A 8ª edição da Modernos Eternos conta com o apoio do Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, e do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), levando a mostra para o futuro xCentro do Patrimônio Cultural Cemig, o “Prédio Verde”, inserido no Circuito Liberdade. O encontro anual, voltado para arquitetura, arte, cultura, design, decoração, história e gastronomia, promoverá diálogos com as atividades desenvolvidas pelo Iepha-MG, potencializando ainda mais os atrativos culturais e turísticos da Praça da Liberdade. O evento tem o patrocínio da Gerdau, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais.
Pela primeira vez o edifício sede do Iepha, o Prédio Verde, integrante do Circuito Liberdade, vai abrigar a mostra Modernos Eternos. O edifício faz parte da história da fundação da cidade de Belo Horizonte, o que estabelecerá de imediato a oportunidade de se promover um elo entre a arquitetura do início da capital com os seus movimentos mais recentes. A Praça da Liberdade abriga diferentes estilos – do eclético ao pós-moderno -, o que estimula a refletir sobre os caminhos da arquitetura, da arte e da cultura, entre a tradição, o moderno e o contemporâneo, tendo o Circuito Liberdade como inspiração e referência.
A Modernos Eternos acontecerá entre 20 de junho a 9 de julho, contemplando, assim, diferentes vertentes, do vintage ao contemporâneo. A programação reunirá 36 profissionais de renome para assinarem mais de 30 ambientes, com as últimas tendências do setor. Haverá também mini-talks com temas que valorizam a cultura, história, moda, arte, além de apresentações musicais diárias com curadoria da Music Produções e apresentação de ações técnicas por servidores do Iepha-MG. Pelo sexto ano consecutivo, o chef Leonardo Paixão é o responsável pela gastronomia do evento, no Restaurante – assinado pelo escritório Sito Arquitetura – e no Bar – com projeto de Ana Machado e Paula Sallum.
Neste ano, a tradicional Ação Street, terá parceria com o Projeto Bamboo – ação social de oficinas de capacitação em técnicas de construção de móveis a partir de bambu para regiões periféricas – e apresentará peças desenhadas por 10 profissionais de destaque, confeccionadas em bambu e aço, que serão expostas no MM Gerdau. Também no museu estará em cartaz a exposição “Minas, Paisagem Revelada”, com obras de arte selecionadas, composta de acervo de três colecionadores, que foram agrupadas pelo tema da paisagem, seja ela Urbana ou natural. O conjunto de obras é representado pelos artistas Aníbal Matos, Nazareno Altavilla, Luiz Signorelli, Genesco Murta, Aristides Agretti, Funchal Garcia, entre outros.
“Estamos muito felizes em ressignificar mais um espaço icônico de Belo Horizonte, e, bem no conceito da Modernos Eternos: combinar o que há de mais contemporâneo na Arte, Design e Arquitetura com muita história e tradição. A Praça da Liberdade data da construção da capital, e hoje é um símbolo máximo da cidade e ponto de convergência de vários dos principais equipamentos culturais do estado, com programação regular de artes, escola de design, feiras e outros eventos. Então, nada mais adequado que receber também a Modernos Eternos”, destaca a realizadora da mostra, Josette Davis.
A programação oficial das ações culturais e as atrações artísticas da mostra Modernos Eternos 2023 será divulgada no começo de junho.
Praça da Liberdade – História em forma de Arquitetura
A Praça da Liberdade foi planejada em uma esplanada artificial para abrigar o poder mineiro e suas secretarias. Desde sua fundação, foi ganhando novos edifícios e elementos com características de estilos diferentes, e que resumem bem a história arquitetônica de BH. Os primeiros prédios, de 1897, Palácio da Liberdade, Secretaria de Educação (atual Museu das Minas e do Metal Gerdau), Secretaria da Fazenda (atual Memorial Minas Gerais Vale) e Secretaria da Agricultura (atual sede do Iepha-MG) foram assinados pelo arquiteto José de Magalhães, seguindo o ecletismo, uma tendência forte na Europa da época, em especial na França. Esse estilo também foi a inspiração do arquiteto Luiz Signorelli para a Secretaria de Interior e Justiça (atual Centro Cultural do Banco do Brasil), que foi inaugurada apenas em 1930, construída em harmonia com o conjunto original.
Desde a concepção, os projetos de Belo Horizonte e da Praça da Liberdade vieram cheios de semânticas republicanas, urbanas e de independência. Com a República recém-proclamada no Brasil, apenas oito anos antes da fundação de BH, o objetivo era criar uma nova capital mineira com os ares mais contemporâneos à época, e que se afastasse da estética colonial portuguesa, muito presente na antiga capital, Ouro Preto. A imponência dos edifícios foi um pressuposto, assim como o paisagismo bem apurado e de gosto europeu, e o traçado urbano que fizesse a praça como um grande jardim do governo, aberto para as pessoas passarem e se impressionarem.
Até mesmo a Igreja Católica, tão influente no Brasil colonial e imperial, foi deixada de fora neste primeiro momento, simbolicamente relegada a um espaço mais baixo da cidade com a Catedral da Boa Viagem. Foi só em 1937 que a instituição conquistou seu espaço na Praça da Liberdade – simbolicamente à direita da sede do Governo – com o Palácio Cristo Rei, um prédio assinado por Rafaello Berti em arquitetura Art Déco, estilo que sucedeu o ecletismo, e dominou as construções da capital mineira nas décadas de 30 e 40, com representantes como a Prefeitura de Belo Horizonte e o Cine Theatro Brasil.
Em uma praça que marca a passagem do tempo na forma de arquitetura, coube aos arquitetos Éolo Maia e Sylvio de Podestá que foram responsáveis pelo Centro de Apoio Turístico Tancredo Neves, construído em estilo pós-modernista com características lúdicas que referenciam a história da praça e de Minas Gerais, bem como os produtos e a indústria do estado. A estética, porém, não agradou à população, que logo apelidou o edifício de Rainha da Sucata – em alusão à célebre novela homônima.
Desde então, a Praça da Liberdade é um dos redutos de cultura mais efervescentes de Belo Horizonte e recebe, em cada equipamento, uma programação artística diversa. De grandes espetáculos e exposições, a apresentações musicais, eventos e seminários, em qualquer que seja o dia, a história e a cultura têm vez e têm público. Em 2023, o espaço ficará ainda mais rico com a 8ª edição da mostra Modernos Eternos BH, que traz o melhor da arquitetura, design, arte e decoração da atualidade, além dos eventos e atividades paralelas de cultura, moda, história, gastronomia e entretenimento.
É a vez da Modernos Eternos registrar sua história no presente nesta Praça da Liberdade tão rica de simbolismo.
Prédio Verde
Localizado na esquina da Rua Gonçalves Dias com a Praça da Liberdade, o “Prédio Verde” que sedia o Iepha-MG, integra o Conjunto Arquitetônico da Praça da Liberdade. Construída em quatro pavimentos além de subsolo, ocupa mais de 9 mil m², foi projetado pelo arquiteto José de Magalhães.