No dia 23 de abril, domingo, às 17h, o Grupo Maria Cutia estreia o espetáculo “Mundos”. Premiada companhia mineira – que já se apresentou em seis países -, agora leva ao palco do Grande Teatro do Sesc Palladium, uma viagem musical pela infância da Colômbia, Tonga, França, Benin e Holanda. Acompanhados por banda ao vivo, os atores cantam e propõem jogos com objetos e brinquedos, numa atmosfera de sonho e poesia. O espetáculo é dirigido por Eugênio Tadeu, que divide a direção musical com o Grupo Maria Cutia. Os ingressos para estreia estão à venda no Sympla ou na bilheteria do teatro a partir de R$15. Mais informações: @grupomariacutiadeteatro. Correalização: Sesc. Este projeto (CE 0116/2020) conta com patrocínio da MGS e é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
“O público vai assistir a um espetáculo mais intimista, plástico, praticamente sem fala, muito musical, leve e delicado. Uma interpretação bem livre”, adianta Leonardo Rocha. Segundo o ator, diferentemente de outros trabalhos da trupe, “é um espetáculo mais contemplativo”.
Em cena, brinquedos e objetos são ressignificados, assumindo funções diversas. Tangram, tecidos, tracatraca (escadinha de Jacó), pratos, copos e talheres viram brincadeira nas mãos dos atores. ” ‘Mundos’ tem uma linguagem bastante sonora e plástica. Queremos provocar imagens, sensações, estesia. A transformação dos elementos cênicos exige uma execução cênica precisa dos atores. Os movimentos dos corpos, a manipulação de objetos, a plasticidade em conjunto com as canções, trazem elementos que não são ilustrativos, mas contrapontísticos. O resultado é um espetáculo onírico e que pode tocar a imaginação, explica o diretor Eugênio Tadeu, que está com o Maria Cutia desde “Aquarela” (2022), em que participou como orientador artístico.
Referência na pesquisa de jogos e brincadeiras, o pesquisador e brincante Eugênio Tadeu (‘Duo Rodopião’ e ‘Serelepe’) possui um trabalho de catalogação de canções da infância de diferentes países, sobretudo da América Latina. Em encontros com os atores, a ideia foi expandir o repertório: “Le Berceuse Du Mono” (Benin), “Ana Latu” (Tonga – Oceania), “Berend Botje” (Holanda), “Inelê” (Indonésia), “Hiraita” (Japão), “Le Petit Ver de Terre” (França), “Cocorobé” (Colômbia) e “Canto do Mundo” (Brasil). A exceção da última música que é uma composição dos atores com o diretor, todas as outras são domínio público e do folclore de cada país.
“É algo novo o Maria Cutia cantando em outras línguas. Por mais que tente falar muito bem a pronúncia dos fonemas, acaba sendo incorporado ao nosso timbre e à nossa forma de falar, criando quase uma outra língua.”, revela a atriz Mariana Arruda. Para Leonardo Rocha, “Mundos” é um espetáculo universal. “Pode ser apresentado no Brasil ou na China que todos vão entender, porque as cenas não ‘abraçam’ a canção, são independentes, e isso confere à montagem uma característica não linear“. Ao longo da pesquisa, foram encontradas músicas que não possuíam sonoridades parecidas com as canções da infância brasileira. “Ao traduzir as canções, em muitas a gente até imagina pela própria letra o que pode ser o contexto da infância daquele país. Mas optamos, em cena, por dividir com o público a sensação das palavras, mais do que o sentido”, explica.
Acompanhados dos multi-instrumentistas Tinho Menezes e Felipe Fleury, que se revezam ao vivo no violão, escaleta, teclado, kulelê, percussão, flauta, cajón, trompete, os atores Dê Jota, Leonardo Rocha, Mariana Arruda e Hugo da Silva se propõem a um novo desafio. “Pela primeira vez na história do grupo não estamos tocando nenhum instrumento em cena. Por um lado, é uma libertação, por outro, um jogo de escuta com os músicos. As cenas são mais complexas, porque são marcadas em diálogo com as músicas, o que não dá muita margem para improvisos ou desencontros”, afirma Leonardo Rocha.
Além de diversos objetos, os atores também manipulam, em cena, uma grande caixa circular que funciona como cenário. “Foi pensada inicialmente para ser uma espécie de epicentro da cena, e a partir dela, nasceria toda a movimentação dos atores, os objetos, como se norteasse o percurso do espetáculo, como uma bússola. Durante o processo, chegamos à representação do mundo, algo como a imagem da Pangeia, os continentes juntos”, diz o ator Leonardo Rocha que assina a concepção do cenário. À medida que os atores a movimentam em cena, são revelados, em sua estrutura de madeira, desenhos e símbolos pintados à mão pelo artista pernambucano Rai Bento. “Um mapa meio místico, onírico, que mistura seres marinhos, caravelas, fases da lua, sol, navios, sereias, um mapa bem brincante”, conta Mariana Arruda.
Em “Mundos”, Rai assina as pinturas e também a direção de arte cenográfica e adereços. O desenho de luz, proposto por Richard Zaira e Pedro Paulino, contribui com a visualidade e a atmosfera onírica do espetáculo. Os figurinos do espetáculo, criados pelo parceiro Luiz Dias, reúnem em si recortes de peças típicas de várias partes do mundo. “É todo performático. As peças se transformam a cada nova canção: uma saia que vira vestido, uma calça que vira saia, um gorro que vira calça e vamos criando novas composições visuais. Luiz é muito rápido, escuta literalmente a mesma música que a gente”, conta Leonardo Rocha.
