Em entrevista para a rádio Brasil de Fato, Itamar disse que sua escrita segue uma premissa. “A literatura, como arte narrativa, carrega alguns pilares que são comuns a quem escreve. Eu percebi isso e defini para mim o que é importante, o que é relevante. Primeiro, é que a gente precisa aproximar a literatura para que ela chegue ao coração das pessoas, de uma maneira muito pertinente. Não quer dizer que a gente vá narrar apenas o que é realidade, o que é verdade, é o que está próximo da vida, da condição humana, próxima aos nossos sentimentos”, salientou o escritor baiano. Em seus textos, esses pilares surgem de forma natural. “Não há peso nem presença. É apenas uma observação sobre os mecanismos da ficção”, diz o autor para o Centro Cultural Unimed-BH Minas.
Geógrafo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), sendo o primeiro aluno agraciado com a Bolsa Milton Santos dedicada para jovens negros de baixa renda. O escritor concluiu mestrado e se tornou doutor em estudos étnicos e africanos sobre a formação de comunidades quilombolas no interior do Nordeste, pela UFBA. Itamar diz que seus conhecimentos contribuem diretamente para sua escrita. “Acho que não apenas a Geografia, mas tudo que me formou intelectualmente reverbera no que escrevo. A Geografia me deu a dimensão da vida que envolve o ambiente que habitamos e de como nos relacionamos com esse espaço da nossa existência”, atesta.
Itamar alerta que sua escrita, mesmo trazendo questões da terra, não tem o objetivo de levantar discussões. “Não acredito que o que escrevo seja um retrato da questão fundiária do país, tampouco tenho pretensão de contribuir com qualquer discussão. Isso não é a função da literatura. Minhas histórias versam sobre personagens que poderiam ser muitas pessoas dos lugares onde vivo e por onde passei, e sobre como suas vidas são atravessadas pela História que insiste em permanecer entre nós. Não vejo objetivo prático no que escrevo”, observa.
O escritor atesta que a escrita brasileira está mais próxima do leitor. “A literatura contemporânea se tornou mais interessante quando se voltou para nossas origens e apresenta de inúmeras maneiras a nossa diversidade étnica e cultural à luz da História. Acredito que a literatura nacional vive um momento muito bom”, conclui.
Serviço:
Letra em Cena Especial: Itamar Vieira Jr.
Leitura de textos: Soraya Martins
Data: 9 de abril, terça-feira
Horário: 19h
Local: Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas
Classificação: livre
Inscrições: gratuitas no site da Sympla.