz à tona a memória de inúmeros atos e manifestações históricas que marcaram o país e, especialmente, a cidade de Belo Horizonte. O público é convidado a refletir sobre em quais desses momentos pôde estar presente. Trata-se de lembrar o que não pode ser esquecido, sob pena de repetirmos erros históricos, como alertam os filósofos Edmund Burke e George Santayana. O convite é para esperançar e restaurar o sentido etimológico da palavra utopia, enquanto “lugar que AINDA não existe”. Como definiu o crítico Valmir Santos, já no título de sua resenha sobre a peça: “CANTO CONTRA DESENCANTO” (anexo).
Sobre as personagens
O espetáculo promove um encontro entre três personagens: uma mulher, um homem jovem e um homem maduro.
A mulher: não consegue identificar com clareza de onde vem o cansaço. Está exausta de ter que provar tudo o tempo todo, de ser forte para ser ouvida e de ter que mostrar que não quer ser objetificada. Encontra no outro, no jogo, no encontro do aqui e agora, e em sua própria voz, as faíscas que a reacendem. E, às vezes, por breves momentos, conseguimos vê-la por inteiro. Sabe que é preciso defender a alegria.
O homem jovem: sempre parece estar no caminho certo, rumo ao sucesso, à vitória, à realização – o topo. No entanto, na própria corrida incessante, sente que se perdeu no fundo de tanto otimismo e certezas do legado machista. Tenta quebrar a máscara de ferro moldada para esse homem. Tenta desfazer os inúmeros nós em sua garganta.
O homem maduro: sempre esteve à frente, mas está exausto da luta, dos golpes. Parece difícil continuar sendo artista, gay e ativista, mas ele não sabe ser outra coisa senão ele mesmo. A caminhada foi longa, e ele sente o peso da idade, o corpo envelhecendo, as inúmeras derrotas. Pensa em desistir. Nem consegue mais chorar. A morte ronda. Mas, para ele, talvez não haja outra saída: enquanto estiver vivo, vai insistir em viver.
A trajetória do espetáculo
“E Ainda Assim Se Levantar” recebeu duas indicações ao 6º Prêmio Copasa Sinparc de Artes Cênicas de Minas Gerais nas categorias Trilha Sonora Original (Cia. Luna Lunera) e Criação de Luz (Marina Arthuzzi e Jésus Lataliza). O espetáculo estreou em 2019 no Centro Cultural Banco do Brasil, em Belo Horizonte/MG, com uma temporada de cinco semanas. Também foi apresentado no Festival Verão Arte Contemporânea, em Belo Horizonte/MG, em 2020.
Durante a pandemia de Covid-19, o espetáculo foi adaptado para o formato virtual e apresentado nos seguintes eventos: Cena Plural da Prefeitura de Belo Horizonte/MG (2020) – gravado no Galpão Cine Horto, seguindo os protocolos de saúde e segurança da época; Temporada de Teatro de Sete Lagoas/MG da Cia. Preqaria, com transmissão ao vivo (2021); Circuito Municipal de Cultura de Belo Horizonte/MG – gravação com versão reduzida (2021); Programação de 20 anos da Cia. Luna Lunera no YouTube da companhia (2021); Projeto Trilha Cultural do BDMG para as cidades de Teófilo Otoni/MG, Ipatinga/MG e Sete Lagoas/MG (2021).
Em 2022, o espetáculo teve uma temporada de seis semanas no Sesc Santo Amaro, em São Paulo. Também foi apresentado nos Sescs de Ribeirão Preto/SP e São José do Rio Preto/SP e participou do 2º Trama Festival em Contagem/MG.
Em 2023, foi apresentado na 48ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, no Teatro Marília, e no projeto Zona Cultural Praça da Estação, no Centro de Referência da Juventude, ambos em Belo Horizonte. O espetáculo foi incluído no catálogo da Rede LAE (Rede Eurolatinamericana de Artes Escênicas).
Ficha Técnica
Direção: Isabela Paes . Dramaturgia: Marcos Coletta e Cia. Luna Lunera . Assistência de direção: Cláudio Dias . Atores/criadores: Anderson Luri, Cláudio Dias e Letícia Castilho . Figurino: Camila Moreno e Cia. Luna Lunera . Cenário: Ed Andrade e Cia. Luna Lunera . Criação de luz: Marina Arthuzzi e Jésus Lataliza . Vídeos do espetáculo: Fabiano Lana
Design: Rafael Maia . Fotografias: Carlos Hauck e Kika Antunes . Produção Executiva: Nathan Coutinho . Direção de Produção: Mariana Rabelo . Coordenação: Cláudio Dias e Marcelo Soul
Produção: Cia. de Teatro Luna Lunera
SERVIÇO
“E Ainda Assim Se Levantar”
Teatro Raul Belém Machado
19 e 20 de outubro
Sábado, às 20h, e domingo, às 19h
Classificação Indicativa: 16 anos | Duração: 90 minutos
Ingressos: R$ 40,00 (inteira) | R$ 20,00 (meia-entrada)
Vendas na plataforma Sympla (www.sympla.com.br) e na bilheteria do teatro
Redes sociais: Facebook: /cialunalunera | Instagram: @cia.lunalunera.oficial
Oficina Gratuita
20 de outubro no Teatro Raul Belém Machado, às 14h
Inscrições pelo Instagram da Cia. Luna Lunera:
@cia.lunalunera.oficial
ANEXOS
CIA. LUNA LUNERA
Desde a fundação, em 2001, a premiada Companhia Luna Lunera reúne nove trabalhos no repertório – “Perdoa-me por me traíres” (2001), “Nesta data querida” (2003), “Não Desperdice sua única vida ou…” (2005), “Aqueles dois” (2007), “Cortiços” (2008), “Prazer” (2012), “Urgente” (2016), “E ainda assim se levantar” (2019) e “Aquela que eu (não) fui” (2023). A Cia. realizou mais de 1.000 apresentações de seus espetáculos por todo o território nacional e em países como Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, França, México, Panamá, Portugal, Uruguai e Venezuela, atingindo um público aproximado de 200 mil espectadores. O grupo compartilha, permanentemente, seus processos criativos por meio de debates e do Observatório de Criação, ministrando oficinas e o Curso In Cena, atuante na formação de uma diversidade de artistas da nova geração.
Crítica de Valmir Santos no “TeatroJornal” SP, em 11/03/2022.
“CANTO CONTRA DESENCANTO”
São três atuantes a emendar experiências pessoais às respectivas personagens que tratam de angústias de um presente rasurado, ávido por dias melhores. As pausas surgidas entre falas, pensamentos ou gestos (…) são rumores gerados por exaustão existencial. Nesse universo fragmentado, a rotação dramatúrgica de tentativas calha como um alento no panorama de desencantos em que o país e o mundo andam metidos – e a rigor não de agora. O componente musical é determinante. A dança desses corpos e palavras no espaço dão liga a uma experiência que performa a partir da conjunção de crises na interface sujeito-sociedade e se deixa atravessar pelo drama humano, esse velho ancestral. O desejo é outra instância relevante em E ainda assim se levantar. As repressões subliminares ou explícitas são confrontadas com ímpeto no campo da memória e presentificadas. A nudez tira o véu da falsa moralidade, da hipocrisia, assim como figurinos subvertem normatividades.