Parceria que vem de 2011 com o espetáculo “Como a gente Gosta” (dirigido por Eduardo Moreira), Babaya assume a direção e preparação vocal de mais um trabalho da trupe. Segundo Mariana Arruda, “Babaya não trabalha um canto bonito, mas um canto criativo que produz também outras sensações, como estranhamento, e não somente aquilo que a gente julga como sonoramente belo”, afirma.
Outra parceria nesta montagem é com a bailarina Eliatrice Gischewski, que assina o desenho de cena de uma das canções. “Tice é bailarina da companhia de dança, também esteve com a gente nos espetáculos Para Chicos e Engenho, e foi minha contemporânea de Cefart. Ela contribui com o movimento dos corpos na coreografia da canção francesa Le Petit Ver Terre”, contextualiza.
FICHA TÉCNICA
MUNDOS
Espetáculo cênico musical do Grupo Maria Cutia
Direção – Eugênio Tadeu
Em cena – Mariana Arruda, Leonardo Rocha, Hugo da Silva, Dê Jota Torres
Músicos Arranjadores – Tinho Menezes e Felipe Fleury
Direção Musical – Grupo Maria Cutia e Eugênio Tadeu
Direção e Preparação vocal – Babaya
Concepção cenográfica – Leonardo Rocha
Cenografia – Leonardo Rocha e Rai Bento
Pinturas, direção de arte cenográfica e adereços – Rai Bento
Figurinos – Luiz Dias
Coreografia (canção Le Petit Ver Terre) – Eliatrice Gischewski
Iluminação – Richard Zaira e Pedro Paulino – Cia Tecno
Coordenação de comunicação, imprensa e redes sociais – Rizoma Comunicação e Arte
Design – Cínthia Marques
Fotografia – Tati Motta
Vídeos – Ronaldo Jannotti
Coordenação de Produção – Luisa Monteiro
Assistente de Produção – Lucas Prado
GRUPO MARIA CUTIA DE TEATRO
Companhia de teatro que nasceu em Belo Horizonte, em 2006, e desde então busca espalhar teatro por praças e palcos, capitais e sertões, movido pela cumplicidade com o público e por uma poética popular, lúdica e musical. Tem como principais matrizes de investigação cênica o diálogo entre música e teatro, a linguagem do palhaço, da máscara expressiva e das tradições brincantes brasileiras. Os espetáculos do grupo são marcados pela trilha sonora executada ao vivo na cena e por um forte e sincero diálogo com o público.
Hoje o grupo tem 9 espetáculos ativos em seu repertório:
“Mundos” (que vai estrear em 2023) – espetáculo cênico musical com canções das infâncias dos 5 continentes com direção de Eugênio Tadeu.
“Aquarela” (2021) – show cênico com canções autorais sobre o universo da infância com direção coletiva e orientação artística de Eugênio Tadeu.
“Auto da Compadecida” (2019) – versão do consagrado texto de Ariano Suassuna com direção de Gabriel Villela;
“Engenho de Dentro” (2018) – solo premiado do ator Leonardo Rocha com direção de Eduardo Moreira e Antônio Rodrigues.
“ParaChicos” (2017) – show cênico com canções de Chico Buarque cantadas pela palhaça Begônia com direção de Lira Ribas.
“Ópera de Sabão” (2015) – melodrama radiofônico com dramaturgia original de Raysner de Paula, direção de Eduardo Moreira e trilha original do Maria Cutia.
“Francisco – Mariana Arruda canta Chico Buarque” (2015) – show cênico com direção de Lira Ribas.
“Como a Gente Gosta” (2011), comédia musical sobre o amor livremente inspirado na obra “Como Gostais” de William Shakespeare com direção de Eduardo Moreira e trilha original do Maria Cutia.
“Na Roda” (2006) – espetáculo brincante com direção coletiva.
Em 2011 o Grupo Maria Cutia inaugurou sua sede, a Toca da Cutia, em Belo Horizonte. Nesse espaço, além de escritório de produção e local de ensaios artísticos, a cia realiza oficina brincantes e cursos e treinamentos de Palhaçaria. Desde 2011, fazem a temporada de cursos de verão, com oficinas intensivas de curta duração e, desde 2018, o Maria Cutia desenvolve o CURSAÇO (curso de palhaçaria anual). Em 2023, fizeram o Palhaçatório – Laboratório de Palhaçaria do Maria Cutia que aconteceu em BH, Sete Lagoas e Itabirito.
O Grupo Maria Cutia já se apresentou em 6 países, 21 estados nacionais totalizando mais de 180 cidades brasileiras, para um público de mais de 500 mil espectadores em seus 17 anos de história.
Grupo Maria Cutia estreia “Mundos”
Direção: Eugênio Tadeu
23 de abril, domingo – 17h
Grande Teatro do Sesc Palladium
(Rua Rio de Janeiro, 1046 – Centro)
Ingressos a R$30 e R$15 – Sympla ou na bilheteria do teatro
Informações para o público: Instagram @grupomariacutiadeteatro