Belo Horizonte precisa agir logo para incluir e oferecer melhores condições aos idosos.
Com 125 anos de história e uma população de mais de 2,3 milhões de pessoas segundo o IBGE, Belo Horizonte tem hoje aproximadamente 300 mil idosos, representando 14,7% da população total. Desses, 60% são mulheres e 40% são homens.
Belo Horizonte envelhece junto com sua população e ao mesmo tempo precisa elaborar políticas públicas que atendam as necessidades de um público específico que precisa de atenção, inclusão e ações que ajudem a melhorar a qualidade de vida dessas pessoas que, embora idosos, têm muito a contribuir para a cidade. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), até 2100, 40,3% da população brasileira será composta por idosos.
Dito isso, cada vez mais a participação dessa parte da população se torna mais forte e representativa para a economia do país. Logo, o conhecimento sobre o comportamento e hábitos desse grupo de consumidores é uma importante ferramenta para disponibilizar a eles melhor atendimento, produtos e serviços direcionados de acordo com suas necessidades.
Uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos Econômicos e de Inteligência & Pesquisa da Fecomércio MG com cidadãos de todas as regiões da capital mineira com mais de 60 anos de idade, aponta o comportamento, hábitos e trabalho dessas pessoas assim como as necessidades e anseios por inclusão e ações que atendam a este público. Ao investir nos idosos, Belo Horizonte está investindo no seu futuro.
O levantamento abordou pessoas de todas as regiões da capital e mostra que 26,12% das pessoas pesquisadas possuem ensino médio completo, 25,87% têm ensino fundamental incompleto, 15,92% têm ensino médio incompleto, 14,68 tem ensino fundamental completo e 5,47% têm ensino superior completo. 68,2% são aposentados ou pensionistas. Dessas, 79,9% não trabalham.
Renda Familiar
Renda familiar com uma pessoa.
Dos idosos entrevistados,16,9% têm em sua residência apenas uma renda. Desses, a renda aproximada que mais se destaca é de R$1.320 a R$2.640,00 com 29,4%.
Renda familiar com duas pessoas
35,1% dos entrevistados disseram que a renda familiar é composta por duas pessoas e somadas, a renda aproximada é de R$2.640,00 a R$3.960,00.
Renda familiar com três pessoas
25,6% dos entrevistados disseram que a renda familiar é composta por três pessoas e somadas, a renda aproximada é de R$3.960,00 a R$5.280,00.
Renda familiar com quatro pessoas
15,2% dos entrevistados disseram que a renda familiar é composta por quatro pessoas e somadas, a renda aproximada é de R$3.960,00 a R$5.280,00.
Atividades Laborais
Aposentados e Pensionistas
No campo profissional, 68,2% se encontram aposentados ou são pensionistas, sendo que 20,1% ainda se mantém ativos trabalhando. Dos 31,8% que não são aposentados, 72,7% trabalham e 27,3% estão desempregados. Entre os que trabalham, a maioria (53,4%) o faz por conta-própria e 29,1% são assalariados com carteira.
Para os que não trabalham, foi perguntado se gostariam de se requalificar com o intuito de voltar à atividade profissional e apenas 6,3% apontaram interesse. Desses, 70,6% disseram que gostariam de retornar à antiga profissão e a justificativa dada pela maioria foi que a busca seria para se manter ativo(a). Já o interesse por cursos e qualificações que não a fim de trabalho são do interesse de 11,2% e cursos como gastronomia, introdução à tecnologia, os do ramo da beleza e saúde, foram os mais mencionados.
Não são aposentados e pensionistas
Dos 31,8% que não são aposentados e pensionistas, 72,7% estão trabalhando atualmente. 48,4% trabalham por conta própria e 39,8% são assalariados com carteira. Os idosos que não se aposentaram e não são pensionistas, 34,3% não desejam voltar ao mercado de trabalho, 34,3% alegam motivos de doença e 22,9% alegam não conseguir recolocação no mercado de trabalho.
Dos idosos que buscam estar ativos no mercado de trabalho, 82,4% buscam trabalho presencial, 11,8% estão em busca de trabalhos remotos onde possam trabalhar e apenas 5,9% buscam oportunidades de trabalho para atuar de forma híbrida, alternando e conciliando suas atividades de lazer e laborais.
Para os idosos que tem vontade de retornar ao mercado de trabalho, 64,7% procuram se manter ativos, 17,6% precisam complementar a renda e 11,8% têm interesse pessoal em retornar ao mercado de trabalho.
Atualizações profissionais ou pessoais
11,2% dos entrevistados gostariam ou pretendem fazer cursos de qualificação. Desses, 23,9% têm interesse em cursos na área gastronômica, 19,6% se interessam em estar atentos às atividades de tecnologia, 15,2% estão interessados em cursos na área de Beleza e 10,9% na área da saúde.
Comportamento do idoso consumidor
Reforçando os resultados de procura frequente por lojas como supermercados, lojas de rua e feiras como os itens mais presentes nas listas de compras são os produtos alimentícios, roupas e calçados, remédios e itens de higiene pessoal. Mais da metade deste público (63,7%) não encontra dificuldades para compras em lojas físicas. Já 14,9% encontram dificuldade de locomoção, 8,7% reclamam da falta de vagas e acesso aos estacionamentos e outros 7,2% sentem falta de atendimento especializado.
Ao mesmo no momento em que o PIX vem ganhando notoriedade na utilização pelas pessoas em todo o Brasil, o público idoso ainda o pagamento em dinheiro como formas de pagamento, sendo utilizado preferencialmente por 43,8% da população idosa em Belo Horizonte, 22,9% utilizam cartão de débito, 15,2% cartão de crédito à vista e 13,4% cartão de crédito parcelado. O PIX aparece com apenas 4,2% na preferência de pagamento dos idosos. Este comportamento demonstra que o idoso em Belo Horizonte é um bom pagador.
Consumo em lojas físicas
A pesquisa revelou que os idosos tem costume em consumir produtos alimentícios (74,6), seguido de roupas e calçados (32,8%), remédios (31,1%) e itens de higiene pessoal (19,7%).
As compras on-line não fazem parte da vida de 80,8% das pessoas com mais de 60 anos residentes em Belo Horizonte. Apenas 5,7% sempre utilizam a internet para fazer compras. Entre os idosos que já realizam compras on-line, mais da metade (53,3%) pedem ajuda a terceiros, 41,3% compram sozinhos e 5,3% compram sozinho, mas ainda tem algum tipo de dificuldade em algumas situações.
Compras on-line ainda não são interessantes para idosos. Comportamento:
As compras on-line ainda não caíram no gosto desse público, tendo apenas 16,8% já feito compras pela internet e, somente 10,9% possui uma frequência considerável desse tipo de hábito que, quando o fazem, buscam por eletroeletrônicos, roupas e calçados, Uber, remédios e produtos alimentícios. Apesar de se arriscarem nessa onda tecnológica, 53,3% desses necessitam de ajuda para ir até o fim e adquirirem seus produtos e serviços.
Muitos fatores podem estar associados à baixa adesão dos hábitos mais atuais de pagamentos e compras. A falta de confiança na tecnologia por desconhecimento pode ser um deles, em que mesmo com acesso a smartphones ou outros dispositivos tecnológicos, a dinâmica por trás das telas não lhes convence e, por vezes, além do estranhamento, o medo de golpes é uma realidade. E, considerando as prioridades de compras vistas na pesquisa, o valor do dinheiro lhes é algo bem estabelecido e, pôr em risco suas cédulas não é algo a ser considerado pela maioria.
Os eletroeletrônicos se destacam, representando 54,7% das compras on-line, roupas e calçados somam 36% das vendas, serviços de mobilidade como transporte por aplicativos são 22,7%, remédios 21,3% e produtos alimentícios com 18,7%.
Entre os idosos, 38,7% preferem efetuar suas compras em lojas físicas, enquanto 34,7% alternam suas compras entre lojas físicas e compras pela internet e 26,7% preferem fazer suas compras de forma online, alegando como o principal motivo, a oportunidade de comparar preços e escolher o mais barato (77,3%), o conforto de ficar em casa (29,3%) e a variedade (28,0%).
Para este público, as compras on-line são ferramentas que facilitam o dia a dia. Os idosos alegam como muito importante alguns quesitos como: a confiança e a segurança desses meios digitais (89,3%); o valor dos preços dos produtos (84%) e o frete grátis (66,7%)
Comportamento do idoso para atividades de lazer
A pesquisa também demonstra o comportamento desses cidadãos que procuram na maioria das vezes se manter ativos na sociedade. As atividades preferidas mais realizadas com a frequência de uma única vez por semana pelos idosos, 74,5% buscam fazer passeios, 19,1% procuram realizar atividades físicas, 11,7% buscam a religiosidade.
Das atividades com a frequência de 2 a 4 vezes por semana, 57,4% dos idosos procuram fazer atividades físicas, 40,7% buscam por passeios e 25,9% preferem assistir Tv ou ouvir músicas.
Como atividades rotineiras, com a frequência de 5 a 7 dias da semana, 73,3% dos idosos preferem assistir TV ou ouvir músicas, seguidos de 31,1% que optam por passear e 18,9% preferem fazer atividades físicas.
Estas atividades preferidas podem ser explicadas por uma combinação de fatores sociais, psicológicos e físicos que influenciam as escolhas e preferências dessa faixa etária. Aqui estão algumas razões possíveis:
Necessidade de Socialização e Interação Social: À medida que as pessoas envelhecem, a interação social muitas vezes se torna mais importante. Passear e viajar oferecem oportunidades para interagir com amigos, familiares e outras pessoas, o que ajuda a combater a solidão e o isolamento social.
Entretenimento e Relaxamento: Assistir TV e ouvir música são atividades de entretenimento que podem proporcionar relaxamento e prazer. Elas oferecem uma maneira de se desconectar das preocupações cotidianas e desfrutar de momentos de lazer.
Manutenção da Saúde Mental: Atividades como ouvir música e assistir a programas de TV podem ser formas de estímulo mental e emocional. Elas podem ajudar a manter a mente ativa e a proporcionar uma sensação de felicidade e bem-estar.
Atividades Físicas para a Saúde: Fazer atividades físicas é crucial para a saúde dos idosos. A prática regular de exercícios ajuda a manter a mobilidade, a força muscular, o equilíbrio e a flexibilidade, o que contribui para um envelhecimento saudável e uma melhor qualidade de vida.
Exploração e Novas Experiências: Viajar oferece a oportunidade de explorar novos lugares, culturas e experiências. Muitos idosos veem as viagens como uma maneira de continuar aprendendo e crescendo, mesmo na terceira idade.
Liberdade e Autonomia: Aposentadoria muitas vezes traz um senso renovado de liberdade e autonomia. Os idosos podem finalmente ter mais tempo para se dedicar a atividades que antes eram difíceis de conciliar com obrigações de trabalho e familiares.
Lazer
A pesquisa apurou a importância das atividades de lazer para os idosos onde, 80% dos entrevistados julgaram ser muito importantes para o seu cotidiano. 14,5% alegaram ter pouca importância e 2% alegaram que o lazer tem muito pouca importância.
Os idosos, em sua maioria, 73,3%, alegam não ter dificuldade para atividades de lazer. Alegam problemas com locomoção 10,5% e acesso ao lazer 6,3%.
Resumo
Poder sair de casa e estar em ambientes que proporcionam mais interações, seja em âmbito pessoal ou profissional, é natural do ser humano. Pelos hábitos e demandas observados, momentos de interação e aprendizado podem trazer grandes mudanças em vários aspectos como, por exemplo, um curso de introdução à tecnologia poderia gerar impacto na autonomia nas compras online, proporcionar mudanças nos hábitos de pagamento dessas pessoas, além de oferecer um espaço de promoção da saúde mental e bem-estar social – inclusiva devido ao contato humano que pode ser, opcionalmente, mais frequente.
O perfil traçado é para o momento atual e, apesar de outras pessoas com outras possibilidades e vivências entrarem nesse grupo nos próximos anos, devido à estimativa de vida estar cada vez mais alta, boa parte desse grupo estará aqui para vivenciar um tempo em que haverá mais inclusão e, consequentemente, mais ofertas de produtos e serviços que se encaixem a suas agendas/possibilidades.
É preciso um olhar mais empático e atencioso para este público, que apesar das ações e políticas públicas do município, temos uma população idosa que ainda não se sente inserida e adaptada às condições do dia a dia na cidade de Belo Horizonte.
Algumas ações que necessitam ser tomadas a este público incluem:
- Oferecer atividades culturais e de lazer inclusivas em horários vespertinos;
- Investir na acessibilidade e na melhoria do atendimento dessas pessoas nos espaços públicos e privados;
- Criar oportunidades de atividades socioeducativas para integração por meio de cursos como gastronomia, beleza, saúde, línguas e outros;
- Criar mais oportunidades de emprego;
- Implantar projetos de inclusão digital;
- Aprimorar o acesso à saúde, à educação e a informação;
- Criar cursos de requalificação para incentivo ao trabalho.
Sobre a Fecomércio MG
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais, é a maior representante do setor terciário no estado, atuando em prol de aproximadamente 750 mil empresas mineiras. Juntos com Sesc, Senac e Sindicatos Empresariais, a entidade integra a Confederação Nacional do Comércio (CNC), atuando junto às esferas pública e privada para defender os interesses do setor de Bens, Serviços e Turismo, a fim de requisitar melhores condições tributárias, celebrar convenções coletivas de trabalho, disponibilizar benefícios visando o desenvolvimento do comércio no estado e muito mais